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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Para Meirelles, redução "é expectativa legítima da sociedade"

Juro menor vai depender da queda do risco-país, diz BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a redução dos juros no Brasil depende da continuidade da queda do risco-país. Anteontem, o risco-país atingiu o nível mais baixo desde 1998.
"Para reduzir a taxa de juros de forma consistente, é preciso, entre outras medidas, que o risco-país continue caindo", afirmou Meirelles durante seminário realizado na Câmara dos Deputados.
O evento foi promovido pelo PMDB e se propôs a discutir medidas que pudessem estimular o crescimento econômico. O nível da taxa de juros foi um dos principais temas abordados, e a posição de Meirelles contrastou com a do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, também presente ao seminário.
Segundo Lessa, taxas de juros muito elevadas fazem com que os empresários sejam estimulados a aplicar seus recursos no mercado financeiro, em vez de direcioná-los à expansão da produção.
"Com 8% começo a sorrir, mas fico tranquilo com 6%, 5%", disse Lessa ao se referir aos juros reais, ou seja, aos juros depois de descontada a inflação. A taxa Selic, que remunera os empréstimos feitos entre o BC e os bancos, está hoje em 17,5% ao ano (equivale a juros reais de cerca de 10%).

Expectativa legítima
"A evolução dos indicadores econômicos vai indicar o ritmo da flexibilização da política monetária", disse Meirelles, para quem a reivindicação por juros menores "é uma expectativa legítima da sociedade".
O risco-país mede a diferença entre os juros pagos pelos títulos da dívida externa de cada país e a remuneração oferecida pelos papéis emitidos pelo governo dos EUA. Desse modo, a tendência é que os juros domésticos e o risco-país apresentem variações semelhantes, para que o custo de um empréstimo no Brasil seja similar ao de um financiamento externo.
Meirelles afirmou que a queda do risco-país é um sinal de confiança dos investidores na economia brasileira.
O economista minimizou o significado dos números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que mostram que o Brasil cresceu menos do que o esperado no terceiro trimestre deste ano. "Isso [os dados] é passado. É um retrato da economia visto pelo retrovisor", disse. Para ele, o país deve crescer "pelo menos 3% no ano que vem".
Lessa, por sua vez, disse que a queda dos juros é necessária, mas não suficiente para que o Brasil cresça a taxas mais elevadas. "Se o Brasil crescer 5%, em três anos acaba a sobra de energia."


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