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ANTI-BID
Manifestantes enfrentam PM, e prédio da Cemig sofre depredação
Protestos deixam 21 feridos em BH
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Dois protestos de rua contra a
reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aberta ontem em Belo Horizonte, acabaram em confrontos
com a Polícia Militar e quebra-quebra promovido pelos manifestantes na sede da Cemig, a estatal de energia elétrica do governo de Minas. Dez pessoas foram presas e ao menos 21 ficaram feridas, entre manifestantes, policiais e dois seguranças
da empresa.
Entre 200 e 250 manifestantes
(estimativa da PM) de vários
movimentos sociais, principalmente da Via Campesina -da
qual faz parte o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)- e do MAB
(Movimento dos Atingidos por
Barragens), destruíram a recepção do prédio da Cemig. Quebraram portas de vidro, cadeiras, computadores, uma maquete e alguns objetos de arte
em exposição no hall.
Os manifestantes preservaram apenas um espaço em que
telas de um artista plástico estão
expostas. Entre elas, dez pinturas com a imagem da secretária
de Estado dos Estados Unidos,
Condoleezza Rice.
A Cemig informou que os prejuízos com a destruição ainda
não foram contabilizados.
Quase no mesmo instante, na
praça Sete, no centro da cidade,
ocorria outro confronto entre
PMs e cerca de cem manifestantes da Liga Operária e do Sindicato dos Trabalhadores no
Transporte Rodoviário. Três foram presos.
As versões para a destruição
na Cemig são conflitantes. O
major José Geraldo Rodrigues
disse que os manifestantes atacaram deliberadamente o prédio, enquanto a PM agiu para
contê-los.
Já os movimentos sociais afirmam que foram agredidos pela
PM e, encurralados, buscaram
proteção no prédio. A marcha ia
em direção ao centro da cidade,
e estava programada uma parada na Cemig para protesto contra o preço da energia. Lá chegando, foram agredidos, segundo Joceli Andrioli, do MAB.
Os manifestantes contabilizaram 17 feridos. A polícia informou que foram feridos sete PMs
e cinco manifestantes. A rede
Samu de emergência informou
ter atendido 12 manifestantes.
Tortura
Uma comissão de deputados
identificou sete presos no confronto da Cemig, dos quais um
adolescente, todos ligados à Via
Campesina. O deputado estadual Rogério Correia (PT) disse
que os presos estavam "muito
machucados" e que eles denunciaram terem sido torturados
por PMs dentro da delegacia.
O tenente-coronel Alexandre
Salles, assessor de Comunicação
da PM, não respondeu ao contato da reportagem para responder sobre essa afirmação.
O arcebispo de Mariana
(MG), dom Luciano Mendes, foi
até a concentração dos manifestantes do 1º Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros para
tentar acalmar os ânimos. Ele
reafirmou seu apoio às manifestações, mas condenou a perda
de controle.
"O que aconteceu aqui foi
uma falta de controle. As pessoas queriam entregar um manifesto e foram impedidas. Ao
serem impedidas, foram machucadas, e é claro que isso
criou desordem inevitável e lamentável." Segundo ele, é "difícil dizer" de quem partiu a falta
de controle.
O bispo dom Mauro Morelli,
um dos idealizadores do Consea
(Conselho Nacional de Segurança Alimentar), também condenou o confronto. "A democracia não se faz com violência,
se faz com participação, muito
diálogo. Mas ainda assim há
muitos teimosos. E o governante, mais do que ninguém, é pago
para ouvir o povo", disse.
O governador Aécio Neves
(PSDB) disse que a manifestação é "legítima", mas que "perde força quando há violência".
Ele disse esperar relatório para
saber se houve excessos da Polícia Militar.
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