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Novo governo terá volume recorde de contas pendentes
Vencedor do 2º turno ficará com capacidade de investir reduzida em ao menos R$ 10 bi
Valor pendente é o maior dos últimos seis anos e corresponde a mais da metade dos investimentos previstos para o Orçamento
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Qualquer que seja ele, o vencedor do segundo turno das
eleições ao Planalto vai ver a capacidade de o governo federal
investir em 2007 gravemente
comprometida por um volume
recorde de contas pendentes.
Em janeiro, haverá pelo menos
R$ 10 bilhões de despesas ainda
não pagas, concentrada principalmente em duas áreas: transportes e saúde.
Esse valor corresponde a
57% dos investimentos previstos para 2007, de acordo com o
projeto de lei orçamentária encaminhado pelo governo ao
Congresso em agosto. Equivale,
ainda, a mais do que o dobro
dos gastos planejados na recuperação ou na construção de
rodovias -isoladamente o investimento federal que consome o maior volume de dinheiro
do Orçamento.
Os compromissos já assumidos e que terão de ser honrados
com dinheiro dos impostos a
serem recolhidos em 2007 aparecem no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento
de gastos federais).
Na véspera do primeiro turno das eleições, o governo havia
dado o primeiro passo (chamado de empenho) em R$ 11,4 bilhões de gastos em investimentos, dos quais apenas R$ 2,2 bilhões haviam sido pagos até o
final de setembro. Os números
superam de longe o ritmo de investimento registrado nos últimos anos.
Além dos R$ 9,2 bilhões de
investimentos comprometidos
desde janeiro e ainda não pagos, o governo também acumulava, na véspera do primeiro
turno das eleições, mais R$ 6,8
bilhões de despesas de investimentos autorizadas em anos
anteriores e ainda não quitadas. No total, até o final de setembro, havia cerca de R$ 16 bilhões de contas pendentes de
investimentos, mostra pesquisa feita pela organização não-governamental Contas Abertas, a pedido da Folha.
Desse total, não mais do que
R$ 6 bilhões poderão ser
honrados até o término do
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, segundo o
limite de gastos fixado pelo Tesouro Nacional.
Cortes
Antes do mais recente corte
de gastos determinado pelo governo na semana anterior à
eleição, no valor de R$ 1,6 bilhão, o limite de gastos em investimentos da União fixado
por decreto presidencial era de
R$ 14,7 bilhões. Parte dele (R$
8,4 bilhões) já foi gasta.
A Secretaria do Tesouro Nacional informou que não havia
fixado quanto do corte extra recairia sobre os investimentos.
Mas o governo disporá apenas
de algo entre R$ 4,7 bilhões e
R$ 6 bilhões para pagar despesas de investimentos nos três
últimos meses do ano sem prejudicar a meta de superávit primário (diferença entre receita e
despesa destinada ao pagamento de juros da dívida).
Ou seja, parte -de pelo menos R$ 10 bilhões- dos investimentos já autorizados terá de
ser honrada apenas em 2007.
Em comparação com os valores
registrados no mesmo período
dos últimos seis anos, trata-se
de um recorde.
Em meados do ano, o TCU
(Tribunal de Contas da União)
já havia considerado "preocupante" o acúmulo de despesas
não pagas. Desde então, o governo acelerou o ritmo de pagamentos, mas também o de novos compromissos de gastos.
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