São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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Atividade da indústria de SP cai 16% em janeiro

Ante dezembro, setor teve avanço de 6,2%, diz Fiesp

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de atividade da indústria paulista teve queda de 15,7% na comparação de janeiro deste ano com igual mês do ano passado, segundo levantamento divulgado ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A retração reflete o aperto no crédito e os ajustes que as empresas do Estado de São Paulo -e do país- tiveram de fazer para frear a produção, em consequência do impacto da crise financeira mundial no Brasil.
Na comparação de janeiro deste ano com dezembro do ano passado, o INA (Indicador do Nível de Atividade) da indústria paulista subiu 6,2% (feitos os ajustes sazonais), interrompendo a queda que vinha ocorrendo desde outubro.
"A melhora em janeiro não significa o fim da crise", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, ao destacar que a indústria está voltando a patamares de 2006.
"Não podemos afirmar que esse resultado [de janeiro] é o início de um processo de recuperação contínuo e vigoroso. Quem fizer essa interpretação está equivocado", afirma Francini. "Se a recuperação vai ocorrer a partir do segundo semestre, ninguém sabe."
Cálculo feito pela Fiesp mostra que o INA teria de crescer 26% entre fevereiro até dezembro de 2009 -considerando a média de 2,1% ao mês- para o setor "empatar" com o desempenho da atividade da indústria no ano passado, que foi zero. "A tarefa que a indústria tem de fazer para chegar a zero é fantasticamente forte", diz Francini. No acumulado desde setembro, o recuo na atividade industrial chegou a 20%. "Em 2009, teremos sangue, suor e lágrimas."
Sem prever números, André Rebelo, gerente do departamento de economia da federação das indústrias paulistas, afirma que o desempenho do setor no ano será "negativo".
As vendas reais da indústria caíram 5,7% na comparação de janeiro e igual mês de 2008. O nível de utilização da capacidade instalada, em média, ficou em janeiro quatro pontos percentuais abaixo do constatado em janeiro de 2008 -nos 17 setores pesquisados, 15 tiveram queda. E as horas trabalhadas na produção também tiveram queda de 6,3% no período.
Para o economista Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, a retração na indústria paulista mostra o "tamanho" do ajuste que o país ainda vai sofrer neste ano. "Tanto o consumidor como as empresas se ressentem da escassez de crédito provocada pela crise, que foi desencadeada lá fora e que chega por diferentes caminhos ao mercado interno."
Na previsão da RC, a produção industrial deve cair de 1,5% a 2% neste ano; a ocupação, crescer 0,5% (ante alta de 3,4% em 2008), e o rendimento real, ficar zerado (ante alta de 4,4%).
Ariadne Vitoriano, analista da Tendências, diz que a recuperação pontual no setor em janeiro (ante dezembro) era esperada. "A trajetória de alta deve se manter, mas em nível inferior aos vistos até setembro."


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