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Mercado de GPS atrai "gigantes" ao país
Empresas dos ramos automotivo e de eletrônicos lançam navegadores de olho em uma frota de 22 milhões de veículos
Estratégia de distribuição inclui redes de varejo e de eletroeletrônicos; previsão de alta das vendas chega a 1.000% para fabricantes
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
A abertura do mercado doméstico de navegadores GPS
para carros começa a atrair gigantes dos setores automotivo
e eletrônico, de olho em uma
das maiores frotas circulantes
do mundo, com cerca de 22 milhões de veículos, e em linha
com uma tendência global.
O segmento não tem ainda
um ano de "vida legal" no país
nem números auditados. Só em
fevereiro de 2006 uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) liberou a
utilização de navegadores com
o veículo em movimento.
Porém cresce rapidamente
-embora em escala menor-,
assim como nos EUA e na Europa, onde as líderes de mercado vendem quase US$ 1 bilhão
em aparelhos cada uma.
"Avaliamos que os navegadores tenham potencial para chegar a 10% da frota circulante no
país", diz Edson Brasil, diretor
da Delphi para o mercado de
reposição na América do Sul.
A empresa norte-americana
lançou seu navegador no país
em novembro, mesmo mês que
outra gigante do setor automotivo, a italiana Magneti Marelli.
A Delphi estima ter vendido
cerca de 10 mil aparelhos em 40
dias no ano passado. "O mercado respondeu muito mais rapidamente do que nossos estudos
apontavam", diz o executivo.
A Visteon, dos EUA, colocará
seu modelo no mercado nacional em março. As alemãs Bosch
e Siemens VDO, que dispõem
do equipamento no exterior,
também estudam trazê-lo.
Em paralelo ao varejo, fabricantes e montadoras negociam
e iniciam testes para que navegadores possam equipar veículos zero-quilômetro instalados
no painel -hoje, são portáteis.
Mas não são apenas grupos
do setor automotivo que investem. No ramo de eletrônicos, a
espanhola Infinity, que detém a
marca Airis, foi uma das primeiras a entrar no mercado,
em agosto passado. A sul-coreana LG é outra que trará navegadores para o país, provavelmente ainda neste ano.
A norte-americana Garmin,
uma das maiores fabricantes de
GPS do mundo, estreou nesse
nicho no país há quase um ano,
por meio de representantes, e
já comercializa mais de uma
dezena de modelos. Nos EUA,
viu a receita com aparelhos para automóveis subir 168% nos
nove primeiros meses de 2006.
"Acreditamos que o mercado
no Brasil continuará a crescer
rapidamente", diz Greg Quirk,
gerente de vendas da Garmin
para a América Latina.
A Infinity prevê vender neste
ano dez vezes a mais (1.000%)
do que em 2006 (em cinco meses), segundo Ricardo Kamel,
vice-presidente para a América
Latina -a companhia não divulga dados sobre vendas.
Canais "alternativos"
Na distribuição, a estratégia
dos fabricantes também não
passa apenas por concessionárias e lojas especializadas. "Tratamos [o GPS] como um produto de massa", diz Kamel.
Redes de varejo tradicionais
como Extra, Lojas Americanas
e Magazine Luiza, lojas especializadas em eletroeletrônicos
e portais na internet passaram
a oferecer o produto.
"Não é apenas navegador, ele
[o aparelho] toca MP3, armazena fotos... Tem um lado de entretenimento que nos permite
levá-lo a diferentes canais [de
distribuição]", diz Brasil, da
Delphi. É referência a recursos
presentes em quase todos os
modelos disponíveis hoje.
No entanto, apesar da expectativa de vendas crescentes, fabricantes descartam grandes
reduções no preço ao consumidor nos próximos anos na esteira de um ganho de escala.
"O GPS chegou ao país com
os mercados norte-americano
e europeu já desenvolvidos. Como a produção na Ásia serve
para o mundo todo, o hardware
que vem para o Brasil já está barato", diz Mario Okuno, sócio-fundador da MobiMax, empresa que representa no país a
marca taiwanesa Altina.
O raciocínio é endossado por
outros fabricantes. Eles ainda
apontam o custo do mapeamento como fator de encarecimento do GPS, cujo preço gira
em torno de R$ 2.000. No exterior, o valor cai pela metade.
"Como o mercado interno
ainda é pequeno e de poucos
"players", esses custos não são
diluídos", afirma Kamel.
O preço, no entanto, não é
visto como único obstáculo para a massificação do GPS. "A
população ainda está desinformada sobre o navegador. Faltam ações dirigidas", afirma
Edisson Galassi, diretor comercial da Magneti Marelli.
Um dos fatores que podem
ajudar é a esperada flexibilização, pelo Contran, das normas
de uso, como permitir a exibição de mapas com veículos em
movimento. Hoje, só comandos de voz e símbolos de direção são liberados.
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