São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Banco registrou R$ 609 milhões no primeiro trimestre do ano; receitas com serviços cresceram quase 30%

Bradesco tem lucro 20% maior em 2004

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro do Bradesco cresceu 19,9% no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2003, totalizando R$ 609 milhões. Esse valor, anualizado, projeta um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões para 2004, segundo cálculo da consultoria ABM Consulting. No ano passado o lucro do Bradesco foi de R$ 2,3 bilhões.
O resultado do primeiro trimestre foi obtido de várias fontes. Márcio Cypriano, presidente do banco, destacou o peso da redução dos provisionamentos para devedores duvidosos e o aumento das receitas de serviços -que cresceram 29,7%- para a formação do lucro.
As receitas obtidas na gestão de fundos de investimento, por exemplo, quase dobraram no período, saltando de R$ 110 milhões para R$ 207 milhões. Já as receitas com taxas pagas pelos correntistas aumentaram 28,1%, totalizando R$ 314 milhões -resultado da ampliação do número de clientes, segundo José Luiz Acar, vice-presidente do banco.
O perfil das receitas do Bradesco mudou substancialmente no período. "No último trimestre aumentou o peso das receitas obtidas na concessão de crédito e reduziu o das provenientes da carteira de títulos e valores mobiliários", diz Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting.
A carteira de crédito do Bradesco cresceu 10,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado. Mas a demanda ainda ficou abaixo das expectativas, tanto que o banco reduziu sua projeção de crescimento para a área neste ano.
Segundo Cypriano, a carteira de crédito deverá ter uma expansão entre 18% e 20% em 2004. A estimativa anterior era de um crescimento entre 22% e 25%. A revisão ocorreu, segundo Cypriano, devido à menor demanda verificada entre as empresas. "Muitas empresas liquidaram empréstimos tomados junto ao banco usando recursos captados no mercado internacional", diz Cypriano.
A mudança nas projeções para a área de crédito, segundo ele, não deverá afetar o resultado do banco no final do ano. "Estamos contando com a ampliação da base de clientes para aumentar os resultados", afirmou.

Receitas
No primeiro trimestre do ano passado, 43,9% das receitas do Bradesco vinham de operações com títulos e valores mobiliários -ou seja, eram ganhos de tesouraria. Neste ano, essas operações representaram apenas 23,2% da receita total, segundo análise da ABM Consulting.
A rentabilidade da carteira de títulos do banco também despencou no período -de 40,8% no primeiro trimestre de 2003 para 14,1% de janeiro a março deste ano. "Essa diferença deve-se, principalmente, à queda dos juros", diz Pedreira.
Desde que começou o corte dos juros os bancos vêm iniciando uma guinada para a área de crédito, apostando no aumento da demanda por empréstimos. O Bradesco comprou o banco Zogbi no ano passado e fez convênios com diversas redes distribuidoras de veículos para incrementar sua carteira de empréstimos.
Assim, no primeiro trimestre, a maior parte dos ativos do bancos esteve concentrada na carteira de crédito (40,8%), segundo cálculos da ABM. Já as operações com títulos e valores representaram 33% do total de ativos do Bradesco. Apesar de a redução dos juros ter afetado a rentabilidade dessa carteira, o Bradesco ampliou a compra de títulos.
Em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a carteira de títulos e valores cresceu 9,3%. "Esse investimento ainda é muito rentável no Brasil e a economia não está pronta para absorver maior volume de crédito que surgiria em substituição a essas aplicações", observa Pedreira.
Do lado das despesas, houve redução de 8,9% nos custos do banco. A principal causa foi a redução em 30,6% das provisões para devedores duvidosos.


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