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Sob pressão, Congresso dos EUA vota pacote
Em meio a indecisão, Bolsa de NY tem forte queda; Bush pede aprovação e Pelosi diz que só haverá votação se vitória do "sim" for certa
Acréscimos aprovados pelo Senado na votação de anteontem podem alienar a base de democratas conservadores na Câmara
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A versão "vitaminada" do pacote proposto pelo governo
Bush para ajudar o sistema financeiro do país, aprovada anteontem à noite pelo Senado, só
será votada hoje pela Câmara
dos Representantes (deputados) se os líderes tiverem certeza de que haverá votos suficientes para a aprovação, disse a
presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi.
"Não vamos colocar o projeto
em votação sem termos os votos, mas estou otimista de que o
colocaremos", disse a deputada. Pelosi quer evitar repetir o
susto de segunda-feira, quando
uma outra versão do pacote foi
rejeitada numa revolta liderada
por parte da base governista,
principalmente os mais conservadores, e da fatia progressista da oposição democrata.
Por 12 votos, o pacote não
passou então, e a Bolsa do país
sofreu naquele dia perda de
US$ 1,2 trilhão, na maior derrota política dos dois mandatos
do republicano George W.
Bush. O líder da minoria na Câmara, Steny Hoyer, disse que
há "boa perspectiva" de os republicanos comparecerem
com os votos que faltam hoje.
O problema agora parece ser
os democratas fiscalmente
conservadores, os chamados
"blue dogs", que compareceram com 25 votos a favor na segunda-feira. Há o receio de que
o grupo se rebele por conta de
algumas das modificações feitas no Senado, especificamente
o corte de impostos para a classe média e pequenas empresas,
o que acrescentou US$ 150 bilhões aos US$ 700 bilhões pedidos pelo governo americano.
O dinheiro, que já era a maior
intervenção do tipo na economia do país, virá da autorização
do Congresso, embutida no
plano, para que o governo eleve
nesse montante a dívida pública, para US$ 11,3 trilhões. "Teremos de ignorar essa irresponsabilidade do Senado", disse Jim Cooper, um dos membros da Blue Dog Coalition que
votou "sim" na segunda, referindo-se ao custo extra.
A principal medida acrescentada alivia o imposto de até 25
milhões de pessoas, mas centenas de "earmarks" (emendas
introduzidas por parlamentares ou grupos de parlamentares
que não têm a ver com a lei
principal) causaram espécie ao
longo do dia, entre elas descontos fiscais para "fabricantes de
flechas de madeira usadas por
crianças". "Queremos ver se
ainda temos os 141 votos [democratas] que tivemos antes e
pelo menos isso parece estar
confirmado", disse Pelosi.
Na hora do almoço, Bush voltou a pedir a aprovação falando
das conseqüências de nova rejeição na chamada "Main
Street", a "rua principal", significando a economia não-financeira, em oposição aos bancos
de Wall Street: "O crédito está
congelado. As pessoas não estão conseguindo empréstimos
de bancos, e os bancos não estão emprestando para as médias e pequenas empresas. Isso
quer dizer que empregos estão
em risco", disse o presidente.
A indecisão em relação ao voto de hoje, aliada à divulgação
ontem de índices que sugerem
que a crise financeira atingiu a
chamada "economia real", derrubou o índice industrial Dow
Jones, o mais importante da
Bolsa de Nova York, que fechou
em queda de 3,22%.
Entre os resultados que influenciaram o pregão, a queda
de 4% nos pedidos industriais e
o aumento no número de pedidos de seguro-desemprego nos
EUA para a maior taxa desde
setembro de 2001, após os ataques terroristas a Nova York.
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