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Entrada de dólares é recorde em 2006
Graças ao bom desempenho da balança comercial do país, fluxo líquido de divisas cresce 98% e atinge US$ 37 bilhões
BC compra US$ 34 bi e leva reservas a US$ 86 bi, outro recorde; analista acredita que entrada de dólares seguirá forte neste ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Graças ao resultado positivo
da balança comercial, a entrada
de capital estrangeiro no Brasil
bateu recorde em 2006. Segundo o Banco Central, o fluxo líquido de divisas cresceu 98%
em relação a 2005 e ficou em
US$ 37,270 bilhões no ano, o
maior saldo já registrado desde
1982, início da série do BC.
Entraram no país em 2006
US$ 339,758 bilhões, enquanto
saíram US$ 302,488 bilhões. A
entrada recorde de recursos externos valorizou o real e serviu
para reforçar as reservas em
moeda estrangeira do governo.
Dos US$ 37,270 bilhões líquidos que o Brasil recebeu em
2006, cerca de US$ 34,5 bilhões
foram comprados pelo BC por
meio de intervenções no mercado de câmbio. O resto foi adquirido por bancos.
Dos recursos recebidos pelo
país em 2006, US$ 57,598 bilhões se referem ao saldo financeiro da balança comercial
-diferença entre o recebido
por exportadores e as remessas
dos importadores. Já as operações financeiras -captação de
empréstimos, pagamento de
dívidas e entrada de investimentos estrangeiros, por
exemplo- responderam pela
saída líquida de US$ 20,328 bilhões em 2006. Esse saldo costuma ficar negativo devido aos
pagamentos da dívida externa
pública e privada. Só em dezembro, operações financeiras
foram responsáveis pela saída
de US$ 11,3 bilhões do país.
Esse número, porém, foi influenciado pela antecipação do
pagamento de parte dos empréstimos contraídos pela Vale
do Rio Doce para financiar a
compra da mineradora canadense Inco, numa operação de
quase US$ 20 bilhões. Ao todo,
o fluxo líquido de dólares do último mês de 2006 ficou negativo em US$ 3,5 bilhões.
Para o gerente de câmbio do
banco Prosper, Jorge Knauer, a
expectativa é que o ingresso de
dólares continue forte em
2007. "Acredito que o fluxo vá
continuar positivo. As importações devem crescer, mas as exportações continuam fortes. E
os investimentos estrangeiros
em Bolsa também devem se
manter positivos", afirmou.
Mas Knauer ressalta que,
apesar do otimismo em relação
ao fluxo de dólares, a taxa de
câmbio pode ser afetada por
outros motivos, como o comportamento da economia mundial e a desconfiança do mercado sobre a intenção do governo
de conter os gastos públicos.
De qualquer forma, o cenário
positivo de 2006 permitiu que
as reservas internacionais do
país chegassem a US$ 85,8 bilhões, outro recorde. Essa alta
se explica pela política do governo nos últimos anos: pagar
seus compromissos com dólares comprados diretamente no
mercado e depositar nas reservas o "excesso" da moeda que
for encontrado no mercado.
A vantagem dessa política está na redução da chamada vulnerabilidade externa do país:
com uma "poupança" em dólares maior, o país fica com o caixa mais reforçado para enfrentar eventuais crises externas.
Por outro lado, a acumulação
de reservas tem alto custo fiscal. Para comprar dólares, o BC
precisa obter reais por meio da
venda de títulos no mercado.
Em 2006, as intervenções no
mercado de câmbio custaram
R$ 74,4 bilhões ao BC. Corrigido pela atual taxa Selic, de
13,25% ao ano, teria um custo
anual de quase R$ 10 bilhões.
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