|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Paralisação de montadoras já provoca falta de carros
Modelos mais procurados levam até 30 dias para ser entregues por concessionárias
Para revendas, situação
não deve se normalizar antes de março, pois demanda
se mantém elevada em
razão da redução do IPI
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o corte na produção das
montadoras e o mercado ensaiando um reaquecimento
após a queda do IPI, já faltam
carros para pronta entrega nas
concessionárias.
Alguns modelos que constam
na lista dos dez mais vendidos,
como o Fiat Uno (2º no ranking), o Fiat Palio (3º) e o Ford
Ka (9º), levam até 30 dias para
ser entregues em algumas lojas.
"Não esperávamos isso. De
um lado, o mercado deu uma
mexida. Os bancos voltaram a
dar crédito, e a redução do IPI
impulsionou as vendas. Mas,
por outro lado, houve uma queda drástica na produção", disse
o gerente de seminovos do grupo Amazonas (Fiat), Richard
Marques.
Em sua loja, além do Uno e
do Palio, estão em falta a linha
do Punto e o Siena. Para Marques, as montadoras acabaram
"perdendo o rumo" na hora de
reduzir a produção. E o concessionário, diz, fica com o risco de
perder o cliente que tem pressa
na aquisição do automóvel.
O presidente da Fenabrave
(Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sérgio Reze, argumenta
que as férias coletivas nas montadoras foram necessárias
diante do cenário de retração
nas vendas por conta da crise financeira global. "Mas houve
um descompasso. Ninguém
consegue ter essa precisão para
afirmar a partir de qual dia tem
que voltar a produzir para não
faltar carro nenhum nas concessionárias", afirma.
Na avaliação dos concessionários, a situação não deve se
normalizar antes de março, já
que a redução do IPI -que vigora até o fim do mês que vem-
levou a um aumento de até 15%
na procura por alguns modelos,
especialmente os populares.
Mas a falta de carros não se
restringe aos modelos 1.0. Para
comprar um Vectra ou uma
Meriva, da GM, o consumidor
hoje leva 30 dias; já uma Zafira
demanda uma espera de 15
dias, afirma o gerente de vendas da Itororó (Chevrolet),
Paulo Rogério Moreira.
Na rede de distribuição da
Volks, o Voyage é o modelo problemático no momento. "Leva
uns 15 dias de espera", diz Ricardo Nosella, gerente de vendas do grupo Faria (VW). "Estamos equacionando nossos estoques para evitar que ocorra
falta dos carros de maior saída,
como o Gol."
Corte excessivo
Depois do corte de 54% em
dezembro passado em relação
ao mesmo mês de 2007, a produção de veículos só deve se
normalizar no mês que vem.
Embora as férias coletivas já tenham terminado na maior parte das montadoras, há um ciclo
longo na produção dos carros.
"Isso não se faz do dia para a
noite. É preciso verificar os estoques de materiais, porque a
cadeia de suprimento também
deixou de produzir. Será necessário rever volumes, cor e tudo
o mais", diz o consultor André
Beer, ex-presidente da Anfavea
(associação das montadoras).
Para ele, diante do "susto"
com a retração no mercado, as
montadoras acabaram por promover um corte excessivo na
produção. "Agora, que o mercado começou a esboçar um reaquecimento, faltam carros nas
concessionárias."
Em janeiro, as vendas da indústria automotiva aumentaram 3,2% em relação a dezembro, com o emplacamento de
189.731 unidades, entre automóveis e comerciais leves. Na
comparação com janeiro do
ano passado, no entanto, as
vendas caíram 7,6%. Os dados
oficiais devem ser divulgados
hoje pela Fenabrave.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Morte súbita Próximo Texto: Montadoras: GM anuncia novas férias coletivas em SP Índice
|