São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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TROCA DE COMANDO

Segundo analista, investidor já absorveu mudança na Fazenda

Saída de Palocci não muda previsões para a economia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A troca no comando do Ministério da Fazenda ocorrida na semana passada não trouxe grandes alterações nas expectativas dos analistas de mercado para a economia brasileira. Mesmo depois da troca de Antonio Palocci Filho por Guido Mantega, as projeções de bancos e consultorias para a inflação e para o dólar permanecem estáveis.
Todas as sextas-feiras, o Banco Central consulta cerca de cem analistas para colher estimativas para os principais indicadores da economia brasileira. O último levantamento, feito quatro dias depois da queda de Palocci, apontava para uma inflação de 4,50% neste ano, exatamente o número previsto na meta fixada pelo governo para 2006. Na pesquisa anterior, a estimativa para a alta dos preços era de 4,57%.
Em relação à taxa de câmbio, também foi mantida a projeção de que o dólar encerre o ano cotado a R$ 2,20.
Para Mário Battistel, diretor da corretora Novação, o mercado já não espera grandes mudanças no rumo da política econômica com a chegada do novo ministro da Fazenda. "Imaginava-se que ele pudesse entrar com bala na agulha para mudar as coisas, mas a gente está vendo que ele já se enquadrou", afirma.
Segundo Battistel, "já passou" o período de incertezas trazido pela nomeação de Mantega e, ontem, a cotação do dólar foi mais influenciada pelas movimentações do mercado internacional do que pelo cenário interno. A moeda caiu 1,15% e fechou a R$ 2,14.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC e chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio, a maior tranqüilidade do mercado em relação a Mantega reflete a certeza cada vez maior que os investidores têm de que as políticas cambial, fiscal e monetária não devem se alterar. "Está claro que a política econômica não é dele [Mantega], é do presidente da República."
Para Freitas, não se espera que a economia brasileira passe por grandes turbulências neste ano, e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) pode ficar entre 3,5% e 4% em 2006 -em 2005, a expansão foi de 2,3%.
Um dos fatores que devem favorecer o maior crescimento neste ano é a queda dos juros. Pela pesquisa de mercado feita pelo BC, a expectativa é que a taxa Selic caia mais 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), marcada para os próximos dias 18 e 19.
A previsão dos analistas ouvidos pelo BC é que os juros cairiam para 14,13% ao ano até dezembro, o que seria a taxa mais baixa já registrada no país desde a implantação do sistema de metas de inflação, em 1999.


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