São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Menor oferta faz álcool subir 8% em uma semana

Distribuidoras repassam o aumento aos postos, e estes, aos consumidores

Valor do litro foi a R$ 1,478, em média, na bomba; apesar da alta, combustível segue competitivo em relação ao preço da gasolina


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O consumidor paulistano, que passou os últimos meses se beneficiando dos baixos preços do álcool nas usinas, vai gastar mais para abastecer o carro a partir de agora. Só nesta semana o combustível ficou 8,3% mais caro nos postos de abastecimento de São Paulo.
Essa alta foi constatada pela Folha, que realiza pesquisa semanal em 50 estabelecimentos da capital paulista.
Dois motivos impulsionam os preços do combustível. Primeiro, o excesso de chuvas, que dificulta o andamento da colheita e faz a cana-de-açúcar perder qualidade, rendendo menos açúcar e menos álcool.
Em avaliação recente, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que congrega os produtores, reduziu a estimativa de moagem de cana nesta safra. Essa redução significa produções abaixo do previsto para açúcar e para álcool.
Em segundo lugar, as usinas que estão mais capitalizadas começam a formar estoques para a entressafra (que começa no fim do ano), quando a expectativa é de bons preços.
A alta desta semana nos postos reflete a agilidade das distribuidoras em repassar para os consumidores o reajuste dos preços nas usinas, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica.
Nesta semana, o preço do litro do álcool hidratado foi a R$ 0,8963 na porta das usinas, com alta de 5,3% em relação à média da semana anterior. O anidro foi a R$ 1,0345, com aumento de 6,6%. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançado em Economia Aplicada) e não contêm impostos.
Mesmo com essa alta, o álcool continua favorável para os consumidores paulistanos, segundo Padua. O valor médio do litro pago pelo consumidor subiu para R$ 1,478, mas a gasolina está a R$ 2,425. Ou seja, o álcool custa 61% do valor da gasolina. "Enquanto a paridade estiver abaixo de 70% ainda é favorável ao álcool", diz ele.
O diretor da Unica diz que os primeiros meses de safra foram extremamente desfavoráveis para os produtores. Sem possibilidade de armazenagem, e tendo de cumprir contratos com as distribuidoras, os produtores aumentaram a oferta do produto. Resultado: com a oferta maior, os preços caíram.
"Agora a oferta é menor e os preços tomaram uma tendência de recuperação", diz Padua. Essa alta poderá segurar o consumo onde a tributação e a logística são desfavoráveis, o que ocorre em grande parte do território brasileiro.
Na avaliação de Padua, os paulistas dificilmente deixarão de utilizar o álcool porque a tributação e a logística são favoráveis. Paraná e Goiás também têm tributação menor.


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