São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Ricos priorizam investimento em bens para aumentar o patrimônio

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ricos aumentaram seus gastos com habitação, saúde, educação e ativos e cortaram custos com vestuário, transporte, higiene e recreação e cultura.
Os dados constam no livro "Atlas da Exclusão Social - Os ricos no Brasil", realizado por 16 pesquisadores e economistas de quatro universidades (Unicamp, USP, Unip e PUC-SP). A publicação, lançada na semana passada, é resultado de um ano de pesquisa.
Para mostrar as diferenças entre o padrão de consumo de ricos e pobres, foram utilizadas informações da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 1987 e 1996. A pesquisa considera famílias ricas aquelas com renda familiar acima de 30 salários mínimos, e pobres, as com renda familiar de até 2 salários mínimos.
"Os ricos estão priorizando gastar mais com itens que permitam aumentar sua riqueza. Gastam com habitação, adquirindo imóveis, terrenos e também com ativos, fazendo aplicações financeiras ou comprando ações de empresas", diz Alexandre Guerra, pesquisador da Unip.
O gasto das famílias ricas com habitação passou de 14,5% para 17,8% no período analisado. As regiões metropolitanas em que foram verificados os maiores aumentos com essa despesa foram Rio de Janeiro, Recife e Belém.
"É a velha questão da segurança. Com a instabilidade na economia, as classes mais altas optam por ancorar seus investimentos em imóveis", diz Silvio Passarelli, professor do curso de MBA em gestão de luxo da Faap.

Ativos
O livro revela que as famílias ricas destinam quase um quarto de sua renda para gastos em ativos, enquanto as mais pobres destinam para esse fim apenas 4,5%. "Compram mais carros, reformam e adquirem imóveis e fazem investimentos e aplicações em diferentes instituições financeiras", afirma Guerra. As famílias ricas aproveitam cada oportunidade para gerar lucros e "perpetuar" sua riqueza, diz.
Entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas, Goiânia, Curitiba e Belo Horizonte foram as regiões em que as famílias ricas mais aumentaram seus ativos.
O livro mostra ainda que as famílias ricas despendem 5,8% do seu orçamento em assistência à saúde -principalmente em tratamento dentário e consultas médicas. Nas mais pobres, os gastos com saúde pesam quase o dobro (9,6%) e se destinam mais a remédios e hospitalização.
Para o secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Marcio Pochmann, coordenador do atlas, o aumento de gastos com educação é resultado das necessidades impostas pelo mercado de trabalho. "São gastos com cursos de especialização, línguas e outros, necessários para profissionais que ocupam cargos de direção ou são consultores em empresas do setor privado."
Em relação aos bens duráveis, 85,68% das famílias ricas têm carro, ante 3,85% dos pobres. Seis em cada dez veículos estacionados nas garagens das casas ricas são adquiridos novos. Já na casa dos mais pobres, esse número cai pela metade.


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