São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Iedi reúne pesos pesados para discutir crise

Preocupados com o agravamento da crise financeira, os empresários do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) vão reunir na próxima segunda em São Paulo um grupo de pesos pesados de economistas com o objetivo de discutir alternativas para enfrentar a turbulência.
Trata-se da primeira reunião de empresários para debater a crise. Nos últimos dias, os empresários se assustaram com a intensidade da turbulência.
A lista de convidados é grande -nem todos confirmaram presença ainda- e tem nomes como os de Armínio Fraga, Luciano Coutinho, Delfim Netto, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Sérgio Werlang, Persio Arida, Paulo Rabello de Castro, Yoshiaki Nakano, Luiz Gonzaga Belluzzo e Raphael de Almeida Magalhães. Também foram convidados os 45 conselheiros do Iedi.
O empresário Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi e da Coteminas, afirma que o objetivo do encontro é tentar extrair algumas conclusões sobre a intensidade da crise e o seu impacto nos países emergentes, em especial no Brasil.
Segundo Josué Gomes da Silva, o Brasil está em uma situação muito melhor do que em outras crises do passado e tem condições de ser o menos atingido possível dependendo das medidas que forem tomadas.
"Nós não podemos deixar que a crise acabe nos atropelando", diz Josué. "O Brasil tem condições de sair menos machucado nesta crise."
O empresário afirma que notou uma elevação dos juros cobrados pelos bancos nos últimos dias porque as aplicações da Coteminas em títulos de renda fixa também passaram a render mais.
O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e consultor do Iedi, diz que o Brasil tem instrumentos para evitar um contágio mais forte da crise, mas precisa utilizá-los.
Ontem, por exemplo, ele acha que o Banco Central deveria ter intervindo no mercado de câmbio vendendo dólares para evitar a forte alta da moeda americana. O dólar subiu ontem 5,9%.
Segundo o economista, assim como o empresário reclamou da desvalorização excessiva do dólar, o movimento contrário também preocupa, principalmente na velocidade que ocorre agora. O risco é essa valorização causar pressão inflacionária e levar o Banco Central a ter de subir ainda mais os juros.
"O Banco Central tem de intervir no mercado para evitar essas oscilações bruscas do câmbio", diz o economista.

Apex traz presidentes de empresas americanas ao Brasil

Em meio à crise internacional, presidentes de empresas do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem no dia 10, em São Paulo, na terceira edição do Fórum de CEOs Brasil-EUA, organizado pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Participam do encontro os presidentes das empresas Votorantim, banco Safra, Gerdau, Camargo Corrêa, Odebrecht, Embraer e Vale, entre outras companhias. Os executivos americanos são Alain Belda (Alcoa), Gregory Page (Cargill), Craig Barrett (Intel), Neville Isdell (Coca-Cola), Bill Rhodes (Citi), Tim Solso (Cummins), Greg Brown (Motorola), David Speer (Illinois Tool Work), John Faraci (International Paper) e Richard Wagoner (GM).
Alessandro Teixeira, presidente da Apex, afirma que, mesmo com a instabilidade na economia, os Estados Unidos não devem deixar de ser o principal parceiro do Brasil. Para Teixeira, com os preços mais baixos e a menor concorrência, as companhias brasileiras podem aproveitar o momento para estudar a viabilidade de entrar no mercado americano.
"É mais barato comprar empresas dos EUA agora, dada a situação econômica, do que em uma época em que a economia americana estava crescendo."
Para Teixeira, as discussões não serão apenas sobre o curto prazo, mas também serão discutidos projetos de longo prazo, como a possibilidade de as empresas dos EUA investirem em infra-estrutura no Brasil.
Teixeira diz que o crescimento do Brasil também pode ser visto como uma alternativa para as empresas americanas que tiverem prejuízo nos EUA.

PASSO A PASSO

Com a diminuição no consumo de calçados na Europa e nos Estados Unidos, as exportações dos produtos chineses e de outros países asiáticos para o Brasil ficarão mais agressivas, diz Francisco Santos, presidente do grupo Couromoda, que organiza feira internacional de calçados e artigos de couro. "O produto chinês tem cada vez mais qualidade e eles conseguem praticar preços que nos preocupam", afirma Santos. De acordo com o empresário, o Vietnã também começou a intensificar as vendas de calçados. Em agosto, o Brasil importou US$ 28 milhões de sapatos da Ásia -no mesmo mês do ano passado, o valor era de US$ 21 milhões.

INTELIGENTE
João Armentano, arquiteto, (à esq.) e Rosaldo Malucelli, sócio da Senpar, que lançaram no loteamento Terras de São José 2, em Itu, uma das primeiras casas 100% automatizadas do país, da jardinagem à segurança, em parceria com a Troiano's; 50% dos lotes estão vendidos, o que alivia a preocupação de Malucelli com efeitos da crise

ENQUANTO ISSO
Mesmo com a apertada agenda por conta da crise, o Senado americano aprovou ontem, por unanimidade, a renovação do SGP (Sistema Geral de Preferências), que dá isenção tarifária a países em desenvolvimento, por mais um ano. Com a aprovação, apesar da crise, os Estados Unidos abrem mão de receita para 2009. A medida, segundo Eduardo Imperatriz Fonseca, gerente de relações governamentais da Amcham (Câmara Americana de Comércio), foi mais política do que econômica. "No meu ponto de vista, foi extremamente político, para liberar a pauta."

CALCULADORA
Em 2007 o Brasil exportou US$ 3,4 bilhões por meio do SGP aos Estados Unidos, o que corresponde a 13% do total exportado pelo Brasil ao país no ano passado. O montante corresponde a US$ 137,5 milhões em impostos. Em 2008, até o mês de julho, o Brasil exportou US$ 1,6 bilhão via SGP -o valor é US$ 200 milhões maior do que no mesmo período de 2007.

BAGAGEM
Ao longo deste ano, a Amcham realizou cinco missões empresariais para defender o SGP, que dá isenção tarifária a 4.650 produtos provenientes de 131 países em desenvolvimento. A visita mais recente a Washington foi no início de setembro. Ao todo, foram mais de cem reuniões com parlamentares e assessores do Congresso americano. Os setores brasileiros mais beneficiados pelo sistema são maquinário e equipamento elétrico e mecânico, madeira, autopeças, pedras, alumínio, cobre, cacau e químicos inorgânicos.

EM CAMPANHA
A Embratel anuncia hoje o patrocínio à candidatura do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. É a primeira empresa a patrocinar a candidatura da cidade. O Rio concorre com Chicago, Madri e Tóquio.

PELOS ARES
A Embraer entrega hoje o primeiro dos dez jatos Embraer-170 encomendados pela empresa japonesa JAL.

LUZ ACESA
O evento "Energia Competitiva: Contribuindo para o Crescimento do Brasil" será promovido pela Abrace (associação de grandes consumidores industriais de energia e de consumidores livres), no dia 30. Na pauta: preço do gás natural, distribuição e comercialização de energia e aprimoramento das regras. Estarão presentes Aloizio Mercadante e Bernardo Gradin, presidente da Braskem, e outros.

RONDA
A região central de São Paulo foi a mais cara para abastecer o carro com álcool, gasolina, diesel, biodiesel e GNV em setembro, segundo pesquisa do cartão Ticket Car. Os melhores preços para gasolina, álcool e diesel foram registrados na zona leste da capital. Para GNV e biodiesel, a região mais vantajosa é a zona norte. Desses combustíveis, no mês passado, apenas o álcool teve alta de preço (1,2%).

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI



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