São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO AR

Governo teria dado ultimato à companhia para que efetue o pagamento de R$ 5,9 milhões diários em querosene

Varig pode não sair do chão se não pagar BR

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O cerco dos credores da Varig começou a se acirrar. A Folha apurou que a companhia aérea recebeu um ultimato do governo federal para que, a partir de hoje, efetue diariamente o pagamento dos R$ 5,9 milhões que adquire em querosene de aviação da BR Distribuidora. Caso contrário, a estatal está autorizada a cortar o fornecimento do combustível.
A Varig afirmou ontem que tem feito o pagamento diário do querosene desde a semana passada. A decisão do governo de colocar a administração da empresa contra a parede ocorreu durante a reunião que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve na quinta-feira passada com os ministros Pedro Malan (Fazenda), Sergio Amaral (Desenvolvimento), Pedro Parente (Casa Civil) e Defesa (Geraldo Quintão).
O encontro, realizado no Palácio da Alvorada, teve como objetivo fechar uma posição em relação à Varig. A partir das 18h de hoje a Varig terá de honrar todos os dias o pagamento do querosene. Um ultimato semelhante, e que venceu às 18h de ontem, foi dado em relação ao pagamento das taxas diárias da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). A Varig cumpriu o compromisso.
Segundo analistas do mercado, a Varig terá, no entanto, sérias dificuldades para honrar diariamente o pagamento do querosene e das taxas da Infraero. Boa parte de seu faturamento futuro foi transformada em papéis, que estão nas mãos dos credores.
Instituições como o Banco do Brasil e o Unibanco e empresas como a GE Capital e a BR Distribuidora, que são credores da companhia, podem a qualquer momento descontar papéis. Cerca de 80% do faturamento diário da Varig é intermediado pelas administradoras de cartões de crédito, como Visa e MasterCard. Os credores da Varig, que têm uma dívida imediata de R$ 118 milhões a receber da companhia, têm nas mãos os papéis para efetuar a cobrança nas administradoras.
A Varig tem uma dívida total de US$ 1 bilhão. A Folha apurou que a GE Capital estava decidida a entrar na Justiça para receber mais de US$ 300 milhões da companhia aérea pelo aluguel de aeronaves e turbinas. O governo federal teve de intermediar a situação para evitar a cobrança.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e os credores estão dispostos a reiniciar as negociações para reestruturar a Varig. A recente decisão da Fundação Ruben Berta, controladora da companhia, de não aceitar entendimentos que foram negociados durante meses desanimaram, porém, os intermediadores. A BR Distribuidora não quis comentar o caso.


Texto Anterior: Margem de lucro registra aumento no ano
Próximo Texto: Companhia muda programa Smiles
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.