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COMBUSTÍVEIS
Escalada dos preços preocupa órgão do Ministério da Justiça; orientação é para o consumidor pesquisar
Governo avalia se alta do álcool é abusiva
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor está preocupado com a escalada do preço
do álcool e avalia se está havendo
abuso nos valores cobrados dos
consumidores nos postos.
A orientação do departamento,
vinculado à SDE (Secretaria de
Direito Econômico, órgão do Ministério da Justiça), é que os consumidores façam pesquisa de preço e denunciem eventuais abusos.
"A situação causa preocupação
ao departamento. Estamos fazendo um acompanhamento. Todo o
sistema [Procons estaduais e municipais] está fazendo isso. Para
eventuais abusos, do ponto de vista local, serão tomadas providências específicas", disse o diretor
do DPDC, Ricardo Morishita.
Ele acrescenta que o departamento ainda não tem uma avaliação se está havendo abuso por
parte dos postos de combustíveis
ou dos usineiros. "Ainda estamos
avaliando. Não posso dizer que
sim, mas também não posso passar um atestado de que não está
havendo", afirmou o diretor.
Segundo ele, a área econômica
do governo vem trabalhando em
medidas para tentar resolver o
problema do preço do álcool. Morishita avalia que a alta dos preços
envolve questões estruturais e as
medidas em estudo visam mais
diretamente o mercado de álcool.
"Há a discussão de uma política
estrutural. Mas é lógico que o objetivo é o consumidor."
Pesquisar preços
O diretor afirma que em momentos de alta de preço a melhor
forma de os consumidores se protegerem de eventuais abusos é fazendo pesquisas.
"Em todos os momentos de alta,
uma das grandes ferramentas é
pesquisar e encontrar o melhor
preço. Quando esse controle local
toma corpo, há um efeito muito
importante", disse Morishita.
Anteontem, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o aumento dos combustíveis nos postos é "absolutamente especulativo" e negou haver
uma "crise do álcool".
A escalada no preço dos combustíveis é atribuída ao aumento
do consumo de álcool devido à
proliferação dos carros flex e à entressafra da cana-de-açúcar.
Para tentar reduzir o impacto
do aumento do álcool, o governo
fez um acordo com os usineiros
para congelar o preço do álcool
anidro. Alguns dias depois, os
empresários romperam o acordo
e voltaram a reajustar os preços. O
governo reagiu e reduziu de 25%
para 20% a quantidade de álcool
misturado à gasolina.
O problema é que a medida não
conteve a alta do álcool e ainda
elevou o preço da gasolina -como a gasolina é mais cara, a redução da mistura de álcool automaticamente empurra os preços para cima.
Levantamentos recentes mostram que, em São Paulo, o álcool
subiu até 21% em menos de uma
semana. O aumento médio da gasolina na capital foi de 4,11%.
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