São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Empresários temem que pacote afete crescimento em 2008

As medidas anunciadas pelo governo para compensar o fim da CPMF foram mal recebidas pelos empresários. O receio é que o aumento de impostos acabe afetando o crescimento do país, já que os tributos atingidos -o IOF e a CSLL- atuam sobre as operações de crédito no país.
Um dos destaques do ano passado foi certamente a expansão do crédito na economia, em grande parte responsável pelo fato de o crescimento do PIB de 2007 superar o de 2006. A expansão do mercado interno foi, sem dúvida, um dos principais propulsores do crescimento da economia.
"As medidas do governo vão na direção errada por terem tributado o crédito exatamente no momento em que ele estava em expansão no país", diz Armando Monteiro, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). "Nenhum país do mundo tributa tanto o crédito como o Brasil."
Na opinião de Monteiro, um dos grandes entraves ao crescimento do país é justamente a cunha fiscal elevada que incide sobre o crédito.
O aumento do IOF e da CSLL só piora essa situação e dificulta ainda mais a queda do "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa que cobram).
"O governo poderia ter esperado um pouco e sentido a arrecadação neste início de ano para adotar essas medidas", afirma Monteiro.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, também acha que o governo deveria aproveitar este momento para estimular o crédito, e não o contrário. Para ele, ao rejeitar a CPMF, o Senado estava apenas refletindo o sentimento de rejeição da sociedade ao aumento da carga tributária.
"As prioridades do governo deveriam ser as reformas, e não o aumento de impostos", diz Skaf. "A nossa luta contra a CPMF foi responsável, porque sabíamos que, em 2008, haveria excesso de arrecadação suficiente para cobrir a perda desse tributo".

análise

Recessão nos EUA afetará Brasil, diz LCA

A alta de alimentos no Brasil não deve causar pressões substanciais de custos na cadeia produtiva, mas apenas altas de preços moderadas em algumas atividades específicas do setor de serviços. A preocupação para 2008 é uma possível recessão nos EUA e seus impactos globais, que têm potencial de impor riscos mais significativos para a dinâmica da atividade econômica e da inflação doméstica.
A análise é da consultoria econômica LCA, que também não avalia a alta do preço do petróleo como um risco para a economia nacional, mas deve manter a Selic engessada por mais tempo que o estimado anteriormente. Outro motivo para o cenário é uma possível recessão norte-americana.
Segundo a LCA, a eclosão de uma recessão nos EUA a curto prazo é a principal questão para um cenário adverso. A LCA estima que a economia global deve se desacelerar moderadamente neste ano, reduzindo as taxas de expansão da demanda por commodities.
O comportamento da atividade nacional não deve impor riscos relevantes à dinâmica inflacionária.

TIPO EXPORTAÇÃO

Sandra Utsumi, que foi economista-chefe do BES Investimento até o final do ano passado, desembarcou nesta semana em Lisboa, onde assumiu uma posição executiva. A transferência deverá atender ao aumento da demanda por parte dos clientes ibéricos para investimentos no Brasil. Utsumi diz que vai ajudar na identificação e avaliação de novos negócios. De acordo com ela, o país ficou grande demais no radar dos investidores internacionais. "O Brasil vai virar "investment grade", é natural que os investidores tentem se antecipar", afirma.

"O Brasil ficou grande demais no radar dos investidores internacionais"
SANDRA UTSUMI
executiva do BES Investimento em Lisboa

Sotheby's tem alta de 46% nas vendas em 2007

Colecionadores norte-americanos, russos e asiáticos aumentaram em 46% as vendas de obras de arte da tradicional casa de leilões Sotheby's. Os principais responsáveis foram os artistas Francis Bacon e Jeff Koons, cujos trabalhos registraram os lances mais altos da casa no ano passado.
Os leilões de arte da Sotheby's faturaram US$ 5,33 bilhões em 2007 -em 2006, foram US$ 3,66 bilhões. Os leilões de obras de arte contemporâneas em novembro em Nova York mais do que duplicaram de valor, passando a US$ 418,3 milhões.
Casas de leilão estão elevando seu grau de exposição à arte contemporânea.

TECNOLOGIA
A multinacional Oracle, de software empresarial, acaba de fechar parceria com a Third It. A idéia é criar um centro de soluções para empresas de médio porte da América Latina e oferecer a solução Oracle Accelerate, de aplicativos de gestão empresarial, comumente adotada por companhias de grande porte.

CONSTRUÇÃO
A Fit Residencial, empresa do mercado imobiliário que atua no segmento econômico, acaba de chegar em Goiânia, onde irá lançar neste mês o Fit Maria Inês. A empresa, que tem cerca de oito meses, se prepara para, no início deste ano, chegar a Ribeirão Preto (SP), onde irá lançar o empreendimento Fit Mirante do Sol.

ANTIGUIDADE
Bernardo Stuhlberger Wjuniski, 22, aluno da Escola de Economia de São Paulo da FGV, foi um dos cinco escolhidos, entre estudantes do mundo todo, para receber prêmio da Afit (entidade acadêmica norte-americana). Wjuniski fez um estudo sobre a economia da Grécia Antiga. A entrega será em abril, nos EUA.

CLIENTELA
A Atento Brasil, companhia de "contact center" do grupo Telefônica, encerrou o ano passado com 16 novos clientes. Entre eles estão nomes de empresas como HSBC, Procter & Gamble, GM, TVA Rio e São Paulo, Martins Atacadista, que passaram a fazer parte de uma carteira com aproximadamente cem clientes.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA


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