São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Desemprego aumenta mais do que o esperado nos EUA

Setembro registra corte de 263 mil vagas, e taxa de desemprego no país atinge 9,8%

Obama diz que emprego será último segmento da economia a se recuperar; setor público corta 53 mil postos de trabalho no mês


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Os EUA fecharam mais vagas do que o previsto em setembro. A perda de postos de trabalho chegou a 263 mil, um resultado que levanta dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia americana e sobre os efeitos no mercado de trabalho.
Analistas esperavam um corte de 180 mil vagas. A taxa de desemprego ficou em 9,8%, maior patamar desde junho de 1983. O número de empregos caiu pelo 21º mês seguido.
Desde o início da recessão, o número de desempregados nos EUA saltou de 7,6 milhões para 15,1 milhões. Deste total, cerca de um terço está sem trabalho há mais de seis meses.
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que historicamente o mercado de trabalho é o último segmento da economia a mostrar sinais de recuperação após uma recessão. Lembrou ainda que apesar da piora, a perda de vagas não se assemelha ao auge da crise, quando 700 mil vagas eram fechadas em um único mês.
O presidente destacou ainda que tem como meta acelerar o processo de criação de novas vagas e que o trabalho da Casa Branca envolve desde o plano de estímulo à economia até a tentativa de reduzir custos com a reforma do sistema de saúde.
"Estou trabalhando de perto com meus conselheiros econômicos para explorar quaisquer e todas as opções e medidas adicionais que possam promover a criação de emprego", disse o presidente democrata, que já assumiu sob recessão.
Os dados do relatório do Departamento de Trabalho reforçam a percepção de que o fim da recessão ainda é uma questão técnica, que não chegou ao dia a dia das pessoas.
"É seguro afirmar que a recessão está tecnicamente encerrada, mas quando isto vai ser percebido na economia real? Essa é a questão do momento e, sem meias palavras, esse relatório mostra que ainda estamos muito longe disso", afirmou Heidi Shierholz, do Economic Policy Institute.
O presidente do Fed, o Banco Central americano, Ben Bernanke, disse ontem que a expansão dos EUA pode não ser suficientemente sólida para reduzir "significativamente" o desemprego, um sinal de que o Fed ainda deve demorar a retirar os trilhões de dólares injetados na economia.
Um dos fatores que contribuíram para o fechamento de vagas foi o corte no setor público, de 53 mil vagas, com destaque para os resultados dos governos locais, que estão tentando se adequar a um orçamento mais apertado. Na construção civil, foram cortadas 64 mil vagas. Já o setor de saúde aumentou em 19 mil o número de vagas. Desde o início da recessão, este segmento, que representa um sexto da economia americana, já criou 559 mil postos.
Os resultados levantam dúvidas se o governo se verá obrigado a injetar ainda mais recursos na economia, o que poderia aumentar ainda mais as preocupações com o deficit fiscal.


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