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Desemprego aumenta mais do que o esperado nos EUA
Setembro registra corte de 263 mil vagas, e taxa de desemprego no país atinge 9,8%
Obama diz que emprego será último segmento da economia a se recuperar; setor público corta 53 mil postos de trabalho no mês
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Os EUA fecharam mais vagas
do que o previsto em setembro.
A perda de postos de trabalho
chegou a 263 mil, um resultado
que levanta dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia americana e sobre os efeitos no mercado de trabalho.
Analistas esperavam um corte de 180 mil vagas. A taxa de
desemprego ficou em 9,8%,
maior patamar desde junho de
1983. O número de empregos
caiu pelo 21º mês seguido.
Desde o início da recessão, o
número de desempregados nos
EUA saltou de 7,6 milhões para
15,1 milhões. Deste total, cerca
de um terço está sem trabalho
há mais de seis meses.
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que historicamente o mercado de trabalho é o último segmento da
economia a mostrar sinais de
recuperação após uma recessão. Lembrou ainda que apesar
da piora, a perda de vagas não
se assemelha ao auge da crise,
quando 700 mil vagas eram fechadas em um único mês.
O presidente destacou ainda
que tem como meta acelerar o
processo de criação de novas
vagas e que o trabalho da Casa
Branca envolve desde o plano
de estímulo à economia até a
tentativa de reduzir custos com
a reforma do sistema de saúde.
"Estou trabalhando de perto
com meus conselheiros econômicos para explorar quaisquer
e todas as opções e medidas
adicionais que possam promover a criação de emprego", disse
o presidente democrata, que já
assumiu sob recessão.
Os dados do relatório do Departamento de Trabalho reforçam a percepção de que o fim
da recessão ainda é uma questão técnica, que não chegou ao
dia a dia das pessoas.
"É seguro afirmar que a recessão está tecnicamente encerrada, mas quando isto vai
ser percebido na economia
real? Essa é a questão do momento e, sem meias palavras,
esse relatório mostra que ainda
estamos muito longe disso",
afirmou Heidi Shierholz, do
Economic Policy Institute.
O presidente do Fed, o Banco
Central americano, Ben Bernanke, disse ontem que a expansão dos EUA pode não ser
suficientemente sólida para reduzir "significativamente" o
desemprego, um sinal de que o
Fed ainda deve demorar a retirar os trilhões de dólares injetados na economia.
Um dos fatores que contribuíram para o fechamento de
vagas foi o corte no setor público, de 53 mil vagas, com destaque para os resultados dos governos locais, que estão tentando se adequar a um orçamento
mais apertado. Na construção
civil, foram cortadas 64 mil vagas. Já o setor de saúde aumentou em 19 mil o número de vagas. Desde o início da recessão,
este segmento, que representa
um sexto da economia americana, já criou 559 mil postos.
Os resultados levantam dúvidas se o governo se verá obrigado a injetar ainda mais recursos
na economia, o que poderia aumentar ainda mais as preocupações com o deficit fiscal.
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