São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LEITE DERRAMADO

Dúvida é se interventores mantêm cargo

Decisão judicial deixa indefinido comando da Parmalat no Brasil

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde ontem, o comando da Parmalat Alimentos -que desde o mês passado está sob intervenção judicial- está indefinido.
Na última terça-feira, o juiz Roque Mesquita, do 1º Tribunal de Alçada Cível de São Paulo, suspendeu os efeitos de uma decisão do juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível, que, entre outras determinações, destituiu o diretor financeiro, Andrea Ventura, e o presidente da empresa, Ricardo Gonçalves, dos seus cargos.
Ou seja, ambos foram reconduzidos aos postos. A decisão passou a valer ontem. Entretanto, Mesquita não esclareceu se os administradores judiciais indicados por Abrão para gerir a empresa permanecem ou não no cargo. "Estamos tentando descobrir, com o apoio do Judiciário, a extensão dessa sentença", disse Thomas Felsberg, advogado da Parmalat Participações.
A decisão de Mesquita foi concedida perante uma solicitação de suspensão que foi encaminhada nos nomes de Gonçalves e Ventura. Portanto a controladora não pode indicar outros executivos caso ambos não aceitem reassumir seus cargos.
Felsberg, no entanto, classifica essa hipótese como "remota". "Ricardo Gonçalves vai assumir a presidência. Ele é um profissional competente e se colocou à disposição do acionista controlador nesse caso."
Ventura viajou ontem para a Itália, segundo o advogado. Depois que os interventores assumiram a empresa, no mês passado, o ex-diretor financeiro pediu demissão da empresa. Antes da intervenção, Gonçalves chegou a preparar uma carta de renúncia.
Para o interventor da Parmalat Alimentos, Keyler Carvalho Rocha, "a decisão do Tribunal de Alçada não atingiu a intervenção". "Não acredito que Ventura ou Gonçalves tenham intenção de retomar seus cargos. A decisão dá a eles o direito de retomar seus cargos. Não apareceram até agora", disse ontem à tarde.
Segundo Paulo Toledo, um dos advogados nomeados pelos interventores, cabe recurso da decisão. "O juiz abriu prazo para a resposta da Parmalat Brasil como está hoje, sob intervenção. Ou seja, reconheceu que a intervenção permanece na empresa."
Segundo ele, mesmo que Gonçalves reassuma o cargo, "terá que compatibilizar essa função com a administração, que continuará a ser exercida pelos interventores".
Segundo o juiz Abrão, "foi mantida a intervenção". "Eles [Gonçalves e Ventura] voltam à condição anterior, mas ainda sob a autoridade dos administradores nomeados pela Justiça."
Amanhã, acontece uma assembléia na sede da Parmalat, em São Paulo, onde o caso deve ser colocado em pauta. Segundo Felsberg, a empresa está "em consultas" para saber se Gonçalves vai participar da reunião.


Texto Anterior: Veículos: Carro zero já subiu mais do que em 2003
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.