São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REPERCUSSÃO Medida não conterá dólar, diz Horacio Piva Fiesp prevê maior "asfixia" a empresas da Reportagem Local Redução do crédito e do consumo e mais pressão de alta dos juros são os prováveis efeitos negativos sobre a economia da decisão do Banco Central de elevar de 20% para 30% o compulsório sobre os depósitos a prazo. Essa é a avaliação de Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), para quem a medida, além de não ser suficiente para inverter a atual tendência de alta do dólar, vai agravar a asfixia creditícia das empresas. Horacio Lafer Piva teme que o círculo vicioso de altas sucessivas das taxas de juro e de câmbio possa reativar a espiral inflacionária, pondo a pique a estabilidade econômica conquistada desde a implementação do Plano Real, em julho de 94. Luiz Fernando Furlan, vice-presidente da Fiesp, disse que, se a intenção for aumentar mais uma vez os juros e os custos de produção da indústria, a medida merece críticas veementes. Mas, disse, se o objetivo for mobilizar recursos para aumentar as linhas de crédito às exportações das pequenas e médias empresas, a medida merece os aplausos do setor industrial. Na opinião do presidente do banco Bozano, Simonsen, Paulo Ferraz, a elevação dos compulsórios é uma alternativa para o governo restringir a política monetária sem aumentar a taxa de juros. Ao aumentar o volume de recursos retidos no BC, o governo tira dinheiro de circulação da economia para combater a inflação. "O objetivo é não permitir que as empresas aumentem a demanda", diz Ferraz. Com a elevação dos compulsórios, os bancos ficam com menos dinheiro disponível para aplicar. Mesmo com a perda, não será necessário aumentar a taxa de juros, diz Paulo Ferraz. Na sua opinião, a medida não deve causar problemas aos bancos. Como há muita liquidez no mercado financeiro, o aumento do recolhimento dos compulsórios tem impacto reduzido. Essa é a mesma opinião do diretor do banco BBA, Cândido Bracher. "O custo para os bancos do aumento dos compulsórios é baixo", diz. Segundo Bracher, o dinheiro que será recolhido pelo Banco Central será remunerado pelas taxas de juro dos títulos da dívida do governo, muito parecidos com a dos CDBs negociados pelos bancos. Na opinião do diretor do BBA, o aumento dos compulsórios é "um instrumento eficiente" para restringir a liquidez do mercado sem provocar danos às contas públicas. Se houvesse um aumento das taxas de juro, o custo fiscal seria maior. (ACS e RG)
|
|