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Governo dilui participação em consórcios de Belo Monte
Intenção é aumentar concorrência pela obra e reduzir custo da energia da usina
Subsidiárias da Eletrobrás participarão do máximo possível de grupos; BNDES deve dar mais prazo para financiar hidrelétrica
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal está empenhado em promover o maior
número possível de consórcios
para disputar o leilão de construção da hidrelétrica de Belo
Monte, no Pará, previsto para
abril. Será a maior usina hidrelétrica do país depois de Itaipu.
Ordem direta vinda da cúpula do Palácio do Planalto desarticulou o poderoso "Consórcio
Previ", que uniria grandes empresas em que o fundo de pensão do Banco do Brasil tem participação acionária, como Vale,
CPFL e Neoenergia. A aliança
incluiria ainda a Camargo Corrêa e a estatal Furnas.
Depois do veto ao superconsórcio, as empresas se dividiram. A CPFL deve permanecer
com a Camargo Corrêa (sua
controladora) em um bloco
com a Odebrecht e a estatal
Furnas. Já a Vale e a Neoenergia costuram agora aliança com
a Andrade Gutierrez, empreiteira rival da Camargo. A Cemig, controlada pela Andrade,
faria parte do segundo grupo.
Para o grupo Eletrobrás, a ordem do governo é que cada uma
de suas quatro principais subsidiárias participe de uma formação diferente: Furnas e Chesf
certamente serão adversárias.
As outras duas (Eletronorte e
Eletrosul) poderão entrar em
consórcios diferentes caso haja
interesse de outros grupos. A
aposta das duas últimas é em
grandes consumidores como
Alcoa ou fabricantes de equipamentos como Alusa ou Areva.
O governo também sinalizou
com condições melhores de financiamento do BNDES ao
projeto. O prazo para pagar o
empréstimo subiu dos tradicionais 20 anos para algo entre 25
e 30 anos. E o percentual de financiamento, cujo teto anterior era de 70% no caso de Belo
Monte, poderá subir para 80%
do investimento total.
Ao interceder na formação
dos consórcios, o governo quis
diluir o poder das empreiteiras.
Como elas comandaram os estudos de viabilidade técnica e
econômica, estavam concentrando todas as decisões, o que
desagradou a alguns integrantes do Executivo federal.
O objetivo da articulação é
garantir que a competição jogue para baixo os preços das tarifas. Segundo especialistas, no
caso de Belo Monte é possível
que os preços fiquem em um
patamar acima dos leilões anteriores, já que os investimentos
projetados serão maiores que o
projeto do rio Madeira. Os estudos do governo para Belo
Monte foram aprovados ontem
pelo TCU.
A iniciativa privada calcula
em R$ 30 bilhões o valor da usina, enquanto o governo estima
o projeto entre R$ 17 bilhões e
R$ 20 bilhões. Além disso, foram impostas condicionantes
socioambientais pelo órgão licenciador, o que pode encarecer ainda mais o projeto.
Dentre os indecisos está o
grupo Suez, líder do consórcio
que está construindo Jirau
(RO), que deve participar do
leilão de Belo Monte. A fabricante de equipamentos elétricos Alusa também estuda participação. Ela negociou parceria
com a Eletronorte em Santo
Antônio, mas não conseguiu
apresentar garantias financeiras suficientes para a disputa.
O governo também ordenou
que os fundos de previdência ligados às estatais como a Funcef
(Caixa Econômica Federal) e o
Petros (Petrobras) garantam
parcerias em novos consórcios
que por ventura venham a ser
costurados.
A Funcef já estaria em negociação para entrar no grupo da
Camargo/CPFL, e o Petros, que
está inclinado a costurar a parceria com a Andrade, poderia
vir a integrar até mesmo um
terceiro grupo que eventualmente venha a se constituir.
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