São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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ARTIGO

Som e imagem terão alta qualidade

MARCELO KNÖRICH ZUFFO
REGIS ROSSI ALVES FARIA
ROGÉRIO NUNES

ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde ontem o brasileiro pode perceber uma incrível melhoria da qualidade do som e das imagens em qualquer dos formatos que serão oferecidos pela TV digital aberta -serviço móvel, serviço padrão (SD 480 linhas) e alta definição (HD 1.080 linhas).
O Brasil optou por uma abordagem inovadora para esse sistema, que prevê a adoção das tecnologias mais avançadas no mundo, incluindo o MPEG-4, padrão aberto definido pela ISO (International Organization for Standardization), para codificação do áudio e do vídeo. Especificamente, as tecnologias MPEG4-AVC (Advanced Video Coding) High-Profile 4.0 e MPE4-AAC (Advanced Audio Coding), para os serviços em alta definição (1.080 linhas) e definição padrão (480 linhas), e MPEG4-AVC Baseline 1.3 e AAC-HE (High Efficiency), para os serviços de TV móvel (usualmente 240 linhas).
Nos últimos anos, o padrão MPEG-4 vem sendo vastamente utilizado pelas indústrias de telecomunicações, radiodifusão e eletroeletrônica no mundo. Alguns exemplos dessa utilização estão na área de sistemas de alta definição, IPTV (TV pela internet) e na distribuição multimídia via internet.
Para dar uma idéia, o padrão MPEG-4 adotado para a alta definição no Brasil é o mesmo utilizado nos aparelhos de DVD de última geração, como o Blu-Ray e o HD-DVD. No caso dos aparelhos móveis (celulares e laptops), o padrão brasileiro é o mesmo do iPod, da Apple.
No caso do som, o formato AAC é considerado o sucessor natural do MP3 e apresenta melhor qualidade sonora com melhores taxas de compressão do que o formato rival.
Em se tratando de um padrão aberto, o AAC é também uma escolha mais afinada com o futuro e hoje fornece qualidade de som superior até à do DVD.
Com os recursos do AAC, as emissoras poderão enviar ao mesmo tempo som estéreo, som envolvente (mais conhecido como surround 5.1) e outros canais auxiliares, contendo versões alternativas da programação sonora, como canal SAP em estéreo (que permite ouvir o programa em seu idioma original), transformando a casa do telespectador em um verdadeiro cinema.
É importante dizer que a tecnologia apresenta também recursos inéditos de acessibilidade -permitirá, por exemplo, o envio de serviços de áudio-descrição, para pessoas com necessidades especiais. Outro recurso interessante é a possibilidade de transmissão de um mesmo evento com múltiplas tomadas de câmeras. Para o consumidor, ainda que pareça no início que os preços de conversores e receptores necessários para assistir à TV digital estejam altos, a tendência é que caiam apreciavelmente nos próximos meses. Para dar uma idéia dos custos envolvidos, nos últimos 12 meses os preços dos chips MPEG-4 caíram de US$ 120/unidade para US$ 20/unidade e há chances de que fiquem abaixo de US$ 10 já no ano que vem.
O MPEG-4 é uma tecnologia multimídia no estado-da-arte, que ainda deve melhorar em termos de qualidade e taxa de compressão. Há espaço para aprimoramentos nas implementações dos codificadores e decodificadores, e a tecnologia MPEG-4 não pára de evoluir, por causa da sua forte adoção pelo mercado e pelos esforços contínuos em pesquisas realizadas no Brasil e no exterior.
Do ponto de vista de compressão, o MPEG-4 é muito eficiente. Isso resulta numa maior capacidade de transmissão de conteúdo multimídia, propiciando a oferta de mais programas tanto em alta definição como em definição padrão. Assim, o padrão MPEG-4 ainda tem abertura para permitir que novos avanços e serviços interativos e de multiprogramação sejam oferecidos no futuro breve, tanto em áudio quanto em vídeo.


MARCELO KNÖRICH ZUFFO , 41, é professor do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP e representante das universidades no Fórum SBTVD; REGIS ROSSI ALVES FARIA , 39, e ROGÉRIO NUNES , 26, são pesquisadores do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP.


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