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Congresso aprova reajuste a servidores
Todos os partidos aprovaram medida provisória que cria cargos e eleva salários, a um custo de pelo menos R$ 1,9 bi neste ano
Outra MP com aumento ao funcionalismo já aprovada no Senado chega à Câmara; governo Lula leva os gastos com pessoal a 5% do PIB
RANIER BRAGON
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso Nacional aprovou ontem a medida provisória
440, que cria cargos, aumenta
salários e reestrutura a carreira
de cerca de 93,3 mil servidores
públicos da União, entre ativos,
inativos e pensionistas.
O custo da medida, que segue
agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
é de pelo menos R$ 1,9 bilhão
neste ano, alcançando R$ 7,2
bilhões no Orçamento de 2011.
A aprovação ocorreu de forma simbólica (sem registro nominal dos votos) na Câmara
dos Deputados, com apoio de
todos os partidos.
Contrariando posição adotada até então, os governistas não
derrubaram as duas emendas
(alterações) feitas no Senado,
que estenderam os benefícios a
algumas categorias de servidores da Receita Previdenciária e
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada). A informação dos congressistas, entretanto, é que Lula deverá vetar essas duas emendas.
"Elas carregam um viés inconstitucional, pois acarretam
despesas, e essa é prerrogativa
apenas do presidente. Como
todos os partidos da base estavam dispostos a votar pela
aprovação da emenda e só o PT
se manifestou contrariamente,
comprometi-me a abrir diálogo
com o governo. A tendência, no
entanto, é essa [do veto]", disse
o líder do governo na Câmara,
Henrique Fontana (PT-RS).
Nos próximos dias, a Câmara
deve receber para análise outra
medida provisória que reajusta
salários dos servidores da
União, a 441, que foi aprovada
pelo Senado na semana passada com 20 emendas que ampliam os benefícios ao funcionalismo em relação ao texto
editado pelo governo. Pela proposta original, o impacto orçamentário neste ano seria de R$
1,6 bilhão extra, atingindo 380
mil servidores distribuídos por
46 categorias.
As duas medidas provisórias,
a 440 e a 441, são parte de um
"pacote" de benefícios promovido neste ano pelo governo para o funcionalismo. No primeiro semestre, o Palácio do Planalto havia expedido outra MP,
que beneficiou mais de 1,4 milhão de servidores federais civis
e militares.
Elevação de gastos
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o poder
em 2003, interrompeu o processo de enxugamento do quadro de pessoal da União verificado nos anos 1990, além de patrocinar a elevação do gasto
com pessoal em relação ao PIB
(Produto Interno Bruto).
Desde 2002, o número de
servidores da União (ativos,
inativos e pensionistas) subiu
13,5%, indo de 1,85 milhão para
2,10 milhões.
Já o gasto da União com a folha de pessoal, pelos números
do projeto de Orçamento do
próximo ano em tramitação no
Congresso, deverá se aproximar de 5% do PIB no ano que
vem, patamar que não é atingido desde 1995.
As despesas devem aumentar dos 4,65% esperados em
2008 para 4,93%, mesmo percentual registrado no último
ano do governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso
(2002), o que anularia todo o
ajuste promovido no início da
gestão petista, quando a despesa chegou a cair para 4,38% do
PIB (em 2005).
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