São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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NEGÓCIOS

Investidor brasileiro ignora crise política e amplia fatia em transações

Empresa nacional lidera aquisições

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo dos grandes negócios passou ao largo da crise política que se acentuou em março e culminou com a queda do ministro da Fazenda. O número de fusões e aquisições de empresas cresceu 21% no mês passado em relação a março de 2005, totalizando 34 transações. No trimestre, porém, houve queda: de 92 negócios, em 2005, para 87 nos primeiros três meses deste ano, segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers.
Raul Beer, sócio da consultoria, diz que o período analisado é curto para definir uma tendência, mas sua projeção é de um crescimento de pelo menos 10% no volume total de fusões e aquisições neste ano. "Os investidores estão sem medo de investir, apesar da crise política, do real valorizado e do ano eleitoral", diz ele. Prova disso é que o número de transações assessoradas pela Pricewaterhouse, entre junho do ano passado e fevereiro deste ano, aumentou 40%, informa.
Segundo Beer, "chama a atenção o fato de que as transações superiores a US$ 100 milhões cresceram no primeiro trimestre do ano". Foram realizadas nove operações que somaram US$ 2,6 bilhões em comparação com as três realizadas em igual período do ano passado, movimentando US$ 660 milhões.
No período, quem mais foi às compras foram as empresas brasileiras: as transações lideradas por elas aumentaram 28% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Com isso, a participação dos investidores nacionais nas fusões e nas aquisições de empresas no país saltou de 44%, no primeiro trimestre de 2005, para 55% neste ano.
Segundo a consultoria, os investidores locais passaram a ganhar espaço nesse mercado porque estão mais capitalizados e a valorização do real torna os ativos brasileiros mais caros para os estrangeiros. A valorização do real, segundo Beer, preocupa os estrangeiros, "mas só será empecilho às transações se o investidor tiver a perspectiva de que a moeda local irá se desvalorizar. Ninguém trabalha com tal cenário, a preocupação é evitar que o real se valorize ainda mais".
No primeiro trimestre, empresas brasileiras adquiriram ativos de estrangeiros, aqui e lá fora. Foi o caso da Light, controlada pela francesa EDF, comprada pelo consórcio Rio Minas Energia, liderado pela Andrade Gutierrez e a Cemig, e da aquisição das operações brasileiras da American Express, pelo Bradesco. No exterior, a Votorantim Metais comprou 25% da Compañía Minera Milpo, do Peru.


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