São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Salário do setor cai 45% desde julho de 2003

DA REPORTAGEM LOCAL

O salário médio dos comerciários na cidade de São Paulo diminuiu 45% da metade do ano passado até agora, segundo levantamento do Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo.
Isso aconteceu porque os lojistas optaram por trocar os salários mais altos por mais baixos como medida para cortar custos. O sindicato informa que as vagas de R$ 1.100 a R$ 1.200 foram trocadas por vagas de R$ 600 a R$ 700.
Essa redução nos salários dos comerciários vai se refletir também na contratação de temporários. "Os temporários vão receber o piso da categoria. No caso das lojas, é de R$ 490. Nos supermercados, de R$ 589", afirma Ricardo Patah, presidente do sindicato.
O comércio vai contratar mais temporários neste ano para não ter de pagar mais hora extra para os funcionários com carteira assinada. "Não será uma contratação exagerada. Há muita pressão [via aumento dos juros] sobre o varejo para que o consumidor não gaste demais e isso não provoque o aumento da inflação", diz Murad Salomão Saad, vice-presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo), que informa representar 30 mil lojas de ruas e de shoppings na cidade e cerca de 100 mil empregados.
Para o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, o comércio é um setor com alta rotatividade, que se ajusta com a contratação de temporários. "Neste ano já ocorreram três fases. De janeiro a março, houve fechamento de vagas [65 mil]. De abril a junho, contratações [119 mil]. E de julho a setembro, mais fechamento de vagas [102 mil]".

Sem reação
Dois setores que tradicionalmente vendem mais no final do ano ainda não reagiram e, por isso, não contrataram trabalhadores temporários -o de confecção e o de brinquedos.
"Chegamos a contratar até 80 mil costureiras para atender a demanda do final de ano. Isso aconteceu até 2002. Neste ano, porém, não tem admissão de temporários porque não há consumo", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest, associação das confecções. Segundo ele, as confecções eliminaram cerca de 900 mil empregos de 1986 até o ano passado.
O setor de brinquedos abriu entre 1.500 a 2.000 vagas temporárias neste ano -60% menos do que no ano passado e 80% menos do que em 2000. "As vendas para o Dia das Crianças foram muito fracas, ficaram abaixo das expectativas, por isso os estoques estão altos. As fábricas sofrem ainda com o contrabando. Para piorar a situação, houve fechamento de fábricas na Grande São Paulo", diz Maria Auxiliadora dos Santos, presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias de brinquedos no Estado de São Paulo.
As vendas para o final do ano não devem ser tão boas quanto esperavam alguns comerciantes antes de o governo elevar a taxa básica de juros da economia. "A elevação dos juros não vai desmoronar o Natal, mas já afetou o custo do crédito e diminuiu o prazo do financiamento", afirma Antonio Lanzana, consultor da Lens & Minarelli. (FF e CR)


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