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BEBIDAS
Operação cria maior cervejaria do mundo; companhia brasileira diz que gestão será compartilhada e nega ter sido vendida
Interbrew terá controle acionário da AmBev
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa operação divulgada na
Bélgica e no Brasil, a Interbrew e a
AmBev anunciaram um negócio
que vai criar a maior fabricante de
cerveja do mundo, desbancando
a americana Anheuser-Busch em
volume produzido. A americana
segue líder em valor de vendas.
Pelo acordo, a belga Interbrew
comprou 52,8% do capital votante da AmBev, líder do mercado de
cervejas no Brasil, em um negócio
estimado em 9,2 bilhões (US$
11,5 bilhões ou R$ 32,7 bilhões).
Apesar disso, executivos da
AmBev negam que a empresa tenha sido vendida. Dizem que foi
assinado um acordo de acionistas
pelo qual as duas companhias terão controle compartilhado e o
mesmo número de integrantes no
conselho de administração da nova empresa. "A AmBev não foi
comprada", disse à Folha seu diretor-executivo, Carlos Brito. "O
importante não é o controle acionário, mas o acordo de acionistas
que rege a companhia."
Com 70 mil funcionários e quase US$ 11 bilhões de receitas
anuais, a nova empresa terá operação em 32 países e três marcas
globais: Beck's, alemã, Stella Artois, belga, e a brasileira Brahma.
Pelo acordo, a Interbrew emitirá
141,7 milhões de ações para assumir a Braco, holding dos empresários Jorge Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que
controla a AmBev. Em troca, os
brasileiros terão 25% do capital
votante da InterbrewAmBev. As
três famílias belgas que controlam
a Interbrew terão 50% do capital
votante na nova companhia
-hoje têm 63,7% da Interbrew.
A AmBev, por sua vez, emitirá
9,5 bilhões de ações ordinárias e
13,8 bilhões de ações preferenciais
para a Interbrew. Assumirá dívida de US$ 1,5 bilhão para ter direito à canadense Labatt, controlada
pela Interbrew, mais 30% da participação dos belgas na mexicana
Femsa e 70% da Labatt USA.
Nos próximos seis meses, conforme a lei brasileira, a Interbrew
terá que fazer oferta pública pelas
ações ordinárias dos minoritários
no Brasil por 80% do preço que
oferecerá aos acionistas da Braco.
Se houver uma adesão total dos
minoritários a essa oferta, a Interbrew terá 84,9% do capital votante da AmBev e 57,4% do capital
total. O restante das ações ordinárias da AmBev ficará com a Fundação Antonio e Helena Zerrenner, que controlava a Antarctica.
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