São Paulo, sexta-feira, 04 de janeiro de 2008

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Ingresso de dólares cresce 135% no ano

Com saldo positivo da balança comercial e forte ingresso de investimentos estrangeiros, fluxo cambial bate recorde

Brasil recebe do exterior US$ 87,454 bilhões líquidos em 2007, apura o Banco Central; valores são recorde pelo 2º ano consecutivo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O saldo positivo da balança comercial e o forte ingresso de investimentos estrangeiros no país fizeram com que o fluxo de dólares para o Brasil batesse recorde pelo segundo ano consecutivo. Em 2007, o país recebeu US$ 87,454 bilhões do exterior, 135% a mais do que o resultado já recorde de 2006.
Os números são apurados pelo Banco Central e se referem ao ingresso líquido de divisas no Brasil -ou seja, do total que entrou no país já estão descontadas as remessas realizadas para o exterior.
A exemplo do que ocorreu no ano anterior, o principal fator a impulsionar o fluxo de dólares para o Brasil em 2007 foi a balança comercial. Os exportadores foram responsáveis pelo ingresso de US$ 184,764 bilhões no país no ano passado, enquanto as remessas feitas pelos importadores para o pagamento de fornecedores somaram US$ 108,018 bilhões.
O saldo da entrada de dólares trazidos pela balança, portanto, foi de US$ 76,746 bilhões, 33% mais do que em 2006.
Os valores diferem dos divulgados anteontem pelo Ministério do Desenvolvimento, que apontam para uma queda no superávit comercial no ano passado, por causa de diferenças de metodologia.
O ministério considera que uma operação foi efetivamente fechada apenas quando determinada mercadoria chega ao Brasil ou é embarcada para o exterior, enquanto o BC se baseia no dia em que a compra ou venda de dólares foi efetuada.
As duas datas não necessariamente coincidem, podendo apresentar diferenças de vários meses.
Os números do BC também mostram uma recuperação no fluxo das chamadas operações financeiras, que incluem empréstimos e investimentos estrangeiros, pagamentos da dívida externa e remessas de lucros ao exterior, entre outros itens.
Essa conta, que em 2006 ficou negativa em US$ 11,265 bilhões, apresentou saldo positivo de US$ 10,708 bilhões no ano passado.

Real valorizado
Para Eduardo Cotrim, sócio-diretor do Banco Modal, o fluxo de capital externo para o Brasil indica que a cotação do dólar não deve sair da tendência de queda que tem seguido nos últimos anos. "O real deve acompanhar a média das principais moedas do mundo, que têm se valorizado em relação ao dólar", afirma.
Cotrim lembra que, em 2008, a balança comercial deve trazer menos dólares para o Brasil do que em 2007, e as contas externas do país devem fechar o ano com um resultado negativo pela primeira vez desde 2002. Ainda assim, esse movimento não deve provocar grandes pressões sobre a taxa de câmbio. "O balanço de pagamentos deve ficar um pouco pior do que no ano passado, mas ainda está confortável. O déficit em transações correntes esperado [para este ano] ainda é bastante pequeno e fácil de ser financiado", afirma.
Segundo previsão do BC, o país deve registrar um déficit em transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços com outros países- de US$ 3,5 bilhões neste ano. Em compensação, a expectativa é que o ingresso de investimentos estrangeiros diretos chegue a US$ 28 bilhões, compensando o resultado negativo das contas externas.


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