São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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DRAGÃO CONTROLADO

Segundo a Fipe, fatores sazonais perdem força, e preços registram alta de 0,19% em SP no mês passado

Inflação cai mais do que o previsto em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação manteve a tendência de queda no mês passado, mas em ritmo bem maior do que o previsto. Dados divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostraram que os preços subiram 0,19% na cidade de São Paulo em fevereiro. Em janeiro, os preços tinham subido 0,65%. As previsões feitas no início de fevereiro indicavam taxa de 0,40% para o período.
Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa desaceleração maior do que o previsto ocorreu por dois fatores básicos: fim das pressões sazonais e pressão menor do que o previsto dos produtos industrializados.
Segundo o economista da Fipe, esperava-se pressão maior dos industrializados, devido ao aumento de custos das matérias-primas e da nova carga tributária, provocada pela elevação da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) de 3% para 7,6% em fevereiro.
Parte dessa pressão foi transferida para este mês, quando a taxa de inflação deverá subir para 0,40%. Já de partida, devido a aumentos programados de telefone, carros e cigarro, a inflação terá o patamar mínimo de 0,11%.
A partir de agora haverá um processo de ajuste relativo dos preços. Esse ajuste deverá se estender por todo o ano, diz Picchetti. Mesmo com essas pressões, a inflação ficará com taxa média de 0,40% a 0,50% ao mês, somando de 5,5% a 6% em 2004, nas estimativas da Fipe.
O coordenador do IPC diz que não será fácil para as empresas repassar preços neste momento de desemprego elevado e de renda baixa. A Fipe já começa a detectar, no entanto, alguns repasses de custos. Devido à elevação no custo do aço, armários para cozinha e para quarto tiveram reajuste de 4%; geladeira, 0,8%; máquina de lavar, 1,5%; e fogão, 1,3%.
Neste momento é preciso olhar a tendência da inflação, que é de queda, diz Picchetti. Ele rebate a ata do Copom que ressaltou as diferenças das taxas do IPC da Fipe e do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Picchetti diz que "o IPC da Fipe é tradicionalmente um bom antecipador do IPCA". É preciso olhar o índice no longo prazo, e ele está em queda, afirma o economista.
Picchetti voltou a afirmar que o Banco Central deveria adotar as metas com base no núcleo inflacionário. "Não dá para combater tarifas de energia elétrica ou choques do petróleo com taxas de juros", diz Picchetti.


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