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CRISE NO AR
Governo teria dado ultimato à companhia para que efetue o pagamento de R$ 5,9 milhões diários em querosene
Varig pode não sair do chão se não pagar BR
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O cerco dos credores da Varig
começou a se acirrar. A Folha
apurou que a companhia aérea
recebeu um ultimato do governo
federal para que, a partir de hoje,
efetue diariamente o pagamento
dos R$ 5,9 milhões que adquire
em querosene de aviação da BR
Distribuidora. Caso contrário, a
estatal está autorizada a cortar o
fornecimento do combustível.
A Varig afirmou ontem que tem
feito o pagamento diário do querosene desde a semana passada. A
decisão do governo de colocar a
administração da empresa contra
a parede ocorreu durante a reunião que o presidente Fernando
Henrique Cardoso teve na quinta-feira passada com os ministros
Pedro Malan (Fazenda), Sergio
Amaral (Desenvolvimento), Pedro Parente (Casa Civil) e Defesa
(Geraldo Quintão).
O encontro, realizado no Palácio da Alvorada, teve como objetivo fechar uma posição em relação
à Varig. A partir das 18h de hoje a
Varig terá de honrar todos os dias
o pagamento do querosene. Um
ultimato semelhante, e que venceu às 18h de ontem, foi dado em
relação ao pagamento das taxas
diárias da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). A Varig cumpriu o
compromisso.
Segundo analistas do mercado,
a Varig terá, no entanto, sérias dificuldades para honrar diariamente o pagamento do querosene
e das taxas da Infraero. Boa parte
de seu faturamento futuro foi
transformada em papéis, que estão nas mãos dos credores.
Instituições como o Banco do
Brasil e o Unibanco e empresas
como a GE Capital e a BR Distribuidora, que são credores da
companhia, podem a qualquer
momento descontar papéis. Cerca de 80% do faturamento diário
da Varig é intermediado pelas administradoras de cartões de crédito, como Visa e MasterCard. Os
credores da Varig, que têm uma
dívida imediata de R$ 118 milhões
a receber da companhia, têm nas
mãos os papéis para efetuar a cobrança nas administradoras.
A Varig tem uma dívida total de
US$ 1 bilhão. A Folha apurou que
a GE Capital estava decidida a entrar na Justiça para receber mais
de US$ 300 milhões da companhia aérea pelo aluguel de aeronaves e turbinas. O governo federal
teve de intermediar a situação para evitar a cobrança.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e os credores estão dispostos a reiniciar as negociações para
reestruturar a Varig. A recente decisão da Fundação Ruben Berta,
controladora da companhia, de
não aceitar entendimentos que
foram negociados durante meses
desanimaram, porém, os intermediadores. A BR Distribuidora
não quis comentar o caso.
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