São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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BEBIDAS

Empresa brasileira diz que contrato com belgas prevê administração igualitária

AmBev afirma que ainda é companhia "verde-amarela"

Roosevelt Cassio/Folha Imagem
Linha de produção da AmBev em fábrica de Jaguariúna


DA REPORTAGEM LOCAL

A despeito de os controladores da Braco terem se desfeito do controle acionário da AmBev, ao repassarem à Interbrew 52,8% do capital votante, a direção da AmBev refutou o argumento de que a "multinacional verde-amarela" tenha sido adquirida pelos belgas.
Em uma eventual adesão de todos os acionistas minoritários à oferta pública a ser lançada pela Interbrew, a cervejaria belga controlará 84,9% do capital votante da AmBev, contra 15% em mãos da Fundação Antonio e Helena Zerrenner, a antiga controladora da cervejaria Antarctica.
"A Interbrew poderá ter 57,5% do capital total da AmBev [em eventual adesão de todos os minoritários na oferta pública], mas o contrato firmado entre as partes estabelece que o controle da AmBev será meio a meio", diz Carlos Brito, presidente da AmBev.
Pelo acordo, os antigos controladores da AmBev, a Interbrew e a fundação não poderão se desfazer de suas participações por um prazo mínimo de 20 anos.
Brito faz o seguinte exercício para explicar a manutenção do controle brasileiro sobre a AmBev e a influência que os três sócios na Braco -Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles- assumirão, pelo acordo, na Interbrew: a gestão da AmBev será compartilhada, de forma igualitária, entre a fundação e a Interbrew. Mas, como os antigos controladores da Braco terão participação de 50% nas decisões da InterbrewAmBev, significará que os brasileiros terão 75% de direito a veto na AmBev (50% pelo direito assegurado no contrato para a fundação e os outros 25% que seriam a parte que caberia a Lemann, Sicupira e Telles como acionistas da InterbrewAmBev -logo, com direito a 50% de participação no conselho).
O presidente da Interbrew, o norte-americano John Brock, negou, na Bélgica, que a empresa estivesse comprando a AmBev. "Não é uma aquisição, é uma combinação", disse o executivo.

Zona cinzenta
"Se observarmos apenas pelo ponto de vista do controle acionário, é inegável que se trata de um processo de aquisição de uma empresa por outra. Mas esse acordo é complexo, tem uma zona cinzenta, que é justamente o fato de os antigos controladores da AmBev terem participação na Interbrew", diz o analista Basílio Ramalho, do banco Itaú. (JAD)


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