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Reunião com Meirelles analisa falta de crédito
Encontro com empresários será em Buenos Aires
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que um grupo de empresários brasileiros se reunirá hoje, em Buenos Aires, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para manifestar preocupação em relação à
crise e à falta de crédito.
Ontem, Meirelles se limitou
a discursar no lançamento oficial do comércio em moeda local, em que empresas do Brasil
e da Argentina poderão usar o
real e o peso em suas transações, como alternativa ao dólar.
O presidente do BC disse que
conversaria com os jornalistas
brasileiros na manhã de hoje.
"O início das operações ocorre, por coincidência, num período de forte instabilidade nos
mercados financeiros internacionais e de restrição de liquidez às operações comerciais
globais", afirmou Meirelles, no
seu discurso.
"Inauguramos o sistema
num momento em que a cooperação entre bancos centrais se
torna fundamental para prover
liquidez às transações comerciais quando o sistema financeiro internacional está semiparalisado."
O sistema, que começa a funcionar na segunda-feira, é opcional, visa reduzir os custos
das operações e deve beneficiar
principalmente pequenas e
médias empresas. Quando assinou o acordo com a presidente
argentina, Cristina Kirchner,
em Brasília, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse que
esse poderia ser o primeiro passo para a integração monetária
do Mercosul.
Presente ao ato de lançamento, ontem, Cristina afirmou que
o mundo "não é mais o mesmo"
de um mês atrás quando esteve
com Lula. "Está um pouco mais
agitado", ironizou. Pedindo licença aos presidentes dos bancos centrais dos dois países,
"que defendem a autonomia",
apoiou a interferência do Estado na economia.
"A necessidade de intervenção do Estado já não é um dogma. Significa que o Estado deve
cumprir seu papel indelegável."
Agilidade
Skaf elogiou o novo sistema,
que deve, segundo ele, "agilizar
e baratear" as transações. Apesar de a novidade ainda estar
em fase de testes, representantes do Banco Itaú, um dos 14
que devem operar o sistema,
estimam que a economia será
de 1% a 3% nas transações.
"Vai ficar mais barato porque
corta uma etapa, que é a conversão do real para o dólar ou
do peso para o dólar. É como se
fosse uma venda local", afirmou Fernando Ferrari, diretor
do Itaú na Argentina.
O grupo agrícola Grobocopatel, quarto maior exportador de
farinha do país, é um dos que
pretendem aderir ao novo método. "Compradores brasileiros nos perguntam sobre o comércio em moeda local. Estamos apenas esperando ter
acesso à normativa", afirmou à
Folha Fábia Pegoraro, responsável pela área de exportações.
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