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Financiamento imobiliário bate recorde apesar da crise
Em 2008, são financiados 300 mil imóveis com recursos da caderneta de poupança
Número supera a marca de 1981 e representa um acréscimo de 53% sobre 2007; crescimento em dezembro superou 30%
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Apesar do agravamento da
crise financeira a partir de setembro, o crédito imobiliário
com recursos da caderneta de
poupança fechou 2008 com
299.746 unidades financiadas,
um acréscimo de 53% sobre
2007 e um novo recorde para o
setor, quebrando a marca registrada em 1981 (266.884), quando a população do país era 38%
menor do que a atual.
Segundo os dados da Abecip
(Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário
e Poupança), foram R$ 30,05
bilhões em empréstimos,
64,4% acima do valor registrado no ano anterior. Considerando só dezembro, houve expansão de 36,9% no montante e
de 37,9% no número de unidades ante o mesmo mês de 2007.
"A média mensal no último
trimestre ficou em linha com o
resto do ano", afirma Luiz Antonio França, presidente da
Abecip. Para o executivo, uma
das explicações é que a compra
de um imóvel não é uma decisão por impulso, logo os consumidores não mudaram de ideia
mesmo com o cenário econômico desfavorável.
O crescimento se deve principalmente aos empréstimos
ao setor empresarial para a
construção de imóveis, com alta de 82,7% nas unidades financiadas no ano. Para a aquisição
por pessoas físicas, o aumento
foi de 28,4%. O presidente da
Abecip preferiu não fazer projeções para 2009.
Os dados ainda não foram
contabilizados, mas o presidente da Creci-SP (Conselho
Regional de Corretores de Imóveis), José Augusto Viana Neto,
estima que os financiamentos
dos bancos tenham respondido
por 40% das formas de aquisição de imóveis usados em 2008
no Estado de São Paulo, patamar registrado no acumulado
até outubro, ante 30% no ano
anterior. Em 2003, lembra,
eram apenas 17% do total.
As demissões, no entanto, já
atingiram a construção civil.
Dos 654.946 postos com carteira assinada fechados em dezembro, segundo o Ministério
do Trabalho, 82.432 vagas
eram do setor. O presidente da
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo
Safady Simão, explica que, se
não houver sequência de empreendimentos a serem feitos,
as equipes vão sendo dispensadas logo após a conclusão das
fases da obra.
"Muitos empreendimentos
programados para os próximos
dois anos foram adiados. Mesmo as empresas capitalizadas
não vão investir agora", afirma,
acrescentando que a grande
preocupação do setor é com o
desemprego em 2010 e 2011,
quando as obras em andamento forem finalizadas. O déficit
habitacional está em torno de
8 milhões de unidades. Neste
mês, o governo vai anunciar um
pacote para estimular a construção civil e gerar empregos.
Uma das propostas da Abecip
é permitir o abatimento dos juros pagos no financiamento habitacional no Imposto de Renda, com a dedução variando de
acordo com a renda e o valor do
empréstimo. Outros pedidos
da entidade são a ampliação do
valor do imóvel que pode ser
comprado com a ajuda do
FGTS - hoje limitado a R$ 350
mil- e a liberação da parcela
depositada mensalmente pelo
empregador na conta do fundo
do trabalhador para a redução
da prestação do financiamento.
Principal agente financeiro
do setor, a Caixa Econômica
Federal tinha emprestado, até
novembro, R$ 20,4 bilhões,
60% a mais do que em igual período de 2007. Os financiamentos com recursos da poupança
(R$ 9,3 bilhões) tiveram expansão de 76% e com FGTS
(R$ 10,2 bilhões), alta de 60%.
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