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Salário do setor cai 45% desde julho de 2003
DA REPORTAGEM LOCAL
O salário médio dos comerciários na cidade de São Paulo diminuiu 45% da metade do ano passado até agora, segundo levantamento do Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo.
Isso aconteceu porque os lojistas optaram por trocar os salários
mais altos por mais baixos como
medida para cortar custos. O sindicato informa que as vagas de R$
1.100 a R$ 1.200 foram trocadas
por vagas de R$ 600 a R$ 700.
Essa redução nos salários dos
comerciários vai se refletir também na contratação de temporários. "Os temporários vão receber
o piso da categoria. No caso das
lojas, é de R$ 490. Nos supermercados, de R$ 589", afirma Ricardo
Patah, presidente do sindicato.
O comércio vai contratar mais
temporários neste ano para não
ter de pagar mais hora extra para
os funcionários com carteira assinada. "Não será uma contratação
exagerada. Há muita pressão [via
aumento dos juros] sobre o varejo
para que o consumidor não gaste
demais e isso não provoque o aumento da inflação", diz Murad
Salomão Saad, vice-presidente do
Sindilojas (Sindicato dos Lojistas
do Comércio de São Paulo), que
informa representar 30 mil lojas
de ruas e de shoppings na cidade e
cerca de 100 mil empregados.
Para o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, o comércio é um setor com alta rotatividade, que se ajusta com a contratação de temporários. "Neste
ano já ocorreram três fases. De janeiro a março, houve fechamento
de vagas [65 mil]. De abril a junho, contratações [119 mil]. E de
julho a setembro, mais fechamento de vagas [102 mil]".
Sem reação
Dois setores que tradicionalmente vendem mais no final do
ano ainda não reagiram e, por isso, não contrataram trabalhadores temporários -o de confecção
e o de brinquedos.
"Chegamos a contratar até 80
mil costureiras para atender a demanda do final de ano. Isso aconteceu até 2002. Neste ano, porém,
não tem admissão de temporários
porque não há consumo", afirma
Roberto Chadad, presidente da
Abravest, associação das confecções. Segundo ele, as confecções
eliminaram cerca de 900 mil empregos de 1986 até o ano passado.
O setor de brinquedos abriu entre 1.500 a 2.000 vagas temporárias neste ano -60% menos do
que no ano passado e 80% menos
do que em 2000. "As vendas para
o Dia das Crianças foram muito
fracas, ficaram abaixo das expectativas, por isso os estoques estão
altos. As fábricas sofrem ainda
com o contrabando. Para piorar a
situação, houve fechamento de fábricas na Grande São Paulo", diz
Maria Auxiliadora dos Santos,
presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias de brinquedos no Estado de São Paulo.
As vendas para o final do ano
não devem ser tão boas quanto
esperavam alguns comerciantes
antes de o governo elevar a taxa
básica de juros da economia. "A
elevação dos juros não vai desmoronar o Natal, mas já afetou o custo do crédito e diminuiu o prazo
do financiamento", afirma Antonio Lanzana, consultor da Lens &
Minarelli.
(FF e CR)
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