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Não elevaremos mais impostos, diz Mantega
Ministro descarta aumentar ou criar tributos, caso as medidas já anunciadas não compensem toda a perda com o fim da CPMF
No corte de gastos, os três
Poderes terão suas despesas
reduzidas por igual, afirma Mantega; detalhes deverão ser definidos em fevereiro
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem à
Folha que o governo não cogita
a hipótese de aumentar ou criar
novos impostos caso não feche
a conta prevista com as medidas anunciadas na quarta-feira
para compensar o fim da cobrança da CPMF.
Segundo ele, caso a arrecadação seja menor do que o estimado pelo governo, essa diferença será coberta com cortes
adicionais de despesas.
Ao fazer essa afirmação, o objetivo de Mantega é desestimular rumores de que o governo
poderia promover novos aumentos de tributos neste ano
para compensar eventuais buracos na arrecadação tributária
se as medidas anunciadas não
suprirem os recursos estimados pelo governo.
O pacote gerou muitas dúvidas no mercado. Quando o governo anunciou que iria obter
R$ 10 bilhões dos R$ 40 bilhões
da CPMF com o aumento das
alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e
da CSLL (Contribuição sobre o
Lucro Líquido), R$ 20 bilhões
com corte de despesas e R$ 10
bilhões com aumento da arrecadação originado pelo crescimento da economia, muitos
analistas passaram a suspeitar
que o governo poderia, eventualmente, promover nova rodada de reajustes de impostos.
Outra dúvida do mercado é
onde serão os cortes de gastos,
que não foram detalhados pelo
governo até agora.
Mantega afirmou que os cortes serão feitos muito mais em
investimentos do que em custeio da máquina pública, mas os
três Poderes, segundo ele, terão
suas despesas reduzidas por
igual.
"Todos os ministérios sofrerão cortes, e os três Poderes sofrerão cortes por igual", afirmou Mantega.
O ministro da Fazenda repetiu que o governo irá tentar
preservar ao máximo os programas sociais e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas, segundo ele, todos os cortes só serão detalhados em fevereiro, após serem
discutidos com a Comissão de
Orçamento do Congresso. O
Orçamento de 2008 já foi encaminhado ao Congresso e qualquer mudança precisa ser discutida com os parlamentares.
Mantega afirmou ainda que
não concorda com a crítica de
empresários e economistas de
que o custo do crédito irá subir
com as medidas anunciadas pelo governo. O seu argumento é
de que o governo apenas equiparou a alíquota do IOF ao da
CPMF. "Nós simplesmente
trocamos seis por meia dúzia",
afirmou.
"A maioria da sociedade vai
pagar menos do que pagava
com a CPMF, e apenas uma
parcela vai pagar igual, mas
nunca mais do que pagava com
a CPMF", diz Mantega.
Usando esse raciocínio,
Mantega discordou do presidente da Febraban (Federação
Brasileira de Bancos), Fabio
Barbosa, que disse que o aumento de IOF será pago pelos
tomadores de empréstimos.
Para ele, não há necessidade de
o aumento de impostos ser repassado aos clientes.
Mantega disse também que
os cálculos do governo para a
arrecadação com o aumento do
IOF e da CSLL podem estar subestimados, já que são situações novas que podem apresentar comportamentos diferentes. Mesmo tendo a mesma alíquota da CPMF, o IOF pode ter
um comportamento diferente,
diz ele.
Apesar das críticas às medidas, Mantega disse que o governo não poderia deixar de agir
para garantir a estabilidade fiscal e o equilíbrio das contas públicas, após o fim da CPMF.
Além disso, afirmou que essas
medidas já deviam ser esperadas pelo mercado, já que estava
claro para todos que o governo
teria de se ajustar a esse novo
cenário. "Nós tínhamos que tomar essas medidas para manter
o compromisso fiscal."
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