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RECEITA ORTODOXA
Para Meirelles, redução "é expectativa legítima da sociedade"
Juro menor vai depender da queda do risco-país, diz BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse ontem
que a redução dos juros no Brasil
depende da continuidade da queda do risco-país. Anteontem, o
risco-país atingiu o nível mais baixo desde 1998.
"Para reduzir a taxa de juros de
forma consistente, é preciso, entre
outras medidas, que o risco-país
continue caindo", afirmou Meirelles durante seminário realizado
na Câmara dos Deputados.
O evento foi promovido pelo
PMDB e se propôs a discutir medidas que pudessem estimular o
crescimento econômico. O nível
da taxa de juros foi um dos principais temas abordados, e a posição
de Meirelles contrastou com a do
presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa,
também presente ao seminário.
Segundo Lessa, taxas de juros
muito elevadas fazem com que os
empresários sejam estimulados a
aplicar seus recursos no mercado
financeiro, em vez de direcioná-los à expansão da produção.
"Com 8% começo a sorrir, mas
fico tranquilo com 6%, 5%", disse
Lessa ao se referir aos juros reais,
ou seja, aos juros depois de descontada a inflação. A taxa Selic,
que remunera os empréstimos
feitos entre o BC e os bancos, está
hoje em 17,5% ao ano (equivale a
juros reais de cerca de 10%).
Expectativa legítima
"A evolução dos indicadores
econômicos vai indicar o ritmo da
flexibilização da política monetária", disse Meirelles, para quem a
reivindicação por juros menores
"é uma expectativa legítima da sociedade".
O risco-país mede a diferença
entre os juros pagos pelos títulos
da dívida externa de cada país e a
remuneração oferecida pelos papéis emitidos pelo governo dos
EUA. Desse modo, a tendência é
que os juros domésticos e o risco-país apresentem variações semelhantes, para que o custo de um
empréstimo no Brasil seja similar
ao de um financiamento externo.
Meirelles afirmou que a queda
do risco-país é um sinal de confiança dos investidores na economia brasileira.
O economista minimizou o significado dos números divulgados
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) que mostram que o Brasil cresceu menos
do que o esperado no terceiro trimestre deste ano. "Isso [os dados]
é passado. É um retrato da economia visto pelo retrovisor", disse.
Para ele, o país deve crescer "pelo
menos 3% no ano que vem".
Lessa, por sua vez, disse que a
queda dos juros é necessária, mas
não suficiente para que o Brasil
cresça a taxas mais elevadas. "Se o
Brasil crescer 5%, em três anos
acaba a sobra de energia."
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