São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para ministra, Argentina crescerá ao ritmo de 7% nos próximos anos

DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Os investimentos na Argentina atingiram nível maior do que nos anos 90, mas o país não deverá continuar crescendo na velocidade de cruzeiro atual, de 9% anuais, disse ontem Felisa Miceli, ministra da Economia do país vizinho. O objetivo, diz ela, é não deixar o crescimento ser muito menor do que 7%. Ela descarta a possibilidade de o país abandonar medidas econômicas criticadas pela banca internacional e faz uma defesa vigorosa da política econômica argentina.
"Sabemos que muitas das medidas que aplicamos não gozam de apoio da comunidade financeira", disse, para completar afirmando que o governo reivindica "o direito de poder caminhar com nossas próprias pernas, não com receitas preconcebidas."
Miceli enumerou, em pronunciamento na reunião do BID, os indicadores positivos da economia argentina. Lembrou que a taxa média de crescimento dos últimos três anos foi de 9%, que o superávit primário é de mais de 4% do PIB, que o país não tem mais déficits nas contas externas e que paga só 2% do PIB em juros após a renegociação da dívida.
Após mencionar a queda da pobreza e os ganhos de renda, Miceli defendeu a política econômica. "Estamos fazendo uma administração racional e séria da política macroeconômica. No último trimestre de 2005, o investimento alcançou níveis que superaram os dos anos 90, de 25% do PIB."
Depois de admitir que não é provável que a Argentina continue crescendo às taxas dos últimos anos, de 9%, em média, ela disse que o governo se esforçará para adotar medidas para que ela não se distancie muito dos 7%.

Manutenção
A ministra disse ainda que o governo argentino manterá sua política, inclusive as mais criticadas por analistas do setor privado e empresários: o controle da inflação. O governo adotou uma série de medidas heterodoxas, como acordo com empresários, proibição de exportações e controles, ainda que indiretos, de preços.
Na avaliação de Miceli, a inflação argentina tem diversas causas e, por conta disso, deveria ser combatida de diversas formas. Parte da alta, diz ela, ocorre naturalmente porque, desde a desvalorização da moeda argentina no final de 2001, os preços não se ajustaram ao impacto cambial. "Estudos mostram que o reajuste de preços aqui foi de 25% do que geralmente ocorre em outros países emergentes com desvalorização do câmbio", argumentou.
O governo, disse ela, também está atento para a possibilidade de que o aquecimento da economia gere pressões, criando inflação de demanda -quando a produção não consegue acompanhar o consumo, e os preços sobem. "Temos uma política monetária cautelosa, mas sem afogar o crescimento."
Para provável desapontamento dos investidores que preferiram não entrar no processo de troca da dívida argentina, que incluía descontos de até 75% no valor dos títulos e que foi concluída em 2005, ela reafirmou que o governo não admite reabrir a negociação. "Nosso maior compromisso é pagar aos credores que aceitaram a proposta, que acreditaram na proposta argentina." (MB)


Texto Anterior: Governo assume campo de petróleo na Venezuela
Próximo Texto: Anti-BID: Protestos deixam 21 feridos em BH
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.