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Bolívia mantém tributação de 82% para megacampos
Medida vale até Congresso aprovar novo contrato
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em mais uma medida que
afeta a Petrobras, o governo boliviano anunciou ontem a prorrogação da tributação de 82%
para os dois megacampos operados pela empresa até que os
novos contratos, assinados no
sábado, sejam aprovados pelo
Congresso.
O decreto de nacionalização,
de 1º de maio, prevê essa alíquota a campos com produção
superior a 100 milhões de pés
cúbicos por dia durante o período de 180 dias de transição
para os novos contratos, encerrado no sábado. Apenas os megacampos de San Alberto e San
Antonio, no sul do país, foram
atingidos pela medida.
A alíquota de 82% foi o principal ponto de divergência entre a Petrobras e a Bolívia. A
empresa brasileira alegou que
essa porcentagem inviabilizava
suas operações, já que, segundo
seus cálculos, o "government
take" (parte que fica com o governo na comercialização de
gás e petróleo) chegou a 95%,
fazendo com que operasse no
vermelho desde maio.
O governo afirmou nesta semana que os contratos serão
enviados ao Congresso no próximo dia 13. Para serem aprovados, precisam ser analisados
por comissões técnicas e depois
levados a uma votação única do
Senado e da Câmara.
O governo espera que a aprovação dos contratos seja fácil e
esteja concluída até o final do
ano, já que o MAS (Movimento
ao Socialismo) dispõe da maioria absoluta dos parlamentares.
Com a medida de ontem,
portanto, a Petrobras Bolívia
deve operar no vermelho por,
no mínimo, mais um mês. A tributação, no entanto, é rateada
com suas outras duas sócias
nos megacampos, a espanhola
Repsol (50%) e a Total (15%). A
participação da empresa brasileira é de 35%, mas é ela que faz
o pagamento formal, na condição de operadora do campos.
Na justificativa para a prorrogação, o governo informou,
em nota à imprensa, que o decreto de ontem "impede que os
contratos estejam à deriva, isto
é, que não se estabeleça com
absoluta clareza sob qual lei se
guiam, um vez que o prazo para
que as petrolíferas se ajustem
às regras da nacionalização
vencia no sábado".
A alíquota de 82% foi uma insistência pessoal do presidente
Evo Morales. Ele considera o
número simbólico porque inverte a participação do Estado
nos contratos assinados nos
anos 1990, de 18%.
O impasse em torno da alíquota foi resolvido por uma
fórmula que assegura 50% ao
Estado e a divisão do lucro líquido (excluídos os custos) entre a Petrobras e a Bolívia por
um cálculo que inclui variáveis
como preço e investimentos.
Quando houve a nacionalização, a participação do Estado já
havia subido de 18% para 50%.
Ou seja, sem o decreto de ontem, era essa a alíquota que
prevaleceria até a eventual
aprovação pelo Congresso.
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