São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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COMÉRCIO
Para lojistas, medida do Banco Central vai resultar também em queda das vendas, especialmente a prazo
Crédito restrito provocará alta de juros

Maria Cauduro - 23.mai.97/Folha Imagem
Filial da Lojas Cem em Santo Amaro, que já não tem mais aparelhos de som para vender


FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

O comércio prevê aumento dos juros e queda nas vendas por conta da decisão do Banco Central de elevar de 20% para 30% o percentual que os bancos devem recolher ao BC sobre os depósitos a prazo.
Com a medida, o banco estima que devem sair de circulação da economia entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. "Menos dinheiro disponível para crédito, mais caro se tornam os empréstimos", diz Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP).
Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem, diz que a escassez de recursos para financiamento, tendo como consequência o crédito mais caro, vai provocar queda nas vendas e agravar a já difícil situação financeira das empresas. "Quem não tem dinheiro para capital de giro vai ter muita dificuldade para sobreviver."
Eldo Moreno, diretor do Magazine Luiza, diz que a medida do BC é mais uma para dificultar as vendas. "Já há uma paralisação do mercado em razão do temor do desemprego, das altas taxas de juros e do aumento de preços por causa da desvalorização do real. Agora vem mais uma medida para pressionar os juros e a queda nas vendas."
A Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, já estava em contato com os bancos para buscar alternativas para estimular as vendas a prazo. Deve lutar mais por isso. "Dependemos de financiamento", diz Paulo Saab, presidente da Eletros.
Hoje, Saab deve ir ao Banco do Brasil, em Brasília, para tentar viabilizar propostas de empresários do setor. Outros bancos serão visitados por ele. "Queremos linhas de crédito para financiar diretamente os lojistas e os consumidores."
Em janeiro, segundo levantamento da Eletros, as vendas de eletroeletrônicos caíram cerca de 40%, em média, na comparação com dezembro, e 17% em relação a igual período do ano passado.
"O aperto no crédito vai afetar ainda mais a venda a prazo", diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Benjamim Funari Neto, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), diz que a medida do BC vai agravar o que já era escasso: os recursos para financiamento.
"As pequenas e médias empresas já não estão conseguindo dinheiro nos bancos e, quando conseguem, têm de pagar juros mensais de 5% a 7%. Esse quadro deve piorar."
Os bancos, diz, além de aumentar os juros, vão exigir mais garantias das empresas. "Já existem muitas empresas endividadas."


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