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Capitalização deve beneficiar fundos estrangeiros
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O pequeno investidor deverá
ser o mais prejudicado na operação de aumento de capital
que a Petrobras prepara. A tendência é que, com menos fôlego
financeiro para comprar as novas ações, eles tenham sua fatia
na empresa diminuída, dando
mais espaço para a União e os
investidores estrangeiros.
É o que preveem analistas de
mercado. Com a oferta, todos
os acionistas terão direito de
comprar ações para manter a
participação. Quem não o fizer
encolherá na empresa -e passa
a receber menos dividendos.
O governo já demonstrou, diversas vezes, desconforto com a
presença maciça de estrangeiros no capital da Petrobras.
A oferta de ações que a Petrobras fará, em data ainda não definida, visa a obtenção de dinheiro para a empresa pagar ao
governo pelas reservas que receberá da União no pré-sal.
"Dependendo do valor a ser
atingido, o pequeno investidor
brasileiro não terá recursos para comprar as ações. A tendência é que os estrangeiros entrem com mais força na oferta",
diz Lucas Brendler, analista do
banco Geração Futuro.
Se a cessão da União chegar
ao limite de 5 bilhões de barris,
a um preço estimado de US$ 5,
a oferta poderá superar os R$
150 bilhões, dos quais um terço
será do governo.
Hoje os estrangeiros têm
37% do capital da Petrobras. Os
brasileiros, pessoa física e jurídica -excluído o fundo de pensão do BB-, chegam a 19,7%.
Reservas certas
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, afirmou
que "não há risco de volume"
na cessão de reservas que a
União fará em favor da empresa, de até 5 bilhões de barris.
"Se, depois de alguns anos, se
comprovar que as áreas concedidas não chegam a 5 bilhões de
reservas de óleo recuperável, a
União vai procurar outras reservas para ceder até completar
o valor", disse. Por outro lado,
se ficar comprovado que as
áreas cedidas têm mais de 5 bilhões de barris, as reservas excedentes serão devolvidas ou a
Petrobras pagará a diferença.
Gabrielli não vê risco de a
operação de capitalização e cessão de direitos das reservas ser
contestada por suposta infração à Lei das Sociedades Anônimas. Especialistas advertem
que o fato de envolver partes
relacionadas - União e empresa, controladora e controlada-
configura conflito de interesse.
"São duas operações distintas: a cessão de direitos e a capitalização. A cessão é uma operação comercial, e nessas operações minoritários não decidem. Na capitalização, todos os
minoritários terão o direito de
comprar as mesmas ações que
serão ofertadas à União."
Fabricantes de máquinas
A Petrobras fez ontem a primeira reunião com o setor de
bens de capital para dar início
às negociações sobre o conteúdo nacional nos projetos para
exploração do pré-sal.
Segundo José Velloso, primeiro vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da
Industria de Máquinas e Equipamentos), a Petrobrás apresentou os planos de exploração
do pré-sal e fez um alerta sobre
o tamanho do desafio à indústria de bens de capital.
A estatal informou que pretende elevar a produção de petróleo dos atuais 1,9 milhão para 3,8 milhões de barris por dia
até 2020, um esforço que exigirá equipamentos novos capazes de viabilizar o desenvolvimento dos campos. A conversa
não evoluiu, segundo Velloso,
para os índices de conteúdo nacional a serem estabelecidos.
"Isso ainda não sabemos. A
Petrobras nos informou que isso ainda não está definido, mas,
pelo que deu para observar, estamos sendo avisados sobre a
mobilização que precisamos fazer para participar desse esforço industrial", afirmou.
A expectativa da indústria é
contar com financiamento para aumentar sua participação
no desenvolvimento do pré-sal.
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