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Arrocho global no crédito ameaça investimentos na América Latina
DA BLOOMBERG
A mais rápida expansão econômica latino-americana em
30 anos pode estar chegando ao
fim, enquanto o arrocho global
do crédito prejudica os investimentos e reduz a demanda pelas commodities da região.
"Estamos numa crise econômica séria", disse o vice-presidente da Colômbia, Francisco
Santos. "Os financiamentos
vão se tornar cada vez mais difíceis, e isso significa que será difícil atrair investimentos."
O crescimento da região em
2009 pode cair para menos de
3,3%, contra 4,6% este ano, segundo economistas da Barclays
Capital. Com a desaceleração,
será difícil reduzir ainda mais a
pobreza, que chegou a seu nível
mais baixo desde antes da chamada "década perdida" dos
anos 1980, na qual os países
emprestaram mais dinheiro do
que conseguiam pagar.
A crise vai pôr à prova o compromisso assumido pela América Latina nos últimos dez
anos com a redução da dívida e
os mercados abertos. Esta semana o México desistiu dos
planos de privatizar um aeroporto, citando a crise americana, e o presidente costarriquenho, Oscar Arias, avisou que o
crescimento do país pode cair
pela metade, devido à queda
nos investimentos. No Brasil, o
crédito que possibilitou a
maior expansão do país em
mais de uma década está diminuindo muito, segundo Ricardo Espírito Santo, diretor da
unidade brasileira do banco
português Espírito Santo SA.
"Os últimos quatro ou cinco
anos foram muito bons para a
América Latina, mas esse ciclo
vai terminar", disse Rodrigo
Valdés, do Barclays Capital, em
Nova York. "Estamos prevendo
um desaquecimento em praticamente todas as economias."
O México, segunda maior
economia latino-americana,
estreitamente ligado aos EUA,
pode crescer 2,5% em 2009,
contra previsão anterior de 3%.
Nos últimos cinco anos a
América Latina vem tendo
crescimento de 5,5% ao ano,
um ritmo não visto desde o período de 1970 a 1974.
À medida que as linhas de
crédito estrangeiras vão secando, os bancos centrais vêm injetando liquidez.
"Os bancos locais tinham
contrapartes no exterior que
lhes forneciam dólares, mas esses bancos no exterior quebraram, foram adquiridos ou limitaram o crédito que oferecem",
disse o chileno Ricardo Gomez.
Os preços de commodities
como soja, ouro, cobre e petróleo, que ajudaram a financiar o
boom da região, caíram 28%
desde seu pico de 2 de julho, revela o Índice RJ/CRB de Preços
de Commodities. Se os preços
retornassem a sua média dos
últimos dez anos, os orçamentos latino-americanos equilibrados retornariam rapidamente a um déficit de 4,1% do
PIB, diz o Morgan Stanley.
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