São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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Para especialistas, impacto da alta dos impostos deve ser pequeno na economia

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) vai elevar o custo do crédito, ajudando a política monetária em um momento em que se teme mais inflação, mas o cenário favorável deve continuar estimulando financiamentos. Por isso, o impacto da alta dos impostos na economia deve ser pequeno.
Economistas avaliam que o corte de gastos de cerca de R$ 20 bilhões deve afetar em especial a área de infra-estrutura.
Para o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, o pacote vai atingir o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). "O corte deve vir principalmente nos investimentos em infra-estrutura, que é onde normalmente os gastos são mais flexíveis."
Velloso avaliou que um corte de gastos nessa proporção não será tarefa fácil. "Acho muito difícil, já que 90% das despesas do governo são obrigatórias." Ele classificou o aumento estimado de R$ 10 bilhões na arrecadação via IOF e CSLL como o "embrião de um pacote".
O economista-chefe da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro do governo FHC, disse que o aumento no IOF é mais eficiente do elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, para tentar conter a expansão do crédito.
"O aumento do IOF corresponde a um aumento entre 150 e 200 pontos do custo do crédito e é mais eficiente do que um aumento dos juros Selic da mesma magnitude, pois não atinge as empresas e seus investimentos. Se esse aumento é suficiente para reduzir a expansão do crédito ao consumo só os próximos meses dirão", afirmou. "Eu acho que não."
É a mesma avaliação de Joel Bogdanski, consultor de análise econômica do Itaú. "A maioria das pessoas que toma crédito hoje olha muito mais o tamanho das prestações do que o real valor da taxa de juros, ou para o custo total do empréstimo. Em um momento em que a renda está aumentando, 2007 foi um ano ótimo, dificilmente [o aumento] vai ter um impacto muito significativo", disse.
Para Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências, o governo alterou o IOF e a CSLL, porque não seria necessário passar a mudança pelo Congresso.
Segundo ela, o consumidor final hoje não está muito sensível a aumento na taxa de juros. A consultoria já trabalha com um cenário de desaceleração na alta do crédito neste ano (prevê 20% de alta em 2008, ante 26% de crescimento no ano passado), e não alterou sua previsão por conta do pacote.
"O total das operações de crédito no sistema financeiro chega hoje a R$ 900 bilhões no país. [O aumento das alíquotas] vai afetar minimamente", disse Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Para Francisco Pessoa, da consultoria LCA, "a medida referente à CSLL também deve ser repassada pelos bancos. O crédito mais caro pode restringir um pouco o consumo".


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