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Slim negocia para controlar Telecom Italia em um ano
Contrato em negociação com Pirelli tem cláusula que garantiria venda do controle
Governo italiano pressiona bancos italianos para que adquiram a operadora; preço das ações continua em alta no mercado
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O contrato que a Pirelli negocia com a mexicana América
Móvil e a americana AT&T para a venda da holding controladora da Telecom Italia, a Olimpia, prevê a venda futura aos
novos sócios das ações que permanecerem com os italianos.
Segundo a Folha apurou
junto a pessoas próximas à negociação, as conversas incluem
uma cláusula específica sobre
esse compromisso, chamada
"put". A intenção é que seja
exercida um ano após a assinatura do negócio.
No último domingo, a América Móvil informou que quer
comprar da Pirelli um terço das
ações da Olimpia e que outro
terço seria adquirido pela
AT&T. A América, do empresário Carlos Slim, controla no
Brasil a Embratel (longa distância) e a Claro (telefonia móvel). Participa ainda do bloco
de controle da Net. A AT&T
não atua no Brasil e tem 8,9%
da América Móvil.
Já a Telecom Italia, quinta
maior operadora da Europa,
controla no Brasil a TIM (móvel) e tem parte na Brasil Telecom (fixa).
Se a venda da Olimpia for
concretizada, daria a Slim um
poder de fogo sem precedentes
no Brasil por causa dos ativos
que já tem no setor de telecomunicações do país.
Queda-de-braço
A situação da Telecom Italia
em Milão é pouco confortável e
bastante diferente dos braços
nacionais, cujos resultados aferidos têm sido bons.
A matriz deve 39,5 bilhões
e é acusada pelo Ministério Público italiano de ter mantido
um esquema de espionagem
que monitorou mais de 2.000
pessoas, inclusive no Brasil.
A Telecom Italia tem sido
bombardeada pela mídia italiana e entrou em embate com o
primeiro-ministro Romano
Prodi, desafeto do maior acionista da operadora, Marco
Tronchetti Provera.
Prodi e sua coalizão de centro-esquerda não querem estrangeiros dominando a maior
tele italiana. Ministros, parlamentares e sindicalistas foram
mobilizados para minar a entrada de Slim ou de qualquer
outro sócio não-italiano na empresa. Mas terão de enfrentar o
lobby norte-americano, que
atua pela AT&T.
A esperança dos italianos é
que um consórcio local, encabeçado pelo banco Intesa San
Paolo, compre a Telecom Italia. Até o começo da noite de
ontem, na havia definição.
Os bancos italianos só concordam em pagar 2,65 por
ação. A Pirelli quer 3. Slim
ofereceu 2,82. Nas Bolsas, as
ações chegam a 2,37.
Tamanha movimentação levantou a suspeita de que Provera esteja manobrando com
Slim para aumentar artificialmente o valor das ações e, dessa feita, arrancar mais dinheiro
dos banqueiros italianos.
Em dezembro, Slim fez oferta de US$ 10 bilhões pela TIM
Brasil e pela TIM argentina.
Agora, com a AT&T, fez um
lance de US$ 7 bilhões por cerca de 12% da Telecom Italia.
Provera é conhecido por sua
agressividade nos negócios. Ele
tenta capitalizar a Telecom Italia desde o ano passado. Na lista de possíveis investidores,
passaram o empresário australiano-americano Rudolph
Murdoch, o fundo Blackstone,
o grupo indiano Hinduja, o russo Sistema e a espanhola Telefónica. Até agora, nenhum negócio foi fechado.
Brasil
Em meio a essa movimentação, os sócios da Telecom Italia
na Brasil Telecom buscam resolver o conflito que envolve a
empresa desde 2001.
No último final de semana,
em Milão, ocorreram conversas sobre uma possível venda
da fatia italiana na Brasil Telecom para os fundos de pensão e
o Citigroup.
O governo brasileiro faria
gosto no negócio. Interlocutores ouvidos pela Folha acreditam que isso facilitaria a criação de um eixo nacional de telecomunicações, a partir de
uma fusão futura entre a Telemar e a Brasil Telecom.
As duas teles brasileiras querem o negócio -afinal, a composição acionária é similar:
fundos de pensão e Citigroup
juntos têm boa parte das duas
empresas.
Os fundos de pensão ofereceram US$ 450 milhões pela fatia
da Telecom Italia na Brasil Telecom. Conforme a Folha apurou com europeus ligados à
operadora, o valor discutido
nos últimos dias está "um pouco abaixo" desse montante.
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