São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Bolsa mantém alta embalada pelo 2º turno

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A definição de que haverá segundo turno para a eleição presidencial fez com que o mercado financeiro desse continuidade ao ritmo positivo da semana passada: a Bovespa alcançou alta de 1,67%; o dólar recuou 0,55%, a R$ 2,159.
Na avaliação de analistas do mercado financeiro, a ascensão do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) foi encarada positivamente. Alckmin teria maior facilidade para aprovar reformas no Congresso, se for eleito, devido às cadeiras conquistadas pela coligação que o apoia, tendo à frente o PSDB e o PFL.
Foi exatamente a preocupação com a governabilidade, a partir de 2007, que passou a incomodar de forma mais persistente o mercado, especialmente após a eclosão do escândalo do dossiê encomendado contra os tucanos -que afetou ainda mais a imagem do governo.
"O mercado viu com bons olhos o segundo turno nas eleições majoritárias, com forte alta na Bovespa e queda nos futuros de juros e câmbio", afirma Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica.
Na semana passada, a Bolsa já havia conseguido importante valorização de 4,74%.
No melhor momento do pregão de ontem, o Ibovespa registrou alta de 2,38%. Mas o fraco desempenho do mercado acionário norte-americano tirou um pouco de fôlego da Bolsa paulista.
A Bolsa eletrônica Nasdaq terminou com queda de 0,92%; o índice Dow Jones caiu 0,07%.
"Mas a semana ainda reserva um grande número de dados macroeconômicos aqui e nos EUA, além das pesquisas de intenção de voto para o segundo turno e o desenrolar das denúncias do "dossiê gate", os quais deixam o cenário não tão azul como o de hoje [ontem]", completa Vieira.
O risco-país brasileiro caiu 0,86%, a 231 pontos.
Para a Bovespa, a recuperação de capital externo nos últimos dias de setembro é uma notícia importante. No dia 28, último dado disponível, o saldo dos estrangeiros estava positivo em R$ 107,63 milhões. Entre maio e agosto, a Bolsa sofreu com a saída de capital externo.

Taxas menores
Os juros futuros terminaram em baixa na BM&F. A drástica redução feita pelo mercado em sua projeção para o IPCA neste ano foi fundamental para derrubar as taxas de juros ontem.
Como o IPCA é o indicador utilizado pelo governo para monitorar a sua meta de inflação, quanto menor o indicador de preços maiores são as probabilidades de os juros básicos serem cortados.
No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence daqui a um ano a taxa caiu de 13,57% para 13,46%. Para o contrato com resgate daqui a dois anos, a taxa foi de 13,81% para 13,64% ontem na BM&F.
Segundo a pesquisa semanal que o Banco Central realiza com as instituições financeiras, a projeção para o IPCA em 2006 recuou para 2,98%. No levantamento apresentado há um mês, o mercado previa que o IPCA ficaria em 3,63% no acumulado do ano.
"O segundo turno acabou sendo bem recebido pelo mercado financeiro, com a conscientização de que o risco, na realidade, é positivo. Ou ganha Lula, que era a hipótese já precificada, ou ganha Alckmin, que terá mais condições de aplicar um choque de gestão", afirma o economista Marcelo Voss, da corretora Liquidez.


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