São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Energia ociosa deve ser vendida, diz Anace

As empresas que compraram energia de comercializadores ou geradores no mercado livre estão diante de um problema que pode se agravar com a crise. A queda da atividade econômica deve provocar sobras de parte considerável dessa energia já contratada.
Essas empresas encaminharam pedido à Aneel e ao Ministério das Minas e Energia de autorização para a comercialização dessa sobra de energia. A legislação brasileira não permite a venda de energia ociosa.
Segundo Paulo Mayon, presidente da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), que encaminhou os pedidos ao governo, a crise financeira global tem obrigado as empresas a serem mais conservadoras em seus planos para 2009. Muitas inclusive já dispararam seus planos de reestruturação.
"O setor produtivo, onde está o consumidor livre, é o primeiro a sentir a crise: desliga fornos, concede férias coletivas, reduz produção, corta tudo."
A alternativa de comercialização do excedente contratual seria uma oportunidade, na opinião de Mayon, de as empresas obterem algum ganho com esse negócio. Para isso, no entanto, há a necessidade de o governo regulamentar a venda das sobras de energia.
"Todos serão afetados. Uns mais, outros menos. Os que continuam com investimentos poderiam comprar a energia que sobra daqueles que tiveram a produção mais prejudicada."
Segundo o presidente da Anace, a Aneel já aprovou e encaminhou ao Ministério de Minas e Energia a solicitação de regulamentação desse mercado. Só falta a assinatura do ministro Edison Lobão.
O Ministério de Minas e Energia afirma que já recebeu o pedido, mas informa que ainda não há data prevista para a aprovação do decreto.

Decisão do STF sobre planos ganha relevância

O julgamento no STF das ações de correntistas contra bancos para tentar reverter perdas com os Planos Bresser e Verão é mais um fator de risco nesta crise. A avaliação é do presidente do Bradesco, Márcio Cypriano.
Para ele, as ações são injustas, pois considera que os planos foram editados em prol de todos. Cypriano diz que os bancos não ficaram com qualquer valor, pois o índice de reajuste aplicado à poupança também foi usado em empréstimos imobiliários.
"É inacreditável que isso esteja acontecendo. É como se daqui a 20 anos surgisse alguém achando que teve prejuízo pelas atuais decisões do governo contra a crise internacional, e entrasse na Justiça para tentar tirar proveito."

GATILHO
A Nossa Caixa transferiu R$ 168 milhões ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O valor será descontado do montante do compulsório sobre depósitos à vista recolhido pelo banco, de acordo com a nova norma do BC para ampliar a liquidez do mercado financeiro.

PANO DE FUNDO
As vendas do segmento de cama, mesa e banho caíram 2% em outubro, ante setembro, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de SP. Segundo Arinos de Almeida, presidente da entidade, isso ainda não é conseqüência da crise, mas serve de alerta. "O setor deve sentir queda mais forte dos negócios após janeiro."

JURÍDICO
Os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso, do STF, participam do Encontro Faap-Juris, dia 7, no lançamento dos cursos jurídicos de pós-graduação e extensão oferecidos pela Faap.

SAÚDE BARATA
Os planos de saúde têm custo-benefício ruim se comparados a outros setores, segundo estudo da CVA Solutions, empresa de pesquisa de mercado e consultoria. A pesquisa abordou 4.000 usuários de 33 planos. Na opinião dos clientes, a nota atribuída aos planos de saúde é 6,69 -inferior à da indústria de eletrodomésticos (9,28) e de hotéis (8,03). Entre os usuários, 53% têm plano de saúde pela empresa onde trabalham. Cerca de 70% têm de 30 a 54 anos e 50% ganham de R$ 2.000 a R$ 6.500. Mais de 60% estão dispostos a aderir a programas de prevenção, como antitabagismo, se fossem oferecidos pelos planos de saúde, desde que houvesse redução de mensalidades. Neste caso, mais de 70% aceitariam iniciar tratamentos sempre pelo clínico geral e deixariam que o plano de saúde tivesse acesso a seus exames.

NA LINHA
A Microcity, empresa de terceirização de infra-estrutura de TI, que compra ativos e financia o cliente, vai ampliar suas operações de financiamento. Segundo Luis Carlos Nacif, diretor-geral, a saída para manter o patamar de negócios na crise foi aumentar as linhas de financiamento que oferece. "Não somos banco, mas fazemos operações financeiras para viabilizar a contratação de equipamento, e como os bancos estão dificultando o crédito, resolvemos ampliar as linhas a outras empresas que ainda não são nossas clientes", afirma. Nacif diz que tem sido procurado por empresas que tiveram linhas de crédito canceladas ou suspensas por bancos.


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