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ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Projeção sugere que país deve crescer 5,4% anuais para atingir patamar em 2050; China será maior potência
Brasil será a 4ª economia, diz consultoria
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil será a quarta maior economia do mundo. A data do feito,
porém, é o longínquo ano de
2050, de acordo com projeções da
consultoria PriceWaterHouseCoopers.
A estimativa leva em consideração o PIB (Produto Interno Bruto) calculado a partir da paridade
do poder de compra. O método
mede o tamanho de uma economia de acordo com os preços e a
capacidade de compra de seus habitantes. Segundo esse ranking, a
China será a maior potência econômica em 2050, seguida pela Índia e pelos Estados Unidos.
Se for considerado o PIB apenas
com valores em dólares, a lista de
países sofre modificação. Os Estados Unidos mantêm a atual liderança como a maior economia
mundial, seguidos pela China, pela Índia e pelo Japão. O Brasil, nessa projeção, fica na quinta colocação. "A economia brasileira teria
um tamanho similar à do Japão
em 2005 [em dólares] e um tamanho ainda maior em paridade de
poder de compra, mas terá apenas cerca de 20% a 25% do tamanho da economia dos EUA", diz
trecho do relatório. Nesse cenário,
a renda per capita do brasileiro seria de US$ 26,9 mil, contra os US$
3.400 atuais.
Mas, para conseguir ficar entre
as cinco maiores economias globais, o Brasil terá que exibir uma
taxa média anual de crescimento
de 5,4% pelos próximos 45 anos.
É nesse ponto, aliás, que reside o
maior exercício de projeção. Como o país manterá taxas tão elevadas de alta do PIB diante de resultados recentes tão modestos? O
PIB brasileiro cresceu 2,3% no
ano passado.
A resposta da PriceWaterHouseCoopers para essa pergunta é a
mesma aplicada a outros emergentes. As projeções levam em
consideração que nas próximas
décadas muitas dessas economias
irão experimentar uma expansão
da mão-de-obra na faixa etária
entre 15 e 59 anos. "Em contraste
[com a China], um crescimento
mais rápido da população mais
jovem no Brasil e na Índia conseguirão manter uma taxa de crescimento relativamente estável por
volta de 2030, embora esses dois
países também experimentem
um gradual envelhecimento da
sua população", avaliou a PriceWaterHouseCoopers, uma das
maiores consultorias do mundo.
Outro fator que explica a ascensão desses países é o avanço do
progresso tecnológico. Hoje, a
maior parte desses países ainda
está atrás do mundo desenvolvido nessa área. "Em alguns casos,
na Indonésia, na Índia e no Brasil,
por exemplo), deduzimos que a
taxa de progresso tecnológico a
curto prazo será lenta, mas deduzimos também que esse caminho
vai se acelerar a longo prazo conforme esses países forem reforçando seus arcabouços institucionais", diz trecho do relatório da
consultoria.
Milagre emergente
Em 2050, a soma das economias
do "E7" (termo que reúne os
emergentes China, Índia, Brasil,
Rússia, Indonésia, México e Turquia) será 25% maior que o somatório atual das economias do G7
(EUA, Japão, Alemanha, Reino
Unido, França, Itália e Canadá),
hoje o grupo dos países mais ricos
do mundo.
Nesse cenário futurista, a China
e a Índia, que já é o celeiro mundial da indústria da terceirização,
serão extremamente competitivas
no serviços bancários, financeiros
e de alta tecnologia.
Na avaliação da consultoria, entretanto, o declínio relativo do
mundo desenvolvido é uma tendência natural da economia. Esse
movimento, entretanto, pode ser
benéfico para os integrantes da
OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), organização que agrupa os
30 mais ricos. "Esse mercado global maior deve permitir que as
empresas desses países se especializem em áreas de maior vantagem competitiva", diz o estudo.
Obstáculos
Antes de comemorar a nova
geografia econômica mundial, os
países emergentes terão alguns
obstáculos pela frente. O relatório
aponta para "sensibilidades" exclusivas desses países.
Um exemplo é capacidade de
acelerar a velocidade do aumento
de produtividade. "Isso vai depender de como as maiores economias emergentes conseguirão
manter um maior [ambiente] desenvolvimento favorável ao crescimento econômico e manter -e
ampliar- um ambiente político e
institucional estável", argumenta
a consultoria.
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