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Associação pede investigação de investimento da Telefônica
Engenheiros questionam gastos de R$ 2,34 bi no balanço da empresa de 2008
Associação de Engenheiros de Telecomunicações envia carta a órgão do mercado dos EUA dizendo haver "indícios de fraude'; Telefônica nega
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Associação dos Engenheiros de Telecomunicações acusou a Telefônica perante a SEC
(Securities & Exchange Commission, responsável por fiscalizar o mercado de ações nos
Estados Unidos) de suposta
fraude nos dados divulgados no
balanço de 2008 sobre os investimentos para a modernização
de sua rede em São Paulo.
Em carta enviada à presidente da SEC, Mary Schapiro, o engenheiro Ruy Bottesi, presidente da associação, contesta a
informação do balanço de que a
companhia investiu R$ 2,342
bilhões na rede no ano passado
e afirma existirem ""fortes indícios de fraude" no dado.
A Telefônica não quis responder à acusação do presidente da AET. A empresa disse que
não foi informada oficialmente
sobre a queixa feita à SEC e que
reafirma os dados de investimentos publicados no balanço
do ano passado.
Na carta à SEC, Bottesi afirma que a associação consultou
todos os fornecedores de equipamentos e de serviços de telecomunicações presentes no
Brasil e que nenhum deles recebeu encomenda da Telefônica nem assinou contrato com a
Telefônica. Entre as empresas
consultadas, o presidente da
associação cita Ericsson, Huawei, Motorola, Siemens, Lucent-Alcatel, Nortel e Nokia.
""Não conseguimos companhias que tenham fornecido
serviços ou equipamentos [à
Telefônica] em 2008. Não há
registro de para onde os investimentos declarados foram, nenhum traço", diz a carta, que
relata os colapsos no serviço de
banda larga da Telefônica, o
Speedy, em São Paulo, e diz que
a empresa é campeã em reclamações dos consumidores.
No balanço de 2008, a Telesp
(concessionária de telefonia fixa da Telefônica no Estado, que
ainda mantém sua antiga razão
social) informou ter gasto R$
459,2 milhões no ano passado
em desenvolvimento de sistemas e R$ 471,8 milhões em
equipamentos de assinantes,
entre outros investimentos.
A associação levantou suspeita de que a empresa tenha
contabilizado pagamentos de
serviços de tecnologia como se
fossem investimentos, quando
seriam despesas operacionais.
""Apenas uma pequena parte
relativa à compra de software
pode ser considerada investimento, mas, mesmo os softwares mais caros custam apenas
algumas centenas de milhares
de dólares, não milhões", diz a
associação de engenheiros.
A associação compara o investimento em comunicação
de dados declarado em 2008
pela Telefônica (R$ 559,8 milhões) com contratos de valor
menor de outras empresas no
exterior, e concluiu que o dado
seria falso.
""Se eles realmente investiram em banda larga, os colapsos dramáticos da rede em
2008 e em 2009 não teriam
acontecido", prossegue a associação na carta.
Outro dado do balanço questionado foi o investimento de
R$ 471, 8 milhões em equipamentos de assinantes. Segundo
a carta, não fica claro se o investimento se refere a aparelho telefônico ou a modem para banda larga e que, como os preços
unitários desses dois itens são
de cerca de R$ 30, significaria
que a empresa teria substituído
9 milhões de aparelhos no ano,
para uma base de 13 milhões de
clientes.
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