São Paulo, sábado, 04 de março de 2006

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ALÉM DA IMAGINAÇÃO

Projeção sugere que país deve crescer 5,4% anuais para atingir patamar em 2050; China será maior potência

Brasil será a 4ª economia, diz consultoria

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil será a quarta maior economia do mundo. A data do feito, porém, é o longínquo ano de 2050, de acordo com projeções da consultoria PriceWaterHouseCoopers.
A estimativa leva em consideração o PIB (Produto Interno Bruto) calculado a partir da paridade do poder de compra. O método mede o tamanho de uma economia de acordo com os preços e a capacidade de compra de seus habitantes. Segundo esse ranking, a China será a maior potência econômica em 2050, seguida pela Índia e pelos Estados Unidos.
Se for considerado o PIB apenas com valores em dólares, a lista de países sofre modificação. Os Estados Unidos mantêm a atual liderança como a maior economia mundial, seguidos pela China, pela Índia e pelo Japão. O Brasil, nessa projeção, fica na quinta colocação. "A economia brasileira teria um tamanho similar à do Japão em 2005 [em dólares] e um tamanho ainda maior em paridade de poder de compra, mas terá apenas cerca de 20% a 25% do tamanho da economia dos EUA", diz trecho do relatório. Nesse cenário, a renda per capita do brasileiro seria de US$ 26,9 mil, contra os US$ 3.400 atuais.
Mas, para conseguir ficar entre as cinco maiores economias globais, o Brasil terá que exibir uma taxa média anual de crescimento de 5,4% pelos próximos 45 anos. É nesse ponto, aliás, que reside o maior exercício de projeção. Como o país manterá taxas tão elevadas de alta do PIB diante de resultados recentes tão modestos? O PIB brasileiro cresceu 2,3% no ano passado.
A resposta da PriceWaterHouseCoopers para essa pergunta é a mesma aplicada a outros emergentes. As projeções levam em consideração que nas próximas décadas muitas dessas economias irão experimentar uma expansão da mão-de-obra na faixa etária entre 15 e 59 anos. "Em contraste [com a China], um crescimento mais rápido da população mais jovem no Brasil e na Índia conseguirão manter uma taxa de crescimento relativamente estável por volta de 2030, embora esses dois países também experimentem um gradual envelhecimento da sua população", avaliou a PriceWaterHouseCoopers, uma das maiores consultorias do mundo.
Outro fator que explica a ascensão desses países é o avanço do progresso tecnológico. Hoje, a maior parte desses países ainda está atrás do mundo desenvolvido nessa área. "Em alguns casos, na Indonésia, na Índia e no Brasil, por exemplo), deduzimos que a taxa de progresso tecnológico a curto prazo será lenta, mas deduzimos também que esse caminho vai se acelerar a longo prazo conforme esses países forem reforçando seus arcabouços institucionais", diz trecho do relatório da consultoria.

Milagre emergente
Em 2050, a soma das economias do "E7" (termo que reúne os emergentes China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia) será 25% maior que o somatório atual das economias do G7 (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), hoje o grupo dos países mais ricos do mundo.
Nesse cenário futurista, a China e a Índia, que já é o celeiro mundial da indústria da terceirização, serão extremamente competitivas no serviços bancários, financeiros e de alta tecnologia.
Na avaliação da consultoria, entretanto, o declínio relativo do mundo desenvolvido é uma tendência natural da economia. Esse movimento, entretanto, pode ser benéfico para os integrantes da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), organização que agrupa os 30 mais ricos. "Esse mercado global maior deve permitir que as empresas desses países se especializem em áreas de maior vantagem competitiva", diz o estudo.

Obstáculos
Antes de comemorar a nova geografia econômica mundial, os países emergentes terão alguns obstáculos pela frente. O relatório aponta para "sensibilidades" exclusivas desses países.
Um exemplo é capacidade de acelerar a velocidade do aumento de produtividade. "Isso vai depender de como as maiores economias emergentes conseguirão manter um maior [ambiente] desenvolvimento favorável ao crescimento econômico e manter -e ampliar- um ambiente político e institucional estável", argumenta a consultoria.


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