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Especialista critica
economia "porca" na
manutenção de Itaipu
É mais caro ligar termelétricas do que substituir
peças de linha de transmissão, afirma Pinguelli
DA SUCURSAL DO RIO
Na avaliação dos especialistas Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe (Coordenação de Programas
de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, e Adilson de
Oliveira, da mesma universidade, o aumento do consumo de
energia revela uma grave falha
na manutenção das linhas de
transmissão de Itaipu, problema que obriga o ONS a reduzir
a geração da usina para evitar
sobrecarga do sistema.
Para Oliveira, não há, do ponto de vista de suprimento de
energia, necessidade de ligar
usinas termelétricas, já que os
reservatórios estão tão cheios a
ponto de verter água. "A decisão do ONS foi prudente para
evitar o risco de sobrecarga,
mas me surpreende. Mostra falha grave nas linhas de transmissão que já deveria ter sido
detectada e corrigida antes."
Pinguelli Rosa faz a mesma
avaliação: "Foi feita uma economia porca na manutenção
das linhas. É muito mais caro ligar as térmicas do que substituir esses equipamentos".
As linhas de transmissão são
de responsabilidade da estatal
Furnas. Após o apagão, foi encontrado um problema nos isoladores. Alguns foram trocados
e outros receberam um reforço
adicional de segurança, cujo
objetivo é impedir que o excesso de chuva e os raios provoquem curtos-circuitos, como os
que levaram à saída de operação das três linhas de Itaipu e
ao consequente blecaute em
novembro passado.
Na visão de Pinguelli, o calor,
a recuperação da indústria e o
aumento da renda, no entanto,
explicam os recordes de consumo. "É normal que o consumo
cresça a cada dia, ainda mais
quando o rendimento está em
alta e mais pessoas compram
eletrodomésticos."
Oliveira diz que o calor é o fator preponderante, já que, com
as atuais temperaturas máximas na faixa dos 35C, o consumo de energia cresce com mais
força. "Não creio que o consumo da indústria tenha provocado esses picos. O setor ainda
produz num ritmo menor do
que antes da crise."
Oliveira afirma ainda que há
"um crescimento brutal do
consumo de energia", baseado
também no aumento do poder
de compra provocado pelo ganho real do salário mínimo. Tal
efeito, diz, levou à expansão do
número de eletrodomésticos
adquiridos, inclusive de aparelhos de ar-condicionado.
Para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Brasil "não está passando por nenhuma falta de energia". "Nós
temos hoje energia suficiente
nos reservatórios. Temos térmicas que não estão sendo usadas que estão sempre à disposição. Estamos com muita tranquilidade", disse a ministra ontem, na inauguração de um novo gasoduto da Petrobras, na
baixada fluminense.
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