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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Telecom ainda depende de novas regras
GILSON SCHWARTZ
da Equipe de Articulistas
Os Estados Unidos anunciaram
na semana passada uma ofensiva
global em defesa da propriedade
intelectual. Os primeiros alvos denunciados pela representante norte-americana para questões de comércio, Charlene Barshefsky, foram a Dinamarca, a Suécia, a Irlanda e o Equador. A briga na Organização Mundial do Comércio
(OMC) poderá incluir ainda Grécia e Luxemburgo.
Sob a sigla ``Trips'' (``Agreement on Trade Related Intellectual
Property Rights'', ou ``Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual no Comércio'') esconde-se
uma área de fronteira na regulamentação da economia global.
Numa época em que o mais comum é falarem em ``desregulamentação'', nos mercados mais dinâmicos do planeta discute-se a
``re-regulamentação'', ou seja, a
criação de novas regras.
Em áreas como telecomunicações, as regras do jogo, os jogadores e o objetivo das disputas ainda
estão em formação ou reforma.
Um exemplo de injunções políticas no setor de telecomunicações
foi a decisão do governo francês de
adiar por pelo menos um mês a
privatização parcial da France Telecom por causa das eleições.
Os EUA andaram reclamando da
lentidão na desregulamentação do
setor de telecomunicações da Alemanha. É possível também uma
reclamação formal dos EUA contra os alemães na OMC.
Mas nem tudo fica sob as asas da
OMC. Um exemplo é o território
movediço da Internet. Na última
sexta-feira 80 organizações, reunidas sob os auspícios da ``International Telecommunications
Union'' (ITU) e da ``World Intellectual Property Organization''
(WIPO), assinaram ou prometeram assinar um memorando sobre
como os domínios da Internet são
distribuídos e administrados.
Um ``domínio'' é um endereço
que permite localizar cada página
publicada na rede mundial. Foram
aprovados mais sete gTLDs (``generic Top Level Domains''): .firm,
.web, .arts, .rec, .nom e .info, além
dos atuais .com, .org, e .net.
Mas o acordo anunciado na semana passada prevê pelo menos 28
novas empresas autorizadas a registrar endereços. Detalhe: o acordo foi imediatamente bombardeado pelos EUA e pela União Européia. A regulamentação na Internet está apenas começando.
Maracutaias
Os problemas não ocorrem apenas nessa fronteira ainda charmosa em que se transformou a Internet.
O Departamento de Justiça dos
EUA está dirigindo seus canhões
contra o sistema de licitação de telefonia celular gerenciado nos últimos anos pela Federal Communications Commission (FCC), o órgão que regulamenta as telecomunicações nos EUA.
Desde 1995 foram arrecadados
mais de US$ 20 bilhões com leilões
de licenças para ``serviços de comunicação pessoal''. O Departamento de Justiça suspeita de maracutaias.
O mesmo Departamento de Justiça anunciou que não vai colocar
obstáculos à fusão entre a Bell
Atlantic e a Nynex, um negócio de
US$ 22 bilhões que dá origem a um
colosso das telecomunicações.
A fusão, ainda sob exame da
FCC, foi anunciada há um ano. Em
jogo, o lucrativo mercado de Nova
York.
Conclusão: o mundo inteiro está
sujeito ao que o conselheiro para
novas políticas tecnológicas da
FCC, Kevin Werbach, chamou de
``tornado digital''.
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