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Ingresso de dólares cresce 135% no ano
Com saldo positivo da balança comercial e forte ingresso de investimentos estrangeiros, fluxo cambial bate recorde
Brasil recebe do exterior
US$ 87,454 bilhões líquidos
em 2007, apura o Banco
Central; valores são recorde
pelo 2º ano consecutivo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O saldo positivo da balança
comercial e o forte ingresso de
investimentos estrangeiros no
país fizeram com que o fluxo de
dólares para o Brasil batesse recorde pelo segundo ano consecutivo. Em 2007, o país recebeu
US$ 87,454 bilhões do exterior,
135% a mais do que o resultado
já recorde de 2006.
Os números são apurados pelo Banco Central e se referem
ao ingresso líquido de divisas
no Brasil -ou seja, do total que
entrou no país já estão descontadas as remessas realizadas
para o exterior.
A exemplo do que ocorreu no
ano anterior, o principal fator a
impulsionar o fluxo de dólares
para o Brasil em 2007 foi a balança comercial. Os exportadores foram responsáveis pelo ingresso de US$ 184,764 bilhões
no país no ano passado, enquanto as remessas feitas pelos
importadores para o pagamento de fornecedores somaram
US$ 108,018 bilhões.
O saldo da entrada de dólares
trazidos pela balança, portanto,
foi de US$ 76,746 bilhões, 33%
mais do que em 2006.
Os valores diferem dos divulgados anteontem pelo Ministério do Desenvolvimento, que
apontam para uma queda no
superávit comercial no ano
passado, por causa de diferenças de metodologia.
O ministério considera que
uma operação foi efetivamente
fechada apenas quando determinada mercadoria chega ao
Brasil ou é embarcada para o
exterior, enquanto o BC se baseia no dia em que a compra ou
venda de dólares foi efetuada.
As duas datas não necessariamente coincidem, podendo
apresentar diferenças de vários
meses.
Os números do BC também
mostram uma recuperação no
fluxo das chamadas operações
financeiras, que incluem empréstimos e investimentos estrangeiros, pagamentos da dívida externa e remessas de lucros
ao exterior, entre outros itens.
Essa conta, que em 2006 ficou negativa em US$ 11,265 bilhões, apresentou saldo positivo de US$ 10,708 bilhões no
ano passado.
Real valorizado
Para Eduardo Cotrim, sócio-diretor do Banco Modal, o fluxo
de capital externo para o Brasil
indica que a cotação do dólar
não deve sair da tendência de
queda que tem seguido nos últimos anos. "O real deve acompanhar a média das principais
moedas do mundo, que têm se
valorizado em relação ao dólar", afirma.
Cotrim lembra que, em 2008,
a balança comercial deve trazer
menos dólares para o Brasil do
que em 2007, e as contas externas do país devem fechar o ano
com um resultado negativo pela primeira vez desde 2002.
Ainda assim, esse movimento
não deve provocar grandes
pressões sobre a taxa de câmbio. "O balanço de pagamentos
deve ficar um pouco pior do
que no ano passado, mas ainda
está confortável. O déficit em
transações correntes esperado
[para este ano] ainda é bastante
pequeno e fácil de ser financiado", afirma.
Segundo previsão do BC, o
país deve registrar um déficit
em transações correntes -que
contabiliza a negociação de
bens e serviços com outros países- de US$ 3,5 bilhões neste
ano. Em compensação, a expectativa é que o ingresso de investimentos estrangeiros diretos
chegue a US$ 28 bilhões, compensando o resultado negativo
das contas externas.
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