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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Iedi reúne pesos pesados para discutir crise
Preocupados com o agravamento da crise financeira, os
empresários do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) vão reunir
na próxima segunda em São
Paulo um grupo de pesos pesados de economistas com o objetivo de discutir alternativas para enfrentar a turbulência.
Trata-se da primeira reunião
de empresários para debater a
crise. Nos últimos dias, os empresários se assustaram com a
intensidade da turbulência.
A lista de convidados é grande -nem todos confirmaram
presença ainda- e tem nomes
como os de Armínio Fraga, Luciano Coutinho, Delfim Netto,
Luiz Carlos Bresser-Pereira,
Sérgio Werlang, Persio Arida,
Paulo Rabello de Castro, Yoshiaki Nakano, Luiz Gonzaga
Belluzzo e Raphael de Almeida
Magalhães. Também foram
convidados os 45 conselheiros
do Iedi.
O empresário Josué Gomes
da Silva, presidente do Iedi e da
Coteminas, afirma que o objetivo do encontro é tentar extrair
algumas conclusões sobre a intensidade da crise e o seu impacto nos países emergentes,
em especial no Brasil.
Segundo Josué Gomes da Silva, o Brasil está em uma situação muito melhor do que em
outras crises do passado e tem
condições de ser o menos atingido possível dependendo das
medidas que forem tomadas.
"Nós não podemos deixar
que a crise acabe nos atropelando", diz Josué. "O Brasil tem
condições de sair menos machucado nesta crise."
O empresário afirma que notou uma elevação dos juros cobrados pelos bancos nos últimos dias porque as aplicações
da Coteminas em títulos de
renda fixa também passaram a
render mais.
O economista Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, professor
da Unicamp e consultor do Iedi, diz que o Brasil tem instrumentos para evitar um contágio mais forte da crise, mas precisa utilizá-los.
Ontem, por exemplo, ele
acha que o Banco Central deveria ter intervindo no mercado
de câmbio vendendo dólares
para evitar a forte alta da moeda americana. O dólar subiu
ontem 5,9%.
Segundo o economista, assim
como o empresário reclamou
da desvalorização excessiva do
dólar, o movimento contrário
também preocupa, principalmente na velocidade que ocorre agora. O risco é essa valorização causar pressão inflacionária e levar o Banco Central a ter
de subir ainda mais os juros.
"O Banco Central tem de intervir no mercado para evitar
essas oscilações bruscas do
câmbio", diz o economista.
Apex traz presidentes de empresas americanas ao Brasil
Em meio à crise internacional, presidentes de empresas
do Brasil e dos Estados Unidos
se reúnem no dia 10, em São
Paulo, na terceira edição do Fórum de CEOs Brasil-EUA, organizado pela Apex (Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Participam do encontro os
presidentes das empresas Votorantim, banco Safra, Gerdau,
Camargo Corrêa, Odebrecht,
Embraer e Vale, entre outras
companhias. Os executivos
americanos são Alain Belda
(Alcoa), Gregory Page (Cargill),
Craig Barrett (Intel), Neville Isdell (Coca-Cola), Bill Rhodes
(Citi), Tim Solso (Cummins),
Greg Brown (Motorola), David
Speer (Illinois Tool Work),
John Faraci (International Paper) e Richard Wagoner (GM).
Alessandro Teixeira, presidente da Apex, afirma que,
mesmo com a instabilidade na
economia, os Estados Unidos
não devem deixar de ser o principal parceiro do Brasil. Para
Teixeira, com os preços mais
baixos e a menor concorrência,
as companhias brasileiras podem aproveitar o momento para estudar a viabilidade de entrar no mercado americano.
"É mais barato comprar empresas dos EUA agora, dada a
situação econômica, do que em
uma época em que a economia
americana estava crescendo."
Para Teixeira, as discussões
não serão apenas sobre o curto
prazo, mas também serão discutidos projetos de longo prazo, como a possibilidade de as
empresas dos EUA investirem
em infra-estrutura no Brasil.
Teixeira diz que o crescimento do Brasil também pode ser
visto como uma alternativa para as empresas americanas que
tiverem prejuízo nos EUA.
