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Para ministra, Argentina crescerá ao ritmo de 7% nos próximos anos
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Os investimentos na Argentina
atingiram nível maior do que nos
anos 90, mas o país não deverá
continuar crescendo na velocidade de cruzeiro atual, de 9%
anuais, disse ontem Felisa Miceli,
ministra da Economia do país vizinho. O objetivo, diz ela, é não
deixar o crescimento ser muito
menor do que 7%. Ela descarta a
possibilidade de o país abandonar
medidas econômicas criticadas
pela banca internacional e faz
uma defesa vigorosa da política
econômica argentina.
"Sabemos que muitas das medidas que aplicamos não gozam de
apoio da comunidade financeira", disse, para completar afirmando que o governo reivindica
"o direito de poder caminhar com
nossas próprias pernas, não com
receitas preconcebidas."
Miceli enumerou, em pronunciamento na reunião do BID, os
indicadores positivos da economia argentina. Lembrou que a taxa média de crescimento dos últimos três anos foi de 9%, que o superávit primário é de mais de 4%
do PIB, que o país não tem mais
déficits nas contas externas e que
paga só 2% do PIB em juros após
a renegociação da dívida.
Após mencionar a queda da pobreza e os ganhos de renda, Miceli
defendeu a política econômica.
"Estamos fazendo uma administração racional e séria da política
macroeconômica. No último trimestre de 2005, o investimento alcançou níveis que superaram os
dos anos 90, de 25% do PIB."
Depois de admitir que não é
provável que a Argentina continue crescendo às taxas dos últimos anos, de 9%, em média, ela
disse que o governo se esforçará
para adotar medidas para que ela
não se distancie muito dos 7%.
Manutenção
A ministra disse ainda que o governo argentino manterá sua política, inclusive as mais criticadas
por analistas do setor privado e
empresários: o controle da inflação. O governo adotou uma série
de medidas heterodoxas, como
acordo com empresários, proibição de exportações e controles,
ainda que indiretos, de preços.
Na avaliação de Miceli, a inflação argentina tem diversas causas
e, por conta disso, deveria ser
combatida de diversas formas.
Parte da alta, diz ela, ocorre naturalmente porque, desde a desvalorização da moeda argentina no
final de 2001, os preços não se
ajustaram ao impacto cambial.
"Estudos mostram que o reajuste
de preços aqui foi de 25% do que
geralmente ocorre em outros países emergentes com desvalorização do câmbio", argumentou.
O governo, disse ela, também
está atento para a possibilidade de
que o aquecimento da economia
gere pressões, criando inflação de
demanda -quando a produção
não consegue acompanhar o consumo, e os preços sobem. "Temos
uma política monetária cautelosa,
mas sem afogar o crescimento."
Para provável desapontamento
dos investidores que preferiram
não entrar no processo de troca
da dívida argentina, que incluía
descontos de até 75% no valor dos
títulos e que foi concluída em
2005, ela reafirmou que o governo
não admite reabrir a negociação.
"Nosso maior compromisso é pagar aos credores que aceitaram a
proposta, que acreditaram na
proposta argentina."
(MB)
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