São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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BEBIDAS

Operação cria maior cervejaria do mundo; companhia brasileira diz que gestão será compartilhada e nega ter sido vendida

Interbrew terá controle acionário da AmBev

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa operação divulgada na Bélgica e no Brasil, a Interbrew e a AmBev anunciaram um negócio que vai criar a maior fabricante de cerveja do mundo, desbancando a americana Anheuser-Busch em volume produzido. A americana segue líder em valor de vendas.
Pelo acordo, a belga Interbrew comprou 52,8% do capital votante da AmBev, líder do mercado de cervejas no Brasil, em um negócio estimado em 9,2 bilhões (US$ 11,5 bilhões ou R$ 32,7 bilhões).
Apesar disso, executivos da AmBev negam que a empresa tenha sido vendida. Dizem que foi assinado um acordo de acionistas pelo qual as duas companhias terão controle compartilhado e o mesmo número de integrantes no conselho de administração da nova empresa. "A AmBev não foi comprada", disse à Folha seu diretor-executivo, Carlos Brito. "O importante não é o controle acionário, mas o acordo de acionistas que rege a companhia."
Com 70 mil funcionários e quase US$ 11 bilhões de receitas anuais, a nova empresa terá operação em 32 países e três marcas globais: Beck's, alemã, Stella Artois, belga, e a brasileira Brahma.
Pelo acordo, a Interbrew emitirá 141,7 milhões de ações para assumir a Braco, holding dos empresários Jorge Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que controla a AmBev. Em troca, os brasileiros terão 25% do capital votante da InterbrewAmBev. As três famílias belgas que controlam a Interbrew terão 50% do capital votante na nova companhia -hoje têm 63,7% da Interbrew.
A AmBev, por sua vez, emitirá 9,5 bilhões de ações ordinárias e 13,8 bilhões de ações preferenciais para a Interbrew. Assumirá dívida de US$ 1,5 bilhão para ter direito à canadense Labatt, controlada pela Interbrew, mais 30% da participação dos belgas na mexicana Femsa e 70% da Labatt USA.
Nos próximos seis meses, conforme a lei brasileira, a Interbrew terá que fazer oferta pública pelas ações ordinárias dos minoritários no Brasil por 80% do preço que oferecerá aos acionistas da Braco.
Se houver uma adesão total dos minoritários a essa oferta, a Interbrew terá 84,9% do capital votante da AmBev e 57,4% do capital total. O restante das ações ordinárias da AmBev ficará com a Fundação Antonio e Helena Zerrenner, que controlava a Antarctica.


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