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Ricos priorizam investimento em bens para aumentar o patrimônio
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os ricos aumentaram seus gastos com habitação, saúde, educação e ativos e cortaram custos
com vestuário, transporte, higiene e recreação e cultura.
Os dados constam no livro
"Atlas da Exclusão Social - Os ricos no Brasil", realizado por 16
pesquisadores e economistas de
quatro universidades (Unicamp,
USP, Unip e PUC-SP). A publicação, lançada na semana passada, é
resultado de um ano de pesquisa.
Para mostrar as diferenças entre
o padrão de consumo de ricos e
pobres, foram utilizadas informações da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 1987 e
1996. A pesquisa considera famílias ricas aquelas com renda familiar acima de 30 salários mínimos,
e pobres, as com renda familiar de
até 2 salários mínimos.
"Os ricos estão priorizando gastar mais com itens que permitam
aumentar sua riqueza. Gastam
com habitação, adquirindo imóveis, terrenos e também com ativos, fazendo aplicações financeiras ou comprando ações de empresas", diz Alexandre Guerra,
pesquisador da Unip.
O gasto das famílias ricas com
habitação passou de 14,5% para
17,8% no período analisado. As
regiões metropolitanas em que
foram verificados os maiores aumentos com essa despesa foram
Rio de Janeiro, Recife e Belém.
"É a velha questão da segurança.
Com a instabilidade na economia,
as classes mais altas optam por
ancorar seus investimentos em
imóveis", diz Silvio Passarelli,
professor do curso de MBA em
gestão de luxo da Faap.
Ativos
O livro revela que as famílias ricas destinam quase um quarto de
sua renda para gastos em ativos,
enquanto as mais pobres destinam para esse fim apenas 4,5%.
"Compram mais carros, reformam e adquirem imóveis e fazem
investimentos e aplicações em diferentes instituições financeiras",
afirma Guerra. As famílias ricas
aproveitam cada oportunidade
para gerar lucros e "perpetuar"
sua riqueza, diz.
Entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas, Goiânia, Curitiba e Belo Horizonte foram as regiões em que as famílias ricas
mais aumentaram seus ativos.
O livro mostra ainda que as famílias ricas despendem 5,8% do
seu orçamento em assistência à
saúde -principalmente em tratamento dentário e consultas médicas. Nas mais pobres, os gastos
com saúde pesam quase o dobro
(9,6%) e se destinam mais a remédios e hospitalização.
Para o secretário do Trabalho
da Prefeitura de São Paulo, Marcio Pochmann, coordenador do
atlas, o aumento de gastos com
educação é resultado das necessidades impostas pelo mercado de
trabalho. "São gastos com cursos
de especialização, línguas e outros, necessários para profissionais que ocupam cargos de direção ou são consultores em empresas do setor privado."
Em relação aos bens duráveis,
85,68% das famílias ricas têm carro, ante 3,85% dos pobres. Seis em
cada dez veículos estacionados
nas garagens das casas ricas são
adquiridos novos. Já na casa dos
mais pobres, esse número cai pela
metade.
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