PASSO A PASSO
Com a diminuição no
consumo de calçados na
Europa e nos Estados
Unidos, as exportações
dos produtos chineses e
de outros países asiáticos
para o Brasil ficarão mais
agressivas, diz Francisco
Santos, presidente do grupo Couromoda, que organiza feira internacional de
calçados e artigos de couro. "O produto chinês tem
cada vez mais qualidade e
eles conseguem praticar
preços que nos preocupam", afirma Santos. De
acordo com o empresário,
o Vietnã também começou a intensificar as vendas de calçados. Em agosto, o Brasil importou US$
28 milhões de sapatos da
Ásia -no mesmo mês do
ano passado, o valor era
de US$ 21 milhões.
INTELIGENTE
João Armentano, arquiteto, (à esq.) e Rosaldo Malucelli, sócio da Senpar, que lançaram no loteamento Terras de São José 2, em Itu, uma das primeiras casas 100% automatizadas do país, da jardinagem à segurança, em parceria com a Troiano's; 50% dos lotes estão vendidos, o que alivia a preocupação de Malucelli com efeitos da crise
ENQUANTO ISSO
Mesmo com a apertada
agenda por conta da crise, o
Senado americano aprovou
ontem, por unanimidade, a
renovação do SGP (Sistema
Geral de Preferências), que
dá isenção tarifária a países
em desenvolvimento, por
mais um ano. Com a aprovação, apesar da crise, os Estados Unidos abrem mão de
receita para 2009. A medida,
segundo Eduardo Imperatriz Fonseca, gerente de relações governamentais da
Amcham (Câmara Americana de Comércio), foi mais
política do que econômica.
"No meu ponto de vista, foi
extremamente político, para
liberar a pauta."
CALCULADORA
Em 2007 o Brasil exportou US$ 3,4 bilhões por meio
do SGP aos Estados Unidos,
o que corresponde a 13% do
total exportado pelo Brasil
ao país no ano passado. O
montante corresponde a
US$ 137,5 milhões em impostos. Em 2008, até o mês
de julho, o Brasil exportou
US$ 1,6 bilhão via SGP -o
valor é US$ 200 milhões
maior do que no mesmo período de 2007.
BAGAGEM
Ao longo deste ano, a Amcham realizou cinco missões
empresariais para defender
o SGP, que dá isenção tarifária a 4.650 produtos provenientes de 131 países em desenvolvimento. A visita mais
recente a Washington foi no
início de setembro. Ao todo,
foram mais de cem reuniões
com parlamentares e assessores do Congresso americano. Os setores brasileiros
mais beneficiados pelo sistema são maquinário e equipamento elétrico e mecânico, madeira, autopeças, pedras, alumínio, cobre, cacau
e químicos inorgânicos.
EM CAMPANHA
A Embratel anuncia hoje o
patrocínio à candidatura do
Rio de Janeiro para sediar a
Olimpíada de 2016. É a primeira empresa a patrocinar
a candidatura da cidade. O
Rio concorre com Chicago,
Madri e Tóquio.
PELOS ARES
A Embraer entrega hoje o
primeiro dos dez jatos Embraer-170 encomendados
pela empresa japonesa JAL.
LUZ ACESA
O evento "Energia Competitiva: Contribuindo para
o Crescimento do Brasil" será promovido pela Abrace
(associação de grandes consumidores industriais de
energia e de consumidores
livres), no dia 30. Na pauta:
preço do gás natural, distribuição e comercialização de
energia e aprimoramento
das regras. Estarão presentes Aloizio Mercadante e
Bernardo Gradin, presidente da Braskem, e outros.
RONDA
A região central de São
Paulo foi a mais cara para
abastecer o carro com álcool, gasolina, diesel, biodiesel e GNV em setembro, segundo pesquisa do cartão
Ticket Car. Os melhores
preços para gasolina, álcool
e diesel foram registrados na
zona leste da capital. Para
GNV e biodiesel, a região
mais vantajosa é a zona norte. Desses combustíveis, no
mês passado, apenas o álcool
teve alta de preço (1,2%).
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI
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