|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Som e imagem terão alta qualidade
MARCELO KNÖRICH ZUFFO
REGIS ROSSI ALVES FARIA
ROGÉRIO NUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Desde ontem o brasileiro pode perceber uma incrível melhoria da qualidade do som e
das imagens em qualquer dos
formatos que serão oferecidos
pela TV digital aberta -serviço
móvel, serviço padrão (SD 480
linhas) e alta definição (HD
1.080 linhas).
O Brasil optou por uma abordagem inovadora para esse sistema, que prevê a adoção das
tecnologias mais avançadas no
mundo, incluindo o MPEG-4,
padrão aberto definido pela
ISO (International Organization for Standardization), para
codificação do áudio e do vídeo.
Especificamente, as tecnologias MPEG4-AVC (Advanced
Video Coding) High-Profile 4.0
e MPE4-AAC (Advanced Audio
Coding), para os serviços em alta definição (1.080 linhas) e definição padrão (480 linhas), e
MPEG4-AVC Baseline 1.3 e
AAC-HE (High Efficiency), para os serviços de TV móvel
(usualmente 240 linhas).
Nos últimos anos, o padrão
MPEG-4 vem sendo vastamente utilizado pelas indústrias de
telecomunicações, radiodifusão e eletroeletrônica no mundo. Alguns exemplos dessa utilização estão na área de sistemas de alta definição, IPTV
(TV pela internet) e na distribuição multimídia via internet.
Para dar uma idéia, o padrão
MPEG-4 adotado para a alta
definição no Brasil é o mesmo
utilizado nos aparelhos de DVD
de última geração, como o Blu-Ray e o HD-DVD. No caso dos
aparelhos móveis (celulares e
laptops), o padrão brasileiro é o
mesmo do iPod, da Apple.
No caso do som, o formato
AAC é considerado o sucessor
natural do MP3 e apresenta
melhor qualidade sonora com
melhores taxas de compressão
do que o formato rival.
Em se tratando de um padrão
aberto, o AAC é também uma
escolha mais afinada com o futuro e hoje fornece qualidade
de som superior até à do DVD.
Com os recursos do AAC, as
emissoras poderão enviar ao
mesmo tempo som estéreo,
som envolvente (mais conhecido como surround 5.1) e outros
canais auxiliares, contendo
versões alternativas da programação sonora, como canal SAP
em estéreo (que permite ouvir
o programa em seu idioma original), transformando a casa do
telespectador em um verdadeiro cinema.
É importante dizer que a tecnologia apresenta também recursos inéditos de acessibilidade -permitirá, por exemplo, o envio de serviços de áudio-descrição, para pessoas com necessidades especiais. Outro recurso interessante é a possibilidade de transmissão de um mesmo evento com múltiplas tomadas de câmeras.
Para o consumidor, ainda
que pareça no início que os preços de conversores e receptores
necessários para assistir à TV
digital estejam altos, a tendência é que caiam apreciavelmente nos próximos meses. Para
dar uma idéia dos custos envolvidos, nos últimos 12 meses os
preços dos chips MPEG-4 caíram de US$ 120/unidade para
US$ 20/unidade e há chances
de que fiquem abaixo de US$ 10
já no ano que vem.
O MPEG-4 é uma tecnologia
multimídia no estado-da-arte,
que ainda deve melhorar em
termos de qualidade e taxa de
compressão. Há espaço para
aprimoramentos nas implementações dos codificadores e
decodificadores, e a tecnologia
MPEG-4 não pára de evoluir,
por causa da sua forte adoção
pelo mercado e pelos esforços
contínuos em pesquisas realizadas no Brasil e no exterior.
Do ponto de vista de compressão, o MPEG-4 é muito eficiente. Isso resulta numa maior
capacidade de transmissão de
conteúdo multimídia, propiciando a oferta de mais programas tanto em alta definição como em definição padrão. Assim, o padrão MPEG-4 ainda
tem abertura para permitir que
novos avanços e serviços interativos e de multiprogramação
sejam oferecidos no futuro breve, tanto em áudio quanto em
vídeo.
MARCELO KNÖRICH ZUFFO , 41, é professor do
Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola
Politécnica da USP e representante das universidades no Fórum SBTVD; REGIS ROSSI ALVES
FARIA , 39, e ROGÉRIO NUNES , 26, são pesquisadores do Laboratório de Sistemas Integráveis
da Escola Politécnica da USP.
Texto Anterior: Raros, proprietários de conversores elogiam primeira transmissão Próximo Texto: Brasil é o 2º maior investidor externo dos emergentes Índice
|