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Petrobras e PDVSA aplicarão US$ 10 bilhões na Venezuela
Investimento inclui megaprojeto de gás e desenvolvimento da produção no Orinoco
Mesmo sem contratos assinados, estatais brasileira e venezuelana têm 13 memorandos de entendimento em curso
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se a Petrobras concretizar
todos os investimentos que planeja na Venezuela, o país será a
principal operação da estatal
brasileira no exterior: estão em
análise projetos conjuntos com
a PDVSA que prevêem investimentos de mais de US$ 10 bilhões (na Bolívia, por exemplo,
o aporte foi de US$ 1,5 bilhão).
O problema é que, até agora,
quase nada saiu do papel. Muitos estudos, reuniões e memorandos de entendimento (13, ao
todo) já foram realizados. Nenhum contrato, porém, foi assinado -a exceção são os referentes à compra de combustíveis do país vizinho e à venda de
álcool para a Venezuela, comandada por Hugo Chávez,
que alardeia boas relações pessoais com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
De todos os investimentos
em análise, o mais ambicioso é
o desenvolvimento do megaprojeto de produção de gás de
Mariscal Sucre. Os quatro campos nos quais a PDVSA quer a
participação da Petrobras concentram um reservatório de
gás superior a toda a reserva
brasileira -11 trilhões de TCFs
(pés cúbicos, medida de gás).
Para colocar os campos em
produção, serão necessários investimentos de cerca de US$ 3
bilhões. A idéia é que a Petrobras entre com 35% de participação no projeto, por meio de
uma empresa mista a ser criada
em sociedade com a PDVSA.
Como a Venezuela pretende
promover a produção de gás no
país (hoje, focada em petróleo),
a legislação é mais flexível, permitindo que empresas estrangeiras explorem até mesmo sozinhas as reservas. No caso do
petróleo (mais rentável do que
o gás), só é autorizada a exploração por empresas mistas, das
quais a PDVSA tenha obrigatoriamente, pelo menos, 51%.
De Mariscal Sucre serão extraídos até 34 milhões de m3 de
gás por dia -mais do que toda a
importação atual da Bolívia, de
cerca de 25 milhões de m3.
Parte desse gás poderá ser
trazida para o Brasil sob a forma de GNL (Gás Natural Liqüefeito, gás em estado líquido
transportado por navios). Existe ainda a possibilidade, embora mais remota, de despachar o
produto pelo gasoduto Venezuela-Brasil, projeto que está
em fase preliminar de estudo,
mas de difícil viabilidade econômica e técnica.
Óleo das arábias
A previsão é que os campos
de Mariscal Sucre comecem a
produção antecipada em 2009
por meio de uma plataforma
que será alugada. A partir de
2012, a unidade de produção
definitiva entrará em operação.
Outro grande projeto conjunto entre a PDVSA e a Petrobras é a certificação das reservas de óleo e gás na faixa do rio
Orinoco, que divide a Venezuela ao meio entre norte e sul.
Bastante inexplorada, a área
levará o país vizinho a ter os
maiores reservatórios de óleo
do mundo depois que forem
avaliados, superando a Arábia
Saudita.
A PDVSA convidou a Petrobras para explorar um dos blocos do rio Orinoco. A expectativa é alcançar uma produção de
200 mil barris por dia -pouco
mais de 10% da atual produção
brasileira de óleo e volume
maior do que a maioria dos
campos gigantes em águas profundas do país.
O bloco será explorado por
uma companhia mista, com
participações de 51% da
PDVSA e de 49% da Petrobras.
Existem na região do Orinoco outros 26 blocos, todos com
grande potencial de produção
de óleo ultrapesado (de menor
valor comercial). Para promover a exploração nessas áreas, a
PDVSA convidou estatais de
países "amigos", como Irã, Rússia e Argentina. Apenas uma
empresa privada, a espanhola
Repsol, foi chamada a participar da empreitada.
Apesar de as condições de
rentabilidade não serem as melhores na Venezuela, as petrolíferas ganham no país vizinho
por causa dos enormes volumes produzidos, e não em razão das margens obtidas com a
venda do produto. Por determinação legal, a monopolista
PDVSA compra toda a produção das demais operadoras.
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