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Gasto com investimentos cresce 28%
Investimento com recursos orçamentários somou R$ 2,7 bi de janeiro a março, ou 0,46% do PIB, segundo pesquisa
Resultado é recorde para o governo Lula mas ainda
fica aquém dos objetivos estipulados pelo PAC e do registrado no governo FHC
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de elevados pelo pacote oficial de estímulo ao crescimento econômico, os investimentos federais fecharam o
primeiro trimestre ainda em
patamares inferiores aos registrados no governo Fernando
Henrique Cardoso.
Segundo levantamento da
ONG Contas Abertas, os investimentos com recursos orçamentários somaram R$ 2,667
bilhões de janeiro a março, ou
0,46% do PIB (Produto Interno
Bruto) estimado do período.
É um recorde para o governo
Luiz Inácio Lula da Silva, mas
não é suficiente para superar os
níveis de investimento do início desta década.
Os investimentos -obras,
aquisições de equipamentos e
outras despesas destinadas a
ampliar a capacidade produtiva
da economia- vêm perdendo
espaço no Orçamento da União
desde a redemocratização do
país, em razão da ampliação
dos programas sociais e dos
gastos com o pagamento dos juros da dívida pública.
PAC
Lançado em janeiro, o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) tem como eixo
principal a ampliação dos investimentos, que deveriam superar neste ano a casa de 1% do
PIB, acima do 0,8% registrado
no final da gestão de FHC.
A comparação trimestral, porém, ainda é desfavorável para
Lula. O percentual deste ano é
quase igual ao de 2001 e bem
inferior ao de 2002 -quando o
calendário eleitoral estimulou
a expansão dos gastos no início
do ano (veja quadro ao lado).
Tradicionalmente, esse tipo
de despesa é acelerado ao longo
do ano, chegando ao ápice em
dezembro, quando o governo já
tem segurança sobre o quanto
pode gastar sem comprometer
as suas metas fiscais.
Ainda assim, os dados disponíveis são suficientes para mostrar que será difícil cumprir os
objetivos do PAC.
O programa elevou para cerca de R$ 25 bilhões a projeção
de investimentos neste ano,
64,4% acima dos R$ 15,2 bilhões registrados em 2006. No
primeiro bimestre, a expansão
dos investimentos foi de 35,6%.
No trimestre, caiu para 27,6%,
segundo o Contas Abertas.
Como comparação, no mesmo período de 2006, o volume
de investimentos já havia mais
do que dobrado em relação aos
primeiros três meses de 2005.
E o ano eleitoral de 2006 terminou com crescimento pouco
abaixo de 50% nessa categoria
de gasto público.
Perfil da despesa
Tanto o aumento do ano passado como o aumento esperado
neste ano foram possibilitados
pelo afrouxamento da política
de ajuste fiscal, institucionalizada pelo PAC.
Mas, se o aumento da despesa é visível, a orientação dos investimentos ainda não é clara.
Nem sequer estão definidos as
obras e projetos que terão prioridade e poderão ser abatidos
da meta de superávit primário.
Ontem, o Congresso adiou
pela segunda vez a votação do
projeto que permite a inclusão
dessas despesas no Orçamento.
Transportes
Nos investimentos contabilizados até agora, Transportes lidera entre os ministérios -o
que é coerente com as metas do
PAC de impulsionar a infra-estrutura, mas não é novidade no
ranking dos gastos federais.
Em seguida, vêm Saúde e
Educação, cujas despesas com
hospitais ou universidades, por
mais prioritárias que sejam,
não têm efeito direto e imediato no crescimento econômico.
O Ministério da Defesa aparece em quarto lugar, não em
razão de algum planejamento
estratégico, mas pela crise do
setor aéreo. Proteção ao vôo,
segurança do tráfego aéreo, desenvolvimento da infra-estrutura aeroportuária e reaparelhamento da Força Aérea Brasileira puxaram os gastos.
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