São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

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Estados acirram disputa por royalties do petróleo

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa dos Estados pelos lucros da exploração do pré-sal se acirrou ontem em evento do PAC no Itamaraty. Ao discursar, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) ignorou o tema do evento e declarou guerra federativa na partilha dos royalties do petróleo.
Ele cobrou do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), visão nacional e igualitária. Do palco, Campos apontou o dedo para Cabral, sentado a sua frente, e disse que o Nordeste não aceita ser excluído da distribuição dos recursos.
"Devemos colocar a arte da política a serviço de um largo entendimento que seja bom para o país, que respeite a beleza e o carinho que o povo brasileiro tem pelo Rio de Janeiro.
Proponho que possamos nos entender no Congresso, mas até lá é luta, camarada", disse o governador pernambucano.
Depois do evento, Campos seguiu nas críticas a Rio, São Paulo e Espírito Santo por não quererem ceder na partilha dos royalties. Disse que, se for preciso, o Nordeste voltará a fazer política regional e ganhará a briga no voto no Congresso.
"Se for no cabo de aço, não tenho dúvida, nós vamos ganhar. Se for a velha regra do regionalismo, vamos ganhar na Câmara e no Senado", disse Campos.
Ele afirmou que no dia 10 será realizada reunião de governadores do Nordeste, em Fortaleza, quando todos se unirão pela defesa da divisão igualitária.
Campos chegou a questionar se os brasileiros que vivem no Rio são melhores do que os que vivem no Nordeste.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), engrossou o coro. Disse que Rio, São Paulo e Espírito Santo são 3 Estados contra 24 e que a mudança do sistema de distribuição dos royalties não será questão de partidos ou de oposição e governo, mas de interesse dos Estados.

Oportunidade rara
O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), defendeu ontem que "parcela expressiva" dos royalties do pré-sal seja investida em todos os Estados.
Afirmou ainda não ter nenhuma "crítica aguda" a fazer ao projeto apresentado ao Congresso pelo governo Lula. Aécio disse que o pré-sal é uma "oportunidade raríssima" para o Brasil enfrentar problemas crônicos, como na saúde e na educação.
Disse que essa discussão sobre a divisão dos royalties precisa ser feita com "extrema generosidade para com o Brasil" e que já conversou com os coordenadores da bancada de Minas no Congresso, inclusive do PT, para que seja buscado "entendimento" com RJ, SP e ES.


Colaborou PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte.


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