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Para especialistas, impacto da alta dos impostos deve ser pequeno na economia
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) e da
CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) vai elevar
o custo do crédito, ajudando a
política monetária em um momento em que se teme mais inflação, mas o cenário favorável
deve continuar estimulando financiamentos. Por isso, o impacto da alta dos impostos na
economia deve ser pequeno.
Economistas avaliam que o
corte de gastos de cerca de R$
20 bilhões deve afetar em especial a área de infra-estrutura.
Para o economista Raul Velloso, especialista em contas
públicas, o pacote vai atingir o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). "O corte deve
vir principalmente nos investimentos em infra-estrutura, que
é onde normalmente os gastos
são mais flexíveis."
Velloso avaliou que um corte
de gastos nessa proporção não
será tarefa fácil. "Acho muito
difícil, já que 90% das despesas
do governo são obrigatórias."
Ele classificou o aumento estimado de R$ 10 bilhões na arrecadação via IOF e CSLL como o
"embrião de um pacote".
O economista-chefe da
Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro do governo FHC, disse que o aumento no IOF é mais eficiente do elevar a taxa básica
de juros da economia, a Selic,
para tentar conter a expansão
do crédito.
"O aumento do IOF corresponde a um aumento entre 150
e 200 pontos do custo do crédito e é mais eficiente do que um
aumento dos juros Selic da
mesma magnitude, pois não
atinge as empresas e seus investimentos. Se esse aumento é
suficiente para reduzir a expansão do crédito ao consumo
só os próximos meses dirão",
afirmou. "Eu acho que não."
É a mesma avaliação de Joel
Bogdanski, consultor de análise econômica do Itaú. "A maioria das pessoas que toma crédito hoje olha muito mais o tamanho das prestações do que o
real valor da taxa de juros, ou
para o custo total do empréstimo. Em um momento em que a
renda está aumentando, 2007
foi um ano ótimo, dificilmente
[o aumento] vai ter um impacto
muito significativo", disse.
Para Alessandra Ribeiro,
economista da consultoria
Tendências, o governo alterou
o IOF e a CSLL, porque não seria necessário passar a mudança pelo Congresso.
Segundo ela, o consumidor
final hoje não está muito sensível a aumento na taxa de juros.
A consultoria já trabalha com
um cenário de desaceleração
na alta do crédito neste ano
(prevê 20% de alta em 2008,
ante 26% de crescimento no
ano passado), e não alterou sua
previsão por conta do pacote.
"O total das operações de crédito no sistema financeiro chega hoje a R$ 900 bilhões no
país. [O aumento das alíquotas]
vai afetar minimamente", disse
Fábio Silveira, sócio-diretor da
RC Consultores.
Para Francisco Pessoa, da
consultoria LCA, "a medida referente à CSLL também deve
ser repassada pelos bancos. O
crédito mais caro pode restringir um pouco o consumo".
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