MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta de assentos pelas companhias aéreas deve subir 27% em 2006, para um aumento de demanda esperado de 20% no mercado doméstico. Em um cenário em que a Varig continue a operar, as empresas do setor vão ter que acentuar suas práticas de tarifas promocionais, com o objetivo de atrair passageiros e evitar a queda da taxa de ocupação, dizem analistas. Isso pode afetar a rentabilidade das empresas.
No ano passado, a oferta teve um crescimento de 11,5%. Mas a demanda, incentivada por promoções e pelo pequeno aumento de renda, subiu 19,4%, o que permitiu que a taxa de ocupação subisse de 66% para 70%. As tarifas caíram 12,5% na comparação com 2004, e a saída da Vasp do mercado aumentou o "market share" de TAM e Gol.
Mas o aumento de assentos oferecidos pelas companhias deve ser maior neste ano, exatamente pelo fato de a taxa de ocupação ter aumentado no ano passado e ter estimulado investimentos. Apesar de alguns analistas acreditarem em redução de oferta da Varig, a aérea anunciou recentemente que conseguiu renovar alguns dos seus contratos de leasing. Resta saber se conseguirá renovar o restante -há 35 contratos vencendo neste ano.
Segundo cálculos do analista Carlos Albano, do Unibanco, que presumem que a Varig manterá sua oferta praticamente no mesmo patamar em 2006, a alta será de 27,2% ante 2005. A TAM, por exemplo, deve disponibilizar 20,3% a mais de lugares neste ano. No caso da Gol, a alta deve ser de 42,6%, e da BRA, 62,8%. Já o restante do mercado deve ofertar 3% a mais na comparação com 2005.
"Ou as tarifas caem ainda mais ou a taxa de ocupação cai. Ambas as situações podem ter efeito negativo nas finanças das companhias", diz Albano. Os percentuais foram calculados com base na quantidade de aeronaves que as aéreas afirmam que trarão neste ano e também com base em quantas serão devolvidas.
"O que acontecerá com a Varig será muito importante. Se ela sair do mercado, há demanda para toda essa oferta e muito mais."
Já o analista André Castellini, da Bain & Company, que presta consultoria para a TAM, não acredita na possibilidade de a rentabilidade das companhias ser afetada pelo excesso de oferta. "Será um ano em que entra muita capacidade. Mas em primeiro lugar contamos com uma redução de oferta da Varig. Além disso, a Gol e a TAM têm hoje alguma flexibilidade para devolver aeronaves ou atrasar o recebimento das aeronaves previstas", afirma Castellini.
O vice-presidente de marketing e serviços da Gol, Tarcísio Gargioni, admite que uma eventual superoferta de assentos pode ter algum efeito sobre as finanças das aéreas. "Pode, mas não muito grande. E no segundo semestre os planos podem ser modificados se houver muita oferta", pondera.
Outros analistas concordam que a Varig perderá capacidade neste ano. Mas acreditam que, de qualquer forma, as rentabilidades de TAM e Gol serão afetadas, já que a disputa ficará muito concentrada nas duas: juntas, elas têm hoje mais de 70% do mercado interno, e ambas aumentarão muito a oferta de assentos em 2006.
Outro efeito de um excesso de assentos deve ser a queda de participação da Varig. Se houver uma disputa tarifária acirrada, ela deve ser a mais atingida, devido à sua delicada situação financeira.
Outras variáveis que determinarão o que acontecerá são câmbio -em queda em 2005, o que ajudou a redução tarifária- e o preço do petróleo, em queda.

Promoções
A temporada de tarifas promocionais deste ano já começou. A Gol anunciou ontem que relançou a promoção de passagens a R$ 50 por trecho. A promoção é válida para passagens aéreas compradas pelo seu site na internet nos fins de semana do mês de março (das 22h da sexta-feira às 6h da segunda-feira), para vôos para diversos destinos que acontecem no período de 5 deste mês a 31 de maio. A companhia, que disponibilizou as passagens promocionais desde a noite de ontem, não informou a quantidade de assentos existentes por essa tarifa, mas disse que são limitados.
Já a Ocean Air informou que a partir da próxima segunda-feira terá um preço promocional de R$ 150 para o trecho RJ/ Salvador.


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