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Menor oferta faz álcool subir 8% em uma semana
Distribuidoras repassam o aumento aos postos, e estes, aos consumidores
Valor do litro foi a R$ 1,478, em média, na bomba; apesar da alta, combustível segue competitivo em relação ao preço da gasolina
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O consumidor paulistano,
que passou os últimos meses se
beneficiando dos baixos preços
do álcool nas usinas, vai gastar
mais para abastecer o carro a
partir de agora. Só nesta semana o combustível ficou 8,3%
mais caro nos postos de abastecimento de São Paulo.
Essa alta foi constatada pela
Folha, que realiza pesquisa semanal em 50 estabelecimentos
da capital paulista.
Dois motivos impulsionam
os preços do combustível. Primeiro, o excesso de chuvas, que
dificulta o andamento da colheita e faz a cana-de-açúcar
perder qualidade, rendendo
menos açúcar e menos álcool.
Em avaliação recente, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que congrega os
produtores, reduziu a estimativa de moagem de cana nesta safra. Essa redução significa produções abaixo do previsto para
açúcar e para álcool.
Em segundo lugar, as usinas
que estão mais capitalizadas
começam a formar estoques
para a entressafra (que começa
no fim do ano), quando a expectativa é de bons preços.
A alta desta semana nos postos reflete a agilidade das distribuidoras em repassar para os
consumidores o reajuste dos
preços nas usinas, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica.
Nesta semana, o preço do litro do álcool hidratado foi a R$
0,8963 na porta das usinas,
com alta de 5,3% em relação à
média da semana anterior. O
anidro foi a R$ 1,0345, com aumento de 6,6%. Os dados são do
Cepea (Centro de Estudos
Avançado em Economia Aplicada) e não contêm impostos.
Mesmo com essa alta, o álcool continua favorável para os
consumidores paulistanos, segundo Padua. O valor médio do
litro pago pelo consumidor subiu para R$ 1,478, mas a gasolina está a R$ 2,425. Ou seja, o álcool custa 61% do valor da gasolina. "Enquanto a paridade estiver abaixo de 70% ainda é favorável ao álcool", diz ele.
O diretor da Unica diz que os
primeiros meses de safra foram
extremamente desfavoráveis
para os produtores. Sem possibilidade de armazenagem, e
tendo de cumprir contratos
com as distribuidoras, os produtores aumentaram a oferta
do produto. Resultado: com a
oferta maior, os preços caíram.
"Agora a oferta é menor e os
preços tomaram uma tendência de recuperação", diz Padua.
Essa alta poderá segurar o consumo onde a tributação e a logística são desfavoráveis, o que
ocorre em grande parte do território brasileiro.
Na avaliação de Padua, os
paulistas dificilmente deixarão
de utilizar o álcool porque a tributação e a logística são favoráveis. Paraná e Goiás também
têm tributação menor.
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