São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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Saldo crescente se deve a vendas maiores, diz BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central divulgou ontem um estudo que afirma que o aumento das exportações registrado desde o ano passado não é conseqüência apenas do aumento dos preços de algumas mercadorias no mercado internacional, e sim do crescimento nos embarques de produtos brasileiros.
Em 2003, as exportações cresceram 21,1%, totalizando US$ 73,084 bilhões. O BC, com base em dados da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio), diz que esse aumento de 21,1% pode ser dividido em dois componentes: 4,7 pontos percentuais do crescimento reflete o aumento dos preços e 15,7 foram conseqüência das maiores quantidades de mercadorias embarcadas.
O estudo serve como contraponto às análises que diziam que os resultados recordes alcançados pela balança comercial refletiam, sobretudo, o aumento das cotações de produtos agrícolas. Esses preços, por sua vez, estão sendo pressionados pela maior demanda da China por bens importados. "Não é correto afirmar que o aumento do preço das commodities seja o principal determinante do crescimento recente das exportações brasileiras", diz o texto.
O receio era que, com uma eventual desaceleração da economia chinesa, os preços desses produtos voltassem a cair. Isso poderia colocar em risco o desempenho da balança comercial brasileira. Apesar de terem registrado uma pequena queda no mês passado, as exportações para a China somaram US$ 1,567 bilhão entre janeiro e abril deste ano, valor 30,6% maior que nos primeiros quatro meses de 2003.
Segundo pesquisa do BC entre bancos e empresas de consultoria, a expectativa do mercado é que o superávit comercial chegue a US$ 25 bilhões neste ano.
A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) e o Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial) afirmam que os dados da pesquisa do BC precisam ser relativizados.
Pelos cálculos do Iedi, do aumento de 21,1% nas exportações brasileiras em 2003, 80% se deve a aumento do volume exportado e 20% a melhora de preço (as cotações da soja, responsável por 11,7% das exportações brasileiras,subiram 14,5% em 2003). ""O fenômeno China e a retomada da Argentina para um patamar anterior à crise econômica responderam sozinhas quase metade do aumento do volume exportado. A dúvida não é 2004, mas 2005: a China vai manter esse fôlego? As exportações para a Argentina vão reproduzir o mesmo patamar de aumento do ano passado? Não", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
Uma eventual freada chinesa teria efeitos perversos. Em 2003, a China respondeu por 6,2% das exportações brasileiras, atrás apenas dos EUA e da Argentina. Pelos cálculos da AEB, a queda de um ponto percentual em exportações para a China significaria uma perda de US$ 700 milhões.


Com a Reportagem Local

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