Executivo diz que valor de mercado da instituição está "subavaliado" em relação aos grandes bancos brasileiros

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O Banco do Brasil iniciou a negociação de ADRs (recibo de ação negociado nos EUA) no mercado de balcão (não registrado em Bolsa) de Nova York. O objetivo é aumentar a liquidez dos papéis e diversificar a base de investidores. O banco já estuda lançar no próximo ano ADRs que possam ser negociadas na Bolsa de Nova York.
A procura por maior liquidez é também uma maneira de corrigir a percepção dos investidores. Segundo Geovanne da Silva, gerente de Relações com Investidores, o Banco do Brasil está "subavaliado". O valor de mercado do banco é da ordem de R$ 79 bilhões, já o do Bradesco é de R$ 105,4 bilhões, e o do Itaú, de R$ 159,8 bilhões.
"O valor de mercado está subavaliado, estamos sendo negociados com desconto em relação aos nossos pares (...) O banco tem mostrado que é capaz de competir e dar retorno atraente aos investidores. Quanto maior a liquidez, menor o risco, e aí não tem motivo para aplicar desconto sobre o preço", afirma. Na avaliação do mercado, o banco ainda sofre "desconto" por ser estatal.
Com o programa de ADRs, o investidor pode optar por converter suas ações na proporção de um para um em ADRs, caso prefira negociar nos EUA. Com o programa iniciado ontem, o banco espera a conversão para ADRs do equivalente a 0,5% a 1% do capital do banco. "Queremos captar os investidores que não podem investir diretamente na Bolsa no Brasil", explica Ivan Monteiro, vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil. Nessa categoria se enquadram os fundos de pensão e seguradoras. Em alguns casos, investidores institucionais preferem negociar em Nova York para não perder com a conversão cambial. O BB é o último dos grandes bancos brasileiros a operar com ADRs.
Na semana passada, o Banco do Brasil comunicou ao mercado que estuda realizar uma oferta pública primária ou secundária de ações. "As ADRs podem ser uma alternativa", afirmou Monteiro. O objetivo da oferta é cumprir as regras do Novo Mercado da Bovespa, que exige um mínimo de 25% de ações em circulação no mercado. Atualmente, o percentual do Banco do Brasil é de 21,7%.
O banco tem planos também na atuação nos EUA. Em julho, lançou o BB Money Transfer para atuar no mercado de remessas. Além disso, prevê a criação de um banco americano para atender a comunidade brasileira, projeto que aguarda autorização dos reguladores americanos.


